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Uma carta aberta sobre mim, tecnologia, história e futuro

Falar sobre história sem ser historiador, é extremamente sensível porque tudo parte de memórias, lembranças e tudo mais que é humano, e falho.

Eu quero puxar um assunto atemporal e ,para isso, vou fazer uma breve apresentação e ir me encaixando no meio disso tudo. Talvez, assim, eu consiga traçar um fluxo, linha? Nem sonho.

Me chamo Thiago, prazer! Trabalho com desenvolvimento desde 2004 e estou postando isso em 2025. Caso você esteja vendo isso no futuro, eu acredito que as perguntas ainda serão as mesmas e espero que essa postagem possa lhe trazer algum conforto, já que respostas, eu não sei onde vamos parar.

Nesse recorte temporal da minha carreira, eu posso dizer com muito orgulho: Eu dei certo. O meu lucro, que cálculo como qualidade de vida sobre tempo trabalhado tem sido muito alto.

Eu realizei o sonho tão dito e nada executado. Abandonei (quase) tudo e vim viver no mato. Hoje trabalho sozinho, de casa, tenho minha "eumpresa" que fornece trabalhos além de minhas capacidades e faz a entregas através de meus amigos e parceiros, e de mim mesmo, claro, com o meu CNPJ.

Esse texto não é um desabafo. Não é um guia. Não é uma carta de um sobrevivente. Não é nada que eu possa definir enquanto escrevo. Digo essas coisas porque quero trazer para vocês os meus pensamentos e onde cheguei com isso tudo e entender os caminhos de vocês.

O meu foi fácil? AUHAUAHAUAHUHAUAHUHAUAHU (risada de millennial). Nunca! Carrego as sequelas dos esforços. Passei por cada período complicado, desesperador e avassalador que só de lembrar me dói em diversos lugares.

Assim como muitos de vocês, eu já fui a nova geração. Meu primeiro estágio foi uma sorte danada, eu consegui uma vaga no Banrisul (banco do estado do RS), entrei com mais 30 estagiários. Lá tivemos cursos por umas semanas, que eu tive o azar de torcer o tornozelo e perder aulas. Aquele estágio era muito importante para mim, o menino que levava mais de hora dentro do ônibus para chegar no centro da cidade para trabalhar.

Eu nunca passei fome, eu tive pais que erraram em muitas coisas, muitas coisas, muitas coisas mesmo. Um dos poucos acertos deles era pensar no futuro e ver que as coisas mudam. Minha irmã é mais velha, eles juntaram uma grana da onde podiam e compraram uma máquina de datilografia para ela treinar. Acho que até conseguiram pagar curso de datilografia para ela. Meu irmão ficou no meio disso tudo e eu cheguei na parte que compraram o primeiro PC bem “parceladinho” no mercado que dava crédito. Eu consegui fazer curso de informática (curso de ms-dos) que o governo dava aqui e ali na época e isso me trouxe até aqui.

Eu não tinha certeza de nada e simplesmente as coisas foram acontecendo para me tornar programador. Junto com o computador, eles ousaram, compraram uma impressora. O técnico de informática na época não conseguiu instalar, fica a tarde toda lá e nada. Depois que ele foi embora eu perguntei se podia tentar, meus pais disseram que sim se eu não estragasse o computador. Como eu saberia se ia estragar? Tudo bem, em 5 minutos a impressora estava instalada.

Essa não é uma história sobre dom, boas escolhas e meritocracia.
Essa não é uma história sobre dom, boas escolhas e meritocracia.
Essa não é uma história sobre dom, boas escolhas e meritocracia.
Essa não é uma história sobre dom, boas escolhas e meritocracia.
Essa não é uma história sobre dom, boas escolhas e meritocracia.

No meu primeiro estágio, não existia internet, a gente sabia programar com o que sabia de cabeça ou o que alguém próximo poderia nos ajudar. Não havia mesmo nenhum comunicador interno. Eu desenvolvi em VB6 um MSN com socket para podermos conversar. O MSN existia fora do mundo corporativo.

O negócio, gurizada, era no grito. "Alguém sabe uma função que faz tal coisa?" kkkkk (risada moderninha, acho que já tá caindo em desuso).

O tempo se dobrou e se desdobrou muito nesses anos. Fui do ASP 3.0, tendo que instalar uma DLL no pc para no Interdev, IDE da época, funcionar o scroll quando chegou os mouses com scroll. Passei para o asp.net, c#, atualmente estou no PHP e que tudo indicada, logo irei para GO. Aqui não vou descrever todas minhas experiências porque ficaria mais sacal ainda de ler e eu pretendo terminar o texto sem chorar Oo (emoji de sms).

Teve uma situação muito, mas muito (agora, né?!?!), engraçada. Eu e meus colegas de uma empresa, ficamos dois dias trabalhando até meia noite para fechar conexões dentro de loops em asp porque um código ia pro ar e derrubava o servidor. Não fechava as conexões, matava os recursos em segundo e tchau,tchau server.

Hoje temos IAs que consomem, a cada 100 palavras, mais água que muitos de nós no dia. Energia elétrica nem se fala. As coisas viajaram no tempo nesse tempo, não é possível nem dizer que evoluíram porque foi um atropelo.

