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Pesquisadores brasileiros publicam 2 bilhões de mensagens transmitidas via Discord

Uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicou um extenso conjunto de dados com 2 bilhões de mensagens coletadas de servidores públicos do Discord.

A análise envolveu o mapeamento de mais de 31 mil servidores listados na aba “Discovery” da plataforma até novembro de 2024, dos quais 10% foram selecionados para extração de mensagens. As interações cobrem o período de 2015 a 2024. A coleta foi realizada por meio da API pública do Discord, e os dados foram disponibilizados online em arquivos no formato JSON. O conjunto completo ocupa 118 GB comprimidos.

Segundo os pesquisadores, o objetivo é oferecer “o mais extenso conjunto de dados do Discord disponível”, com potencial de uso em pesquisas nas áreas de saúde mental, discurso político, desinformação, moderação automatizada e treinamento de chatbots.

A iniciativa, no entanto, gerou preocupações entre usuários e moderadores da comunidade, que temem a exposição de conversas privadas. Os pesquisadores afirmam ter seguido padrões éticos rigorosos, incluindo a substituição de nomes reais por apelidos, embaralhamento de identificadores de usuários e mensagens, e a remoção de qualquer dado que pudesse identificar os participantes.

Apesar dessas medidas, o projeto pode estar em desacordo com os Termos de Serviço e a Política de Desenvolvedor da API do Discord, que proíbem expressamente a coleta ou mineração de dados, conteúdos ou informações da plataforma. Até o momento, o Discord não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

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Para quem comete crimes na internet, o Discord é só o ponto de partida. Quem está envolvido em atividades mais sérias normalmente recorre a outras ferramentas de comunicação — menos visadas, mais discretas. O Discord acaba sendo o espaço dos que querem posar de malandrão, mas não têm real preocupação com anonimato. Quem quer passar despercebido de verdade, muitas vezes usa até servidores antigos de jogos online para conversar com cúmplices. Não é exagero dizer que, em certos casos, é mais seguro trocar mensagens dentro de um servidor de Minecraft do que em canais do Discord.

O que vemos hoje é o Discord como a “bola da vez”, assim como já foram o WhatsApp e o Telegram. Mas isso é só um sintoma de algo maior. A tecnologia, ao mesmo tempo em que permite o monitoramento total da nossa vida — especialmente por governos e corporações — também oferece as ferramentas para o completo anonimato. Ela nos permite viver com uma persona no mundo físico e outra completamente diferente no digital. E é nesse paradoxo que mora a complexidade dos tempos atuais.

Quanto mais pessoas usarem a internet desse jeito menos o Governo vai saber das intenções das pessoas. Um servidor com 1000 cabeças falando é um coisa, agora um servidor com 100mil pessoas é um sintoma de perca de controle do Governo. Pelos motivos corretos ou errados, o sistema sempre vai retaliar.