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Estou ficando velho?

Essa semana eu passei um desafio simples pro meu filho de 12 anos: entregar uma página HTML sobre qualquer assunto.
Na minha cabeça, ele ia tentar por alguns dias e desistir… ou, na melhor das hipóteses, pedir ajuda.
Passaram 30 minutos e ele me chamou pra ver.
Tava lá, uma página pronta contando a história da invenção do carro! 😨
Perguntei como ele tinha feito essa façanha e ele respondeu:
— “Ah pai, eu pesquisei um pouco e vi um tutorial de como criar um site usando o ChatGPT.”
Fiquei surpreso de ver como essa nova geração lida de forma tão natural com a tecnologia…
Acho que romantizei demais a situação... ele foi pragmático para resolver o problema proposto sem se preocupar com os detalhes... por outro lado me acende um alerta de como as novas gerações buscam atalhos sem se preocupar muito com o que tem em volta.
Eu fico me imaginando com 12 anos e meu pai olhando para mim e pensando o mesmo... hahahaha... estou ficando velho... pois na minha época... hahahaha

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Sim, está, desde o dia que você nasceu.

Além disso é normal que cada geração lide melhor com certas coisas que outras gerações pela exposição que recebe.

Como fã de Fórmula 1, escuto muito debate que eu já entrei mas hoje nem tento mais. Quem foi o melhor piloto da história da categoria? Ou quem foram os 10? ou pra facilitar um pouco quem foram os melhores em cada década aberta (não os 10 anos exatos começando no ano que termina com 0 ou 1). Não tem como responder isso porque é muito diferente. Será que o Fangio ou Senna se adaptariam nessa época que simuladores são fundamentais. Piquet e outros se dariam bem quando a telemetria passou dominar? Engenheiros antigos se dariam bem com CADs com IA? Hamilton faria algo relevante com um carro sem aerodinâmica alguma e que responde de forma estranha a cada volta? Jum Clark se daria bem com um motor turbo? Schumacher andaria bem em um carro que você só acelera, freia, troca de marcha e vira o volante? Bem, vocês estenderam.

Para o bem ou para o mal, cada geração é diferente, por responsibilities de como é a sociedade, ao que tem acesso, ao jeito de pensar influenciado pela mídia atual ou como os coleguinhas agem, etc.

Mas depende de outras coisas. Eu conheço gente que fica perdida só com o fato de existir o GePeTo, mesmo pessoas novas. Mas piora com algumas antigas. Por alguma razão algumas pessoas travam, por e exemplo aprende usar o Chato e entra no Gemini e não sabe o que fazer. Vai entender?

O seu humano é um treco complicado.

Então se os assuntos que bombam entre eles é um específico é nele que eles se dão bem. Manda-o fazer um job para rodar em um mainframe. Manda-o falar sobre os mais brilhantes filmes em preto e branco, ou sobre o rock progressivo, como datilografar ou ajustar foco para tirar uma foto. Nite que eu estou falando sobre ele saber de coisas de tanto tempo que nem nós de 30, 40, 50, 60 anos também não vimos. Faz diferença, essa geração sabe gírias novas, como se comportar de forma proveitosa pra ela (não necessariamente boa para o coletivo) em redes sociais, mas, mas não sabe nada do passado. A minha geração, de forma geral (claro, nunca é 100%) preava pelo passado. Nem dá pra falar pra todo mundo, mas tinha problemas que a a pessoa sabia responder que as gerações novas nçao sabem, e vice e versa. Você dá um peão para um "moleque" brincar e é provável que ele desista logo, assim coimo você vai desistir o FPS do momento.

Não sei hoje e você, mas você provavelmente sabia fazer contas de cabeça, lembrava de números de telefones das pessoas, sabia responder sobre vários assuntos, e está perdendo tudo isso. Cada dia mais dependente do Google, é uma geração "contaminando a outra".

Hoje muito adolescente e já adultos não conseguem fazer uma conta de porcentagem, não raciocinam, não criam nadam, apenas reproduzem o que acharam no Google ensinando fazer.

Seu filho está ficando velho, tem jovem que entregaria pronto em pouco mais de 5 minutos algo inteiro feito pela IA.

Todos esses novos "talentos" não sabem solucionar problemas, são dependentes dos outros, de validação, e uma séria de outros problemas. Não vou entrar em detalhes porque ficaria muito longo. Claro que tem exceções, mas é a geração com mais problemas para raciocinar, guardar coisas e se manter estável emocionalmente. Tem estudos mostrando que vai piorar muito, ainda que traga alguns benefícios, mas que podem durar pouco porque as habilidades deles são as que a IA fará mais facilmente.

Sempre é tempo de mudar, mas poucos países estão fazendo algo, Não vou falar do Brasil porque não estamos em um site de humor. Tem país que computadorizou todo o ensino e depois voltou atrás e hoje só usa papel e lápis.

Tem jeitos melhores de envelhecer, alguns terão sorte de fazer isso bem, outros não.

Tem coisas que vão deixar de ser uma ação normal de uma pessoa e será até bom, não era algo que ajuda o ser humano ser melhor, mas algumas deixarão de existir e farão o ser humano ser pior. E o contrário é válido também.

