Pesquisadores interceptam dados transmitidos via satélites sem criptografia
Pesquisadores da University of California San Diego e da University of Maryland identificaram que cerca da metade dos sinais de satélites geoestacionários, responsáveis por transportar comunicações sensíveis de consumidores, empresas e governos, está totalmente vulnerável à interceptação.
Durante três anos, a equipe utilizou uma antena parabólica, um suporte motorizado e um receptor simples instalados no telhado da universidade em San Diego. Ao apontar a antena para diferentes satélites e decodificar os sinais recebidos, os pesquisadores conseguiram coletar dados de chamadas e mensagens de usuários da T-Mobile — operadora de telecomunicações americana — informações de navegação de passageiros em voos com Wi-Fi, comunicações de infraestrutura crítica (como redes elétricas e plataformas de petróleo) e transmissões militares e policiais dos EUA e do México, incluindo localização de pessoal, equipamentos e instalações.
Em apenas nove horas, os pesquisadores capturaram números de telefone de mais de 2.700 usuários da T-Mobile, além de chamadas e mensagens — embora só conseguissem ouvir um lado das conversas.
As empresas e agências responsáveis pelos dados expostos foram notificadas. A T-Mobile criptografou suas transmissões, mas algumas operadoras e donos de infraestrutura crítica ainda não corrigiram as falhas.
O estudo analisou apenas 15% dos satélites visíveis da Califórnia, indicando que o problema pode ser bem maior.
De acordo com a equipe, o custo e a complexidade para reproduzir o experimento são extremamente baixos. Para incentivar análises adicionais, os pesquisadores lançaram a ferramenta Don't Look Up no GitHub.