Feedback em front-end não é 'ficou bonito', é 'funciona direito'.
Quantas vezes você já escutou (ou falou) algo do tipo: "Essa cor não combina", "ficou feio" ou "não gostei dessa interface"? Se você trabalha com front-end — seja React, Vue, Angular, ou até vanilla JS — deve ter perdido as contas... assim como a paciência.
Mas aqui vai a pergunta que ninguém faz: isso é feedback útil ou só desabafo de quem viu um vídeo no TikTok sobre "UI bonita" e se achou especialista?
Todo projeto front-end passa por aquela etapa clássica: mostrar pro cliente, stakeholder ou até mesmo pra equipe, e aí começam a chover as famosas "sugestões". Sabe aquelas opiniões super construtivas tipo "minha mulher disse que não gostou" ou "meu sobrinho de 12 anos faria melhor no Figma"? Pois é.
O problema é que todo mundo se sente dev front-end quando vê uma interface. É igual futebol: qualquer um num buteco é técnico da seleção. A diferença é que no futebol pelo menos existe uma bola e um gol. No front-end, o pessoal critica baseado no que viu no último template do Bootstrap.
A real é que interface não é arte abstrata pendurada na parede do MoMA esperando alguém interpretar "a dor existencial do artista". Interface resolve problema do usuário. E problema tem solução mensurável, não opinião de quem ainda usa Internet Explorer. Cada R 1 investido em UX retorna R 100 — isso é dado concreto, não horóscopo.
Eu mesmo já estive do lado errado dessa história. Como dev front-end há 2 anos (meio burro ainda, até porque tenho 16), no começo quando alguém vinha com pérolas do tipo "podia ser mais colorido", eu respondia na base do "é questão de gosto" enquanto morria por dentro. Spoiler: não era questão de gosto. Era questão de eu não entender que front-end bom se mede por conversão e usabilidade, não por quantos "uau, que bonito!" você consegue arrancar.
A virada de chave veio quando comecei a questionar meus próprios projetos com dados duros. Será que esse botão tá no lugar certo ou só tá ali porque "ficou bonitinho"? Por que o usuário prefere fechar a aba do que clicar nesse botão que levei 3 horas estilizando? A conversão melhorou ou só melhorou meu ego?
E aí descobri uma coisa meio óbvia, mas que muita gente trata como revelação divina: feedback subjetivo mata projeto mais rápido que cliente pedindo "só uma mudancinha".
Feedback de front-end tinha que ser acionável e objetivo. Mas na prática? Todo mundo vira guru de interface. Em vez de "não gostei dessa fonte" (que traduzindo é: "essa fonte me lembra minha ex"), que tal "essa fonte fica ilegível em celular"? Em vez de "essa cor é estranha" (ou seja: "não combina com minha decoração"), que tal "essa cor não tem contraste suficiente, fica difícil de ler"?
Mas aqui vem o plot twist que ninguém quer admitir: a culpa não é só da galera que dá feedback baseado na última tendência do Dribbble. Muitas vezes, nós devs front-end também chegamos pedindo opinião como se fossemos apresentar look pro Big Brother. A gente aparece com uma interface e pergunta "o que vocês acham?" — que é basicamente perguntar "querem destruir minha autoestima hoje?"
A diferença entre codar baseado em "achei bonito" e criar algo que funciona de verdade tá justamente aí: no tipo de pergunta que você faz antes de alguém começar a cuspir opinião.
Em vez de "gostaram?" (preparando o terreno pra um festival de subjetividade), tenta perguntar:
- "Esse botão tá claro que é clicável?"
- "O formulário tá fácil de preencher ou tá confuso?"
- "As informações importantes tão em destaque ou perdidas no meio?"
- "Carrega rápido ou tá pesado demais?"
- "Funciona bem no celular?"
Agora, se você tá do outro lado — dando feedback — para de falar que "não ficou legal" como se tivesse julgando concurso de beleza. Explica por que não ficou legal. Aponta o problema real, não sua crise existencial com a cor azul.
A questão não é eliminar preferências pessoais (elas existem e são válidas... tipo gostar de dark mode), mas separar o que é gosto pessoal do que é funcionalidade objetiva.
Porque no final das contas, seu usuário não quer saber se você "gostou" do layout. Ele só quer conseguir usar o site sem ter vontade de jogar o celular na parede.
Então… aquela frase lá do começo é verdade absoluta?
Quase. Feedback em front-end tinha que ser análise. Mas na prática? Ainda rola muito "gostei" e "não gostei" disfarçado de crítica construtiva — tipo aquela pessoa que fala "sem querer ofender" antes de te ofender olimpicamente.
A diferença tá em quem consegue separar opinião pessoal de funcionalidade real. Spoiler: não é todo mundo.
(Texto escrito depois de escutar "muda essa cor aí, não tá vibrando com meu chakra")