Criar uma criança/adolescente e cada vez mais um jovem adulto não é tarefa fácil hoje em dia, e eu diria, com algum respaldo em estudos que é impossível fazer um bom trabalho, terá que contar com muita sorte para sair algo razoável, até porque tentar fazer o seu filho não ser idiota como o filho dos outros pode causar problemas nele. É algo muito complexo e até os profissionais da área não estão bem preparados para isso.

Mas eu não tenho dúvida que ser psicólogo ou algo do tipo (psicopedagogo por exemplo) deve ou deveria ser a profissão do futuro. Estamos em uma fase que ser acompanhado por um bom profissional é fundamental. Antes já era um pouco, mas agora a diferença entre o certo e o estrago está pequena. Nem sempre podemos contar com a sorte que as coisas encaixem para nós (nossos filhos e netos) estejam acima da média, mas também não é tão difícil, porque já dizia Nelson Rodrigues e Umberto Eco, os idiotas vão domininar o mundo não porque eles são inteligentes, mas porque são muitos e a internet deu voz para os idiotas. Ela também deu voz para os espertos enganarem facilmente esses muito idiotas. Como podemos ver, a cada dia morre um idiota e nascem dois (não me lembro a autoria original que fala mais de ladrões - Juca Chaves?).

Pergunta para uma pessoa abaixo dos 20 ou 30 anos privilegiada com bom estudo e condição sócio-econômica) quem foram esses nomes que eu citei, sem consultar lugar algum. Faça o mesmo com alguém com mais de 40 anos, de preferência acima de 50 quem foram alguns nomes de pessoas que morreram até os 70 mais ou menos e que fizeram ou disseram algumas coisas importantes.

Quando uma pessoa cresce com poucas referências, as que tem são limitadas, elas estão perdendo o diferencial que podem ter em relação à IA. Vamos ver o que vai acontecer.

Fazer as cosias sem compromisso, tomando atalhos não é uma atitude a se louvar. Mas cada um faz o que quiser com os filhos. Eu desejo o melhor para todos.

Reforço: para tudo tem exceção.

O problema não é o computador como não era o ábaco ou calculadora, não é a web (especialmente Google) ou redes sociais, nem é a IA, é como usamos tudo isso, e principalmente quando. EM aprendizado, nada disso serve. As escolas provavelmente vão se sentir atrasadas se não facilitarem a vida do aluno). Em produção deveria entrar aos poucos, mas as empresas não darão essa chance. O problema é o mau uso, é o uso no momento que não pode, que não fortaleceu o cérebro. Isso vai acabar com a humanidade.

Essa é uma previsão que não sei fazer, porque sempre é possível desviar, pode acontecer tanta coisa imprevisível e mesmo que pareça que vai pra um lado vai para outro. No caminho atual a maioria serão idiotas e um pequeno grupo vão manipulá-los e a diferença socioeconômica será brutal, o que poderá trazer consequências mais imprevisíveis ainda.

Idiota é um termo técnico e não um xingamento. Hoje em dia a gente precisa esclarecer tudo.

S2


Farei algo que muitos pedem para aprender a programar corretamente, gratuitamente (não vendo nada, é retribuição na minha aposentadoria) (links aqui no perfil também).

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Tudo que você compartilhou fez muito sentido para mim, principalmente a comparação entre pilotos de gerações diferentes. Me fez pensar em um engenheiro da década de 70 usando Assembly olhando para mim usando Python ou Javascript...
Acho que aqui entra o ponto de cada vez mais termos abstrações habilitando mais pessoas na nossa área... mas isso acaba escondendo muitos detalhes da gente.
Eu também tenho dúvidas para onde tudo isso vai, porque os pontos que você trouxe extrapola nossa área e toca na formação do individuo...

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Acho que crianças tem um cérebro sem paredes.

A gente fica construindo paredes ao nosso redor, coisas como "isso não pode, isso é impossível, nem vou perder tempo com isso, isso é obvio, claro que não existe, etc". É aquela preocupação constante em encontrar o melhor caminho, com o melhor algoritmo, a maneira mais econômica que leva menos tempo, como fazer sem incomodar os outros, sem pedir opinião de alguém que a gente acha que tá ocupado, e isso vai moldando (ou traumatizando) nosso cérebro.

Lembro do Carl Sagan comentando sobre isso. Nosso processo de raciocínio acaba virando um labirinto, porque é tanta parede limitando alternativas que a gente fica dando voltas. A criança não tem isso, segue pra todos os lados, acaba encontrando uma solução que atende.

Mas isso daí que tu alertou no final sobre o risco, é real mesmo, pode acabar levando a criança a lugares perigosos na web. Tem um podcast que ouço (resumido.cc), em que o host diz que crianças tinham que ter um sistema operacional próprio, não poderiam usar o mesmo que a gente. Acho que o cara tem razão.

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Bela reflexão! Esse lance de ter paredes mentais se aplica para tudo... a gente sempre está se colocando limites... bem filosófico esse papo...