Minha proposta para estudantes de livros · Guiflayrom

A chama de tudo

Eu costumo dizer que o mais difícil não é programar, mas sim, ter a ideia e saber o que se quer fazer. Eu falava muito isso pois sempre fui um programador solo, seja em freelancers e em empresas, eu mesmo fazia a entrevista com os stakeholders (muitas das vezes caçava até algumas sarnas para me coçar), projetava a solução e fazia o restante do delivery de forma completa, EU ENTREGAVA O RESULTADO, não focava muito na questão técnica da coisa, e já faturei R$15.000,00 em um mês.

Porém, hoje, trabalhando com uma equipe em um projeto que fatura +- 1.5 milhões de reais por dia (e por cima ganhando menos do que ganhava antes), pude notar de fato, na vastidão de ferramentas (muita delas embutidas em frameworks ou no próprio python) que os devs do meu time utilizam... E cara... eu sou perfeccionista...

Existe ali MUITA qualidade, e é nítido a evidência disso com a parte legada do sistema - e é admirável a facilidade de pensamentos rápido dos programadores REALMENTE seniors para soluções complexas, e quando eu digo soluções, me refiro a previsibilidade de uso de funções ou classes, de ferramentas ou funcionalidades. O talento que eles tem para explicar mecanismos da linguagem e a suavidade das palavras, além dos cara ter a saúde em dia, tipo, porra, o cara ainda por cima consegue priorizar a saúde, não é o "gordola do lol", mas o cara que acampa nos fins de semana.

Tudo isso me faz perceber que eu tenho muito para melhorar.

E durante um tempo ponderando a respeito, percebi que se eu quero desenvolver a qualidade da entrega (não que a minha entrega seja uma bosta), é necessário estar afiado com o conhecimento lógico da linguagem de programação em si. Acho que, depois de anos, estou voltando a focar no código em si e não no quanto vou ganhar no fim do mês. Eu nem acredito que depois de um burnout eu consegui me apaixonar por código novamente.

E sim, mesmo depois de ter passado na vaga para ganhar cerca de R$12.000,00 como desenvolvedor senior, eu fiz questão de pedir para eles me passarem como pleno, ganhar menos, e pedi para colocarem uma pessoa mais foda que eu no time... E entrou um ex engenheiro do Picpay, pqp.

Você pode dizer que eu estou me auto-sabotando, e, se eu tivesse focado na grana ou em qualquer merda assim, de fato estaria, mas o que importa é a minha intenção por trás, eu estou SEDENTO por aprender, e NÃO com MEDO de entregar e ser demitido, afinal, tenho minha reserva de emergência aqui, e poxa, não tenho filhos, tenho 20 anos, a hora para aprender é agora!!

Além disso, me reascendeu um sentimento: "Poxa, 5 anos na merda do mercado e tu ta ainda como pleno, não é possível que eu não vou focar nessa oportunidade". Esse sentimento era algo próximo do que eu tinha no começo da minha carreira: "Haha, duvido que eu vou aprender a programar com esse curso de 22 reais da Udemy". Isso tudo, hoje, me consome por dentro, a vontade de ser melhor.

As vezes eu nem creio, meu foco antes era ganhar dinheiro, mas, eu acho que todos os programadores no fundo deveriam ter esta chama de ser um especialista, deveria ser algo comum para todos, mas muitas das vezes somos apenas meros pedreiros ou ajudantes de obra no mundo da TI, sem a ambição de estudar REALMENTE mais, afim de não sermos medíocres, mas para que possamos se tornar ESPECIALISTAS.

Uma das melhores formas ao meu ver para melhorar a qualidade de um código é estudar um código novo ao ser contratado dentro de um time, pois terá a pressão de ter que entregar e parecer ser um bom funcionário, além de ser bonificado com isso.

Apesar de haver ressalvas, como por exemplo, um código mal feito que precisa ser refatorado, você estará familiarizado com bibliotecas novas e terá de se adequar aos padrões de projeto. E o maior benefício disso é a compreensão de que: "Oras, então existe ferramentas com suas devidas lógicas para atacar esse tipo de problema, uau!"

Mas claro, existe outras formas também de estudar código, como contribuir para a comunidade open-source, desenvolver projetos pessoais com, ou sem (ou os dois) o ChatGPT ou fazer exercícios de livros acompanhados de validação de raciocínio.

Lembro que quando o ChatGPT lançou, bemm no começo da minha carreira, eu gostava MUITO de simplificar meus códigos (Em projetos pessoais!!), reduzindo eles a uma única linha (ignorando clean code), fazendo as vezes, um prompt do tipo: "Faça com que esse código rode somente em uma linha, deixe-o complexo".

O resultado disso na maioria das vezes eram respostas com a utilização de métodos built-in que fugiam do meu imaginário!! Com importações de bibliotecas onde eu sequer nunca tinha visto antes e lógicas não convencionais mas que eram realmente interessantes!!

Assim como o sistema de dopamina de videos curtos, que funciona a base de "O que raios será o próximo vídeo?" Eu ficava me perguntando "O que raios eu ainda não sei de Python?".

Mas afinal GDA, o que tu vai fazer?

Eu sei que existe picos de motivação na vida, e por mais que soe que eu esteja em um, sei que eu já defini que quero ser um especialista Python, e já tenho um prazo para essa meta, e isso funcionará através de consistência e não de motivação, não vai ser fácil.

O que eu irei fazer será uma busca ativa por projetos open source na comunidade que eu possa contribuir, e, comprei 5 livros que irão auxiliar no meu aprendizado. Livro por sí só são complexos, eu já tive alguns livros técnicos, e gostava de aprender coisas novas, mas não saia com o vocabulário do livro na minha boca... dessa vez será diferente! Além de ser um especialista, eu quero me parecer como um especialista, preciso ser notável, e a melhor forma de aprender algo é ensinando, e praticando.

Minha proposta

Para quem estiver estudando através de livros, deverá ir publicando os seus estudos/artigos, com suas próprias explicações, ou para os mais audaciosos, fazer um TIL (Today I Learn), com seus próprios exemplos, aqui dentro do tabnews, afim de melhorar a sua interpretação de texto e ser uma pessoa melhor, ser foda, sem o uso de IA para nada!

O foco será em você mesmo! E os comentários das suas publicações irão te formentar com isso.

Cara eu faço isso, mas faço no notion, lá eu acho melhor para articular meus pensamentos e conclusões. Atualmente tenho estudado muito a respeito de arquitetura de software, e isso está me abrindo os olhos de tal forma que nem consigo explicar direito o sentimento de finalmente estar entendendo o por que de eu estar codificando algo.

Eu já participei de um programa de ensino na minha universidade, mas na época eu era um leigo entusiasmado em mostrar códigos rsrs.

Assim como você está atualmente insaciável por conhecimento, sempre fui um pessoa que buscou uma verdade seja ela qual for. Existem incógnitas neste processo, e elas realmente não lhe deixarão dormir, mas assim que você as conhece, percebe o quão bom foi a árdua caminhada.

O dom do pensamento critico nos foi dado para algum motivo, e ter o prazer em aprender algo novo todos os dias é tão gratificante quanto sexo (desculpe por essa comparação). Aproveite sua jornada da melhor forma possível, tome um café, e caminhe caso esteja perdido, uma caminhada faz bem a qualquer um. A jornada do conhecimento seja ele qual for pode parecer cruel, mas por trás dela existe um mundo inexplorado de maravilhas.