China esconde R$40 TRILHÕES em dívidas — a bolha dos carros elétricos pode engolir o Brasil
Alguns especialistas falam em dívidas “ocultas” que chegam a dezenas de trilhões de yuans: o Brasil pode sangrar em fábricas, empregos e receita fiscal.
Quando se fala em “40 trilhões”, não é clickbait — são cálculos que surgem ao somar passivos oficiais, dívidas de veículos de financiamento municipal (os chamados LGFVs) e empréstimos bancários difíceis de rastrear. Pesquisas e análises independentes apontam que, somando tudo, os passivos locais e vinculados a projetos podem atingir ordens de grandeza que muito excedem o que os números oficiais mostram. Essa “dívida implícita” é o que alimenta o medo entre economistas e investidores.
Em novembro de 2024, Pequim anunciou um pacote contábil de cerca de 10 trilhões de yuans para aliviar as tensões de financiamento das autoridades locais — uma manobra que acalma por um momento, mas não resolve a raiz estrutural do rombo. Ou seja: o remédio existe, mas pode ser só um curativo num problema sistêmico.
Ao mesmo tempo, a indústria chinesa de carros elétricos, após anos de crescimento meteórico, vive um momento de excesso de oferta, queda de margens e competição feroz. Para sobreviver, fabricantes estão mirando mercados externos, ampliando exportações e investimentos no exterior — uma estratégia que alivia estoques, mas exporta a pressão competitiva para outras economias.
Nos primeiros meses de 2025 o Brasil já recebeu dezenas de milhares de carros chineses a preços agressivos. A chegada maciça de EVs baratos pressiona montadoras locais, reduz margens da cadeia de fornecedores e acende o alerta entre sindicatos e governos estaduais — que já discutem a volta de tarifas protecionistas. Se um choque financeiro interno na China reduzir investimento em produção local (ou empurrar players a despejar ainda mais veículos para salvar caixa), o Brasil sentiria no emprego e na cadeia industrial.
Há fundamento: dívidas locais existem, LGFVs são grandes, e empresas estão exportando. Mas há incerteza: estimativas variam muito entre instituições; parte do “40 trilhões” é metodologia e extrapolação, não um número único oficialmente reconhecido. Esse espaço de ambiguidade é justamente o que alimenta tanto a preocupação séria quanto o sensacionalismo.
Impactos:
Emprego: risco de perda de postos em fábricas e fornecedores se a concorrência predatória se intensificar.
Política industrial: possibilidade de aumento de tarifas e exigências de conteúdo local.
Setor financeiro: bancos e seguradoras com exposição a LGFVs podem registrar stress se calotes aumentarem.
Fontes:
Reuters — China unveils 10 trillion yuan package to tackle local government financing strains (Nov 2024).
Reuters — China floods Brazil with cheap EVs, triggering backlash (Jun 2025).
BBVA Research — China Banking Monitor 2025 (dados sobre LGFVs e exposição).
Carnegie Endowment — análise sobre magnitude real da dívida local e estimativas entre 40–85 trilhões RMB.
Reuters / análises sobre investimento externo e reorientação das montadoras chinesas (setor buscando exportações/investimento fora).