Cada vez mais tendo demanda, cada vez mais empresas se informatizando, cada vez mais novidades em todas as áreas. O mundo decidiu acelerar ladeira abaixo sem medo, nem pena, do que tem lá na frente.

Nisso chegou a próxima geração, sério... já chegou. Onde eu estava enquanto isso aconteceu? Eu não sou o mais novo nas empresas? Não sou mais a promessa, a galinha de ovos de ouro? Gente, como assim?

Essa demanda desenfreada colocou na mesa, para a minha geração, executar e aconselhar a anterior, como vamos fazer daqui para frente. Por fim, recorremos aos frameworks e todo tipo de utilitário para acelerar o desenvolvimento. Os criamos como promessas de que tudo seria mais fácil, rápido e organizado. Como, me parece, ser a promessa da IA para a nova geração de desenvolvedores.

Os frameworks tiveram seus benefícios (sim, estou escolhendo palavras aqui), assim como a IA tem. Porém, não resolvem. Hoje eu olho para o passado e vejo ele se desdobrando mais uma vez sobre nós para se repetir no futuro.

A tecnologia perdeu o sentido. Eu sempre carreguei o lema que a tecnologia deve ser uma ferramenta na vida das pessoas e não a vida das pessoas. Faz muito, mas muitos anos que não posto nada assim em redes sociais. Vim aqui postar porque tenho acompanhado a comunidade e tenho gostado muito dos debates, dicas e trocas que acontecem aqui no TABNEWS e desejo uma vida longa a iniciativa. Nessa minha primeira postagem vi o chamado por minha atenção e fui ler. Muito do que acredito, está ali. Nesse desejo de compartilharmos mais, de compartilharmos de verdade, de compartilharmos valor, de compartilharmos conhecimento e tudo que possa fazer o futuro sem um outro e não apenas um redobre do passado.

Hoje eu trabalho sozinho porque me desgastei muito nesses anos todos. Nem sei quantas pessoas eu treinei até aqui, só sei que não tenho mais capacidade de treinar ninguém porque isso demanda tempo, esforço, empatia, dedicação e outras faculdades mentais que estou tentando dar a mim mesmo um pouco. Já fiz tanto por tantos, chegou a hora de aproveitar, que apesar de tudo, eu dei certo.

Minha vida não acabou, nem como programador, nem como ser humano. Tenho muitas coisas para fazer e vou tocar projetos diversos ainda. Logo pretendo trazer para vocês um projeto que estou fazendo, um CRM em cima do whats, sim, tem um monte, o que estou vendendo é a proposta e meu conhecimento de negócio, a solução, mais do que a tecnologia. E também, um projeto de rede social com um vies parecido com o TABNEWS no sentido de criar mais um ambiente massa na internet.

Tudo que eu quero dizer aqui, está mais no não dito do que no dito.

Eu acredito que, independente do como se chegou até aqui, nós temos um poder imensurável em nossas mãos. Nós da tecnologia, seja lá qual for a parte, nos tornamos o coração da sociedade moderna. O que me preocupa é que se perdeu a humanidade, se perdeu o contato, se perdeu a humanização.

O que estamos construindo com isso tudo? Tudo precisa ser construído? Vale o dinheiro para construir qualquer coisa? Dentro do nosso mundo, a validade de tudo expira como vida de cachorro. Um sistema com 5 anos parece ter 40. Já os conhecimentos estão cada vez mais rasos em prol de uma produtividade que só faz o passado acelerar a dobra sobre o presente.

Nós podemos simplesmente parar o mundo. Se levantarmos agora nossas mãos por 24 horas. Tudo começa a ruir. Não se iludam com esse poder, se deem conta dessa responsabilidade.

Os recursos não são ilimitados como em uma partida de star craft (saudades). O mapa não vai "resetar" para começar de novo e os cristais estarão lá.

O que podemos ouvir da nova geração para que a transição não seja através de dor como foi a nossa?

Como podemos repensar a tecnologia na vida das pessoas? Como podemos fazer as coisas melhores e necessitar de menos?

Eu sempre fui "purista", "old school", um chato, ou seja lá como quiser me chamar. A maioria das coisas que uso hoje, são coisas que eu mesmo desenvolvi em cima das linguagens e todos meus clientes se impressionam com a velocidade que eu programo.

Meus códigos são limpos, eu “refatoro” de verdade meus código e isso me dá muita produtividade. Meus códigos servem para qualquer tipo de projeto. Não, eles não estão em estado de arte, eles são simples e funcionais. Muitos até errados de acordo com as técnicas que eu mesmo defendo. Eu acho que falta esse discernimento, o que é necessário para programar? Saber sintaxe e amontoar códigos?

Cada vez mais eu vejo as empresas trocando de ERP como se fosse nada, e eu tendo que integrar com um sistema novo da noite para o dia. Tudo fica velho muito rápido, tudo tem muita dependência, consome muito recurso e tem a vida útil menor.

Essa reflexão toda é para que nossos códigos, nossos projetos, nossos clientes e nós mesmos possamos viver um pouco mais e melhor.

Talvez você não tenha o que dizer, mas espero que eu tenha lhe dado o que pensar.

Abraço!

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