Executando verificação de segurança...
1

E se você nem tivesse chegado tão longe assim?

Reflexões sobre passividade, propósito e desenvolvimento profissional na área de tecnologia a partir dos ensinamentos de Nada Pode Me Ferir, de David Goggins.

Nessa newsleter tentarei fazer uma alusão dos ensinamentos que David Goggins propõe em seu livro “Nada pode me ferir” a minha rotina como engenheiro de software, e como isso pode te ajudar no desenvolvimento como profissional e como pessoa.

Nos últimos dias tenho focado em me conduzir a uma rotina diferente. Uma rotina que não só esteja de acordo com o meu propósito de vida, mas que me deixe mais ativo do que como vítima da vida rotineira.

Se isso ainda parece vago, deixa eu explicar.

Ultimamente, tenho passado por situações na minha vida que me fizeram refletir o quanto eu era uma pessoa passiva, que regula meus anseios e desejos próprios para atender circunstâncias ou desejos alheios.

Mas o mais preocupante era que eu fazia isso sem perceber.

Imagine o seguinte: quando alguém te pede uma tarefa — seja no trabalho, em casa ou em qualquer outro ambiente — uma narrativa é criada. E dentro dessa narrativa, há papéis implícitos. Um ativa, outro passiva. Um conduz, o outro obedece.

E dentro dessa narrativa construída nesse contexto, você é a vítima (a pessoa passiva que aceita a solicitação da outra), enquanto a outra, é a ativa dessa narrativa. Eu sei, pode parecer loucura, mas isso acontece na maior parte das vezes instintivamente.

Mas até aí tudo bem, não existe problema nessa dinâmica desde que você corresponda a solicitação da outra pessoa e esteja de acordo. O problema é quando isso torna uma personalidade sua, e você instaura isso diariamente na sua rotina. Não porque você é vítima, mas por que você se sujeitou às intenções e propósitos de outras pessoas, e quando isso não é feito de maneira intencional por você mesmo, faz com que você não evolua com todo potencial que almeja, estando sujeito as escolhas dos outros e as circunstâncias da vida.

E por incrível que possa parecer, o livro “Nada pode me ferir” apareceu no momento que estava refletindo sobre isso, ou melhor, comecei a ler ele quando estava refletindo constantemente sobre a construção da minha narrativa de vida e se meu comportamento estava alinhado ao meu propósito profissional e pessoal.

Sobre o livro

Como apresentado no livro, David Goggins, desde seu nascimento esteve inserido em um contexto e uma narrativa que te posicionava como uma vítima. Subordinado ao pai (que violentava ele, seu irmão e sua mãe). Subordinado as suas notas baixas. Vítima de racismo pela sociedade. Quase sempre David Goggins se questionava sobre isso, e, regularmente, ele mesmo se posicionava como vítima, como se não pudesse mudar sua realidade e o contexto que estava inserido - aqui posso dizer que não necessariamente era culpa dele, sua mãe também se posicionava tal como, e isso visivelmente refletia nele, e eles precisavam de alguma coisa que despertasse essa mudança de comportamento dentro dele, da sua mãe e de seu irmão.

Até que após uma série de violências e controles realizados por seu pai, Trunnis Goggins, Jackie Goggins, mãe de David, teve um gatilho de sair às pressas de casa. Isso representava uma mudança repentina de como eles agiam sobre as suas narrativas e posicionava eles como pessoas ativas perante suas narrativas. Esse é um exemplo claro, e extremo, do que eu estava refletindo sobre minha vida. Mas não para por aí.

David Goggins, após se desprender de seu pai junto ao seu irmão e sua mãe, relata e descreve uma longa jornada desde seu tempo de escola até se tornar o único homem a completar o treinamento de elite como Navy Seal, Army Ranger e TACP. E o que é interessante é que ao longo dessa jornada - ainda que não explicitamente como aqui - se questionou sobre sua posição vitimista, e isso lhe deu ânimo para se superar e mudar sua realidade.

Nesse momento, David Goggins parou de aceitar a realidade que lhe era circunstanciado, e se manteve engajado com as intenções que ele queria para sua vida. Pode parecer um livro de desenvolvimento pessoal, motivacional, ou qualquer outro parecido, mas eu vejo, como um livro que busca mostrar de maneira profunda como você pode escolher ser uma pessoa ativa do que vítima.

Quando apresentado no livro a “Semana Infernal”, uma semana a qual os participantes inscritos para se tornar um Navy Seal passa por uma série de treinamentos pesados, restrição alimentar e vivem o desconforto extremo, Goggins, não se manteve vítima do contexto, ele sabia que o feito por passar pela “Semana Infernal” era um feito admirável, mas ele queria ir além, não porque ele era louco ou qualquer coisa do tipo, mas sim, por que ele estava comprometido com sua intenção de vida e seu propósito.

Viver com o desconforto e superar esse desconforto a cada dia que passava era sua intenção, e a cada vez que alguém aumentava a régua para ele, ele se sentia na necessidade de se posicionar e não se vitimizar e conquistar apenas a régua que foi proposta, ele sempre ia além. Isso aconteceu na Semana Infernal, na preparação para Army Ranger, a realização da ultramaratona da Badwater, entre outros acontecimentos.

