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A Falácia da Divergência: Por Que a Otimização Extrema é o Único Progresso Viável

Érick Sadin, com sua análise da "silicização do mundo", junta-se ao coro de intelectuais que, da segurança da academia, diagnosticam os males da sociedade contemporânea por meio da tecnologia; contudo, suas propostas de "divergência" e reflexão parecem ser pouco mais do que um luxo intelectual, inaplicável e insustentável no panorama competitivo global. O filósofo francês teme a submissão da técnica ao capital e a busca pela "otimização extrema", classificando-a como um "anti-humanismo radical". Essa visão, saturada de ressentimento e idealismo romântico, falha em reconhecer que a otimização não é uma escolha ideológica, mas sim um imperativo pragmático; é a única via demonstrável para o crescimento econômico e para a resolução de desafios sociais em escala.

Sadin critica os "evangelistas do Vale do Silício" por promoverem o tecnoliberalismo como a única solução para o crescimento imperioso ; no entanto, ele ignora a dura realidade da engenharia de valor. Onde Sadin enxerga o alinhamento estrito da pesquisa aos interesses financeiros como um vício que impede a pluralidade, o analista industrial vê uma racionalização eficiente de recursos escassos. Investimento em pesquisa e desenvolvimento, que é custoso e exige alto risco, só se sustenta quando direcionado a soluções que prometam alto impacto e retorno. O capital traça os caminhos da pesquisa precisamente porque a técnica, para ser útil, deve ser viável e aplicável. Sem essa determinação financeira, o progresso regride ao mero academicismo caro, isolado da necessidade prática.

O Risco da Contemplação: Desvendando a Crítica Anticientífica
A crítica de Sadin à "tecnoeconomia", onde o tecnocientífico se submete ao financeiro , é um erro fundamental de avaliação do século XXI. Em um ambiente globalizado e hipercompetitivo, a eficiência não é um objetivo, mas uma condição de sobrevivência. A tentativa de "reservar um tempo para refletir" com todas as partes envolvidas, conforme sugerido pelo filósofo , é equivalente a pedir a uma linha de produção automatizada que pare para debater a metafísica de seu produto. Enquanto o debate se estende, os competidores que adotam a "otimização extrema" avançam, capturando mercados e gerando riqueza.

Esta noção de que a Indústria 4.0 transforma humanos em "robôs de carne e osso" em busca da máxima performance é um lamento nostálgico. A otimização, do ponto de vista da engenharia de software e processos, é a garantia da qualidade e da redução de fricção. Sistemas ciberfísicos e a Internet das Coisas (IoT) permitem uma visibilidade profunda e em tempo real dos processos produtivos, assegurando precisão nas ações e, crucialmente, uma redução drástica nos custos operacionais. Monitorar o trabalho da equipe com ferramentas de gerenciamento garante a redução de erros e retrabalhos, algo que beneficia o trabalhador ao substituir tarefas repetitivas e de baixo valor por foco em desafios mais estratégicos, como o design de algoritmos e a otimização de desempenho. Isto não é servidão, mas sim "Engenharia Aumentada" (Augmented Engineering), onde o conhecimento humano é potencializado pela capacidade analítica da Inteligência Artificial.

O Pragmatismo Acima do Pânico: A Resposta da Engenharia de Valor
A visão pessimista da tecnologia ignora o multiplicador de riqueza algorítmica. O avanço acelerado da IA representa uma transformação transversal estrutural para todos os setores econômicos, aumentando significativamente a produtividade e a competitividade das empresas. Os dados mais recentes confirmam que a adoção de Inteligência Artificial Generativa está redefinindo os fundamentos do desenvolvimento de software.

Estudos de mercado indicam ganhos de produtividade que podem chegar a 60% somente na engenharia de software. Essa aceleração permite uma redução de até 40% nos custos e uma tomada de decisões técnicas entre 40% e 60% mais rápida. O impacto econômico desse progresso não é marginal; estima-se que a IA Generativa possa contribuir com um valor entre US 2,6 trilhões e US 4,4 trilhões por ano para a economia global.

O medo filosófico de Sadin se traduz, na prática econômica, em perda de PIB. Se um país ou uma empresa busca a "divergência" e hesita em implementar a otimização de 60%, está irremediavelmente fadado à marginalização. O pragmatismo, portanto, exige que a técnica seja maximizada. A eficácia da otimização como política pública se manifesta no retorno sobre o investimento: um programa nacional de qualificação em IA (PNUR-IA), por exemplo, com investimento público de 1 bilhão de euros, projeta um retorno econômico total superior a 3,78 mil milhões de euros no impacto do PIB.

A seguir, um resumo dos ganhos de eficiência que validam o imperativo da otimização:

Tabela: Ganhos de Eficiência Impulsionados pela Tecno economia

Métrica de ProgressoImpacto QuantificávelSetor de AplicaçãoSignificado Pragmático
Aumento de Produtividade (IA Generativa)Até 60%Engenharia de SoftwareRedução massiva do time-to-market e aceleração da inovação.
Retorno Econômico (Investimento em IA)3,78€ de Retorno por 1€ InvestidoPolíticas Nacionais (PNUR-IA)Otimização como política essencial para o crescimento do PIB.
Agilidade e InovaçãoColeta e processamento de dados em tempo realBig Data/AnalyticsSuperioridade de decisões orientadas por dados e vantagem competitiva.
Redução de Erros e RetrabalhosGarante a precisão operacionalIndústria 4.0Melhoria da qualidade e ambiente de trabalho mais fluido.

