Atualização do Novo projeto
#Por um desenvolvedor que decidiu encarar o desafio
Há um certo fascínio — e um não menos considerável terror — em mergulhar pela primeira vez no código de um projeto real. Aceitei a tarefa com entusiasmo: um projeto ambicioso, mas que, pelas descrições, parecia perfeitamente executável. Um amigo me indicou, garantiu que “muita coisa já estava pronta” e que eu daria conta com tranquilidade. Confiante, mergulhei de cabeça.
E então me deparei com o Lovable.
Quem já trabalhou com essa ferramenta sabe que ela pode ser tanto uma bênção quanto um pesadelo. Na superfície, promete agilidade. Na prática, quando mal utilizada, gera um emaranhado de dependências, automatismos obscuros e uma arquitetura que mais parece um labirinto sem mapa. O código estava fragmentado, as lógicas embaralhadas e a documentação era uma paisagem vazia. Nada fazia sentido — pelo menos não da forma como um desenvolvedor que preza por clareza e manutenibilidade gostaria.
Foi quando veio aquele momento de clareza crua, quase brutal:
Eu não vou consertar isso. Vou recomeçar.
A decisão não foi fácil. Há sempre aquele frio na espinha, a voz sussurrando: “E se você não der conta? E se faltar tempo? E se o projeto ficar pela metade?”. O medo é um companheiro antigo de quem cria, mas também é um mentiroso. Ele superestima o caos e subestima a nossa capacidade de organizá-lo.
Então respirei fundo e aceitei a realidade: sometimes, starting over isn’t failure — it’s clarity.
Agora estou aqui, diante de uma tela em branco. O projeto vai ser refeito, camada por camada, com uma arquitetura pensada, um código limpo, documentação inteligível e uma base que não dependa de atalhos obscuros. Vou construir do zero, e sim, vai levar tempo. Talvez mais do que o esperado. Mas no final, vou conhecer cada linha, cada função, cada decisão — e isso fará toda a diferença.
Para quem está na mesma situação, seja por opção ou por necessidade, deixo aqui o lembrete:
Você não está desfazendo algo. Você está construindo com consciência.
O medo vai tentar te acompanhar. Mas a cada commit, a cada componente finalizado, a cada endpoint testado, ele vai perdendo força. Até que um dia você olha para trás e não vê mais o monstro — vê apenas a estrada que percorreu.
E aí sim, você entende: recomeçar não é sobre recuar. É sobre avançar com mais conhecimento.
Você consegue.
E eu também.