E o que isso tudo tem a ver com tecnologia e desenvolvimento profissional?

O que vou dizer agora, acredito eu, pode ser instaurado em qualquer área profissional, independentemente de quais sejam, mas colocarei à prova, área da qual tenho domínio, tecnologia.

Apesar de atuar como engenheiro de software e já ter um certo posicionamento de mercado, é muito claro, como regularmente, você se depara com situações em que será colocado como vítima na maior parte dos contextos.

Pessoas tomarão decisões a sua volta ou você mesmo tomará inconscientemente, de forma a te posicionar como vítima e passiva dentro de um contexto, e que te afastará do seu propósito profissional e pessoal.

Para entenderem melhor, contextualizarei uma coisa que vivi recentemente na faculdade:

Como de costume e em qualquer faculdade, é realizada uma prova para atestar sua capacidade e domínio sobre um assunto. E esse atestado é representado como nota.

Obviamente, pessoas que tiram notas mais altas como um oito, nove e até dez, tem tendência, por natureza do ser humano, a se confortar e aceitar que você tem, de fato, domínio e capacidade para exercer um conhecimento estudado.

Nesse cenário, você é passivo da nota que te propuseram, você não reavalia a si mesmo, seu contexto, e sua intenção com aquele aprendizado, você só avalia apenas o atestado de nota que te deram. E, geralmente, essa nota, nunca avalia o contexto que você está inserido, sua narrativa a ser construída, e o que você precisaria evoluir em alinhamento com seu propósito.

E eu acabo indo além, me questionei sobre o conteúdo cobrado na prova. Apesar de ter tirado uma nota alta, o conteúdo cobrava apenas o “operacional” do conceito, como calcular, definição, etc.

Sendo que para quem tem uma certa experiência de mercado, principalmente em tecnologia, sabe que as coisas vão muito além disso.

Quando envolve um conhecimento técnico, envolve, também, estratégia para aplicação dele perante um problema, envolve estratégia de adequação do conhecimento perante o contexto que está inserido (nem sempre o modelo ideal é suficiente para resolver um problema de negócio usando tecnologia), envolve estratégia para propagação do conhecimento do mesmo (diferentes senioridades concorrem em um mesmo time, nem todo mundo pode ter o conhecimento técnico que você decide ou deseja aplicar para resolver um problema) e além disso, envolve a capacidade de comparar esse conhecimento com outros.

E quando me questionei sobre tudo isso, percebi que o quanto eu tinha aprendido ainda era pouco. E tenho certeza que pessoas que estão presentes no mercado efetivamente, assim como eu, já amadureceram e possuem domínio muito maior sobre esse conhecimento.

Considerando tudo isso que foi apresentado, será que você está indo realmente longe ou não observa que pode correr um caminho maior?

Muitas vezes, deixamos a ignorância e a passividade tomar conta da gente, enquanto temos um desejo e um propósito a ser conquistado. E por incrível que pareça, Goggins, além de ter ido além, ele decidiu se testar dia a dia.

Portanto, nessa newsletter, eu concluo: Será que você foi tão longe quanto acreditava ou na verdade você só se contentou com o conforto?

Se esse texto te provocou, compartilhe com alguém que também pode estar vivendo no piloto automático.

Me acompanhe no Instagram, TikTok ou no Youtube como @01daengenharia — por lá, compartilho reflexões, aprendizados de tecnologia e estratégias de crescimento.

Carregando publicação patrocinada...
2

Essa provocação me lembrou de um trecho de vídeo das várias "pedradas" que o Fábio Akita fala durante os vídeos de RANT dele. Especificamente: "se entre seus 20 e 30 anos você não mudou muito, e não errou muito, com certeza você perdeu potencial de ser algo maior do que você é hoje". Vivemos no Brasil, estar desconfortável é o comum pra maioria da população, e em qualquer deslumbre de conforto, é feito um esforço para manter esse estado, é compreensível, afinal. No entanto isso também poda potencial, tira a possibilidade de crescimento, é quase uma "regra universal", melhora próxima ao caos, a desordem. Existe um livro que aborda bem esse conceito: "Antifrágil - Nassim Nicholas Taleb", no qual o autor defende que os sistemas que se tornam antifrageis, são aqueles expostos ao caos, e melhoram mediante a ele, se reconstroem, se tornam mais potentes, e isso é diferente de ser resiliente. Na minha experiência pessoal, como um jovem adulto desse geração Z, preciso me lembrar constantemente da minha posição, não tive uma vida fácil, em um período de tempo, eu basicamente só vivi os últimos 10 anos realmente consciente da minha realidade, e mesmo numa situação desfavorável, se tornar confortável ao meio do desconforto é fácil quando exposto aquilo por muito tempo. Somos responsáveis pelo nosso futuro, e não existe ação positiva de passividade ou conformidade em matéria de crescer pessoalmente, por mais que seja difícil em uma realidade como a nossa, ainda somos responsáveis pelos 80%. Ótimo post!