Esses números demonstram que ser orientado por dados melhora a tomada de decisões, aumenta a agilidade e a inovação, e aprimora a inteligência contínua dos processos. A otimização não é somente sobre maximizar o lucro, mas sobre garantir a resiliência operacional em um mundo de incertezas.

Desmistificando o Anti-Humanismo: A Técnica a Serviço da Vida
A acusação de Sadin de que a organização algorítmica representa um "anti-humanismo radical” desmorona diante dos fatos: a técnica salva-vidas. No setor de saúde, a IA está transformando o atendimento, permitindo agendamento 24h e automatizando registros médicos. Algoritmos de Machine Learning (ML) e Deep Learning elevam a eficácia dos serviços de saúde, reduzindo erros e garantindo maior precisão. A otimização, neste contexto, é pragmatismo puro: salva tempo, dinheiro e, o mais crucial, vidas. O medo abstrato da mercantilização deve ser suplantado pelo pragmatismo dos ganhos em "liberdade positiva": acesso a serviços melhorados. O benefício de um diagnóstico rápido e preciso supera largamente o foco estreito na vigilância e na mera proteção de dados pessoais.

A crítica de Sadin também falha em lidar com a urgência ambiental. Big Data e análise preditiva são ferramentas essenciais para o desenvolvimento sustentável. A análise preditiva otimiza o uso de recursos (energia, água) e rotas de transporte, reduzindo custos operacionais e pegada de carbono. Condenar o ecossistema digital é, paradoxalmente, condenar a humanidade à ineficiência ambiental, pois só a escala algorítmica pode gerir a complexidade da crise climática.

Conclusão: O Preço da Hesitação e o Papel do Engenheiro
O chamado à "divergência" de Érick Sadin é uma postura intelectualmente elegante, mas factualmente impraticável. O progresso é, por natureza, um processo de otimização contínua, uma busca incessante por mais eficiência e menos erro. A organização algorítmica da sociedade, que Sadin reconhece que se imporá por muitos anos , não o fará por imposição tirânica, mas por pura e simples superioridade funcional.

A filosofia séria, para ser relevante, deve ir além da crítica superficial; ela deve entrar nos laboratórios, como o próprio Sadin parcialmente sugere, e, mais importante, deve enfrentar o pragmatismo da engenharia. Aos "evangelistas do Vale do Silício", deve-se o reconhecimento pela criação de valor inédito. Aos que advogam pelo freio ou pelo caminho "plural", deve-se a cobrança por soluções concretas, não somente por diagnósticos pessimistas. O papel do engenheiro e do analista é garantir o uso pleno e ético da potência da técnica, não tentar barrá-la com o pretexto de um anti-humanismo que se prova falso diante dos ganhos reais em produtividade, saúde e sustentabilidade. A única forma de garantir um futuro próspero e competitivo é através da aplicação máxima da técnica; a hesitação, em última análise, é uma condenação à irrelevância econômica.


Referências
SADIN, Érick. Devemos enfrentar os evangelistas do Vale do Silício, acesso em 19 novembro 2025

SESI-RS. Otimização de processos: veja como fazer visando a Indústria 4.0. Acesso em 19 novembro 2025, https://www.sesirs.org.br/industria-inteligente/otimizacao-de-processos-veja-como-fazer-visando-industria-40.

Inteligência artificial (IA) generativa revoluciona desenvolvimento de software e aumenta produtividade. Contábeis, acesso em 19 novembro 2025, https://www.contabeis.com.br/artigos/73914/ia-generativa-revoluciona-desenvolvimento-de-software-e-aumenta-produtividade/.

SOUSA, António Freitas de. AIMinho avança com proposta de mil milhões num PNUR para a Inteligência Artificial. Jornal Económico, acesso em 19 novembro 2025, https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/aiminho-avanca-com-proposta-de-mil-milhoes-num-pnur-para-a-inteligencia-artificial/.

GOOGLE CLOUD. Definição de Big Data: Exemplos e benefícios. Acesso em 20 novembro 2025, https://cloud.google.com/learn/what-is-big-data?hl=pt-BR.

KRAINER, Luana. IA e Big Data: Transformando Dados em estratégias de Negócio. DOMVS iT, acesso em 19 novembro 2025, https://domvsit.com/dados/ia-e-big-data/.

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RED HAT. Como a IA está sendo usada na área de saúde?. Acesso em 20 novembro 2025, https://www.redhat.com/pt-br/topics/ai/what-is-ai-in-healthcare.

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MJV TEAM. Relatório de Sustentabilidade: Como aprimorar com Big Data. MJV Innovation, acesso em 21 novembro 2025, https://www.mjvinnovation.com/pt-br/blog/relatorio-de-sustentabilidade/.

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