🚨Vibe Coding Não Vai Te Tornar Sênior!
Às vezes, me pego refletindo sobre as transformações que acontecem no mundo do desenvolvimento de software. De uns tempos para cá, surgiu um termo que tenho visto bastante em fóruns, YouTube e até mesmo no LinkedIn: o tal do "vibe coding". A expressão fala sobre "entrar na vibe" e praticamente esquecer que existe código por trás de tudo. A ideia é usar inteligência artificial para gerar código a partir de descrições em linguagem natural, como se bastasse dizer "quero um cadastro de usuários" para ter tudo pronto magicamente.
Incrível, né? Quem nunca sonhou em agilizar o desenvolvimento, economizar esforço e pular direto para a parte "final" do projeto? Nos primeiros prompts e rascunhos, parece até uma espécie de mágica: você descreve o que quer e a IA cospe um bloco de código que… funciona! Ou deveria funcionar. Mas foi só no momento de lidar com questões mais complexas que "seu" código vai virando uma bagunça, por melhor que a IA seja. Fora que não dá para evoluir como desenvolvedor ignorando a compreensão real do que está acontecendo lá embaixo, nos bastidores da aplicação.
A grande promessa é acelerar o desenvolvimento e reduzir a barreira de entrada. Muita gente que está começando curte essa abordagem porque é um jeito rápido de ver resultados na tela. Ao simplesmente aceitar o código gerado sem entender a lógica, a sintaxe e as boas práticas envolvidas, podemos ficar reféns de uma espécie de "caixa preta". Quando surge um bug ou quando precisamos escalar o sistema, a magia se desfaz e a gente percebe que não dá para pular as etapas essenciais de aprendizado.
A ilusão da "velocidade" sem profundidade
É verdade que o vibe coding possibilita criar MVPs ou pequenos scripts bem rápido. Mas esse ganho aparente de velocidade pode se tornar um obstáculo quando nos deparamos com projetos complexos que exigem decisões de arquitetura, padrões de projeto, testes robustos ou refatoração. Nesses casos, não dá pra cortar caminho: precisamos conhecer a linguagem, entender os algoritmos, as estruturas de dados e tudo que envolve aquele projeto.
Você quer crescer na carreira de dev? Quer se desenvolver como programador? Sinto muito, mas "vibe coding" não vai te levar para o nível sênior. Para crescer na carreira de desenvolvimento, não basta saber "fazer funcionar"; é preciso entender por que aquilo funciona e como pode ser otimizado, mantido e escalado. Você vai lidar com situações que exigem pensar na arquitetura do sistema, na segurança, na performance, nas integrações e em tantos outros detalhes que vão aparecendo enquanto o software cresce.
Um desenvolvedor sênior tem a missão de desenhar soluções, identificar pontos fracos, liderar equipes e ensinar profissionais mais novos. Tudo isso pede uma bagagem sólida, uma visão mais ampla do projeto como um todo e um domínio profundo das tecnologias envolvidas. Se estamos acostumados a só dar "comandos" para a IA, sem mergulhar na lógica e nos fundamentos, nada disso vai acontecer.
Por isso, acredite: se o seu objetivo é evoluir na carreira, não negligencie as bases sólidas, o famoso sentar a bunda na cadeira até entender o que está acontecendo ali atrás do seu VSCode. É nessa consistência que nasce a verdadeira maturidade técnica.
Sendo assim, aproveite as vantagens da IA, mas use do jeito certo. Não esqueça de tirar um tempo (vai precisar de muito tempo...) para estudar os fundamentos. É nesse equilíbrio que a mágica verdadeira acontece: quando você domina a ferramenta, em vez de ser dominado por ela.