O problema não é o algoritmo — é a gente que só clica no mais chamativo
O estado com mais registros de roubo no Brasil é o Pernambuco, oque tem mais homicídio é o Amapá e Bahia. Confesso que isso me surpreendeu. Achei que veria o Rio de Janeiro ou São Paulo no topo da lista. E, pra minha surpresa, o Rio nem aparece entre os primeiros.
Sempre vi o Rio em destaque nas reportagens, como se fosse o lugar mais violento do país. Já o Amapá e a Bahia quase nunca são pauta. Isso me fez pensar: será que a mídia mostra o que realmente importa, ou só o que chama mais atenção?
Essa lógica se repete no conteúdo de tecnologia. YouTube, LinkedIn, Instagram... tá cheio de post e vídeo com títulos chamativos, mas pouca profundidade. E vamos falar o óbvio que muita gente finge que não vê: isso acontece porque dá dinheiro.
Conteúdos bons, mais densos, que exigem raciocínio ou aprendizado, não geram tanto clique quanto um vídeo com “as 5 profissões do futuro” ou “essa IA vai acabar com tudo”. Vídeo técnico de verdade exige esforço pra entender e, muitas vezes, não viraliza. Então a galera evita.
E tem outro ponto: os criadores precisam postar com frequência. Toda semana, às vezes todo dia. Pra manter o alcance, o algoritmo, o engajamento... Mesmo que o conteúdo acabe raso ou repetitivo, vale mais soltar algo que tá “na onda” do que tentar ensinar algo que poucas pessoas vão clicar.
No fim, muitos acabam falando o que todo mundo já tá falando. Não porque é o melhor, mas porque é o que gira a máquina.
Isso não torna o conteúdo inútil, nem quem cria culpado. Mas a gente, como público, precisa sacar esse jogo. Nem tudo que aparece é o mais importante — muitas vezes, é só o mais rentável.
E talvez esteja aí o ponto: consumir com consciência, filtrar melhor, e não cair em tudo que brilha. Porque o que realmente faz diferença nem sempre tá no topo das recomendações.