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Olá!

Em primeiro lugar, quero parabenizá-los pelo projeto.

Meu nome é Fabiano Ferreira, sou do estado do Rio de Janeiro, e, uma das minhas paixões é programação e tecnologia.

Fiquei sabendo do projeto, por que um amigo de um grupo de programadores cegos, que eu participo no whatsapp, divulgou o vídeo onde o Felipe fala sobre o tabnews.

Sou cego total, então, assim que ouço falar de um projeto novo, quero logo verificar a acessibilidade.

E no caso do tabnews, só dou 10 por que não dá para dar 11!

Vocês não imaginam o quanto a gente sofre com falta de acessibilidade na web, principalmente por sites grandes e pelas próprias redes sociais.

As iniciativas existem, mas, não adianta você fazer acessibilidade, sem ouvir os verdadeiros usuários da tecnologia assistiva.

Não sei se vocês conversaram com algum cego, mas, a interação do NVDA - leitor de telas que processa as informações no windows e devolve em forma de voz (é mais do que isso, mas vamos resumir assim),
com o site do tabnews, usando como navegador o mozilla firefox é simplesmente empolgante!

Vi algumas pequenas coisinhas que, com o tempo, podem ser ajustadas, mas, quero ler mais coisas na plataforma, entender mais da filosofia do espaço e, assim, vou trazendo o que eu puder para contribuir para que o tabnews continue nesse caminho.

Espero também aprender um pouco de tecnologia por aqui, pois, embora seja um amante de programação, as dificuldades com ela são grandes.
O "bicho papão" chamado Orientação a objetos, por exemplos, me persegue desde a faculdade.

Vi que existe um post sobre acessibilidade, e achei muito bacana.

Em fim... é isso por enquanto.

Espero que minha empolgação não me tenha feito ir contra as regras do espaço, pois, parece que eu saí totalmente do tema do post!

Abraços,
Fabiano Ferreira.

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Fabiano, que retorno sensacional, muito muito obrigado mesmo por vir publicar aqui e acessibilidade foi um dos tópicos que foram levantados logo no início do projeto.

Sobre os ajustes que ainda faltam serem feitos, por favor, não deixe de publicar aqui para lapidarmos tudo que for possível.

Um abração e seja super bem vindo ao TabNews!

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Fiquei ontem, umas boas horas lendo coisas aqui na plataforma.
A ideia é simplesmente, como você mesmo costuma dizer 'muito massa'!
Já lembrei de algo que gostaria de apontar, para futura verificação, se possível:
Quando estamos escrevendo na plataforma, como agora, por exemplo, em que estou respondendo para você, ao mexer com as teclas de cursor (seta para esquerda, direita), bem quando apagamos algo apertando backspace, não temos retorno do que foi feito.

Um exemplo, se escrevo a palavra tabnews, mas, errei, e coloquei uma letra p no lugar do b.
E digamos que fui dar conta disso um pouco depois, quando já escrevi mais conteúdo depois.
Precisaria então ir voltando com a seta para a esquerda, ou, apagando para trás com backspace, e, seja voltando, avançando ou apagando, os caracteres que recebem foco deveriam ser falados, e é isso que não ocorre no campo de edição.
O leitor de tela sempre diz "em branco", dando a impressão de que não há nada escrito.

Para contornar, escrevo em outro editor de textos, depois vou ao campo de edição e colo o conteúdo.

De toda forma, fico grato pela atenção e, que esse projeto possa ser um grande sucesso!

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Perfeito Fabiano! Hoje o editor de Markdown que utilizamos é de fato ruim e iremos mais para frente utilizar um editor oficial do GitHub que irá trazer todas as features de acessibilidade ficando em linha com o restante do site 🤝

Não temos previsão de quando isso irá acontecer, pois o GitHub está listando esse novo componente do editor com o status draft, mas assim que se tornar mais estável, iremos implementar aqui 👍

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É isso aí, amigo!
Dando um passo de cada vez é que chegamos lá!

Aproveitando a oportunidade, queria perguntar se existe alguma documentação da api do tabnews.

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Certo, já estou dando uma lida.

Ontem vi um pouco do código fonte do tabnews, presente no github.

Como comentei na resposta ao Rafael,
tenho uma jornada longa na programação.
Costumo brincar que eu sou teimoso.
Já tentei aprender certos conceitos e linguagens umas trezentas vezes, mas, vamos para a 301, uma hora vai dar certo.

Embora eu saiba quase nada de programação web, acredito que ler códigos de projetos ajuda bastante a gente se familiarizar com a programação.

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Oi Fabiano

Caraca, eu nem tinha pensado nisso. O TabNews é melhor que eu imaginava.

Eu até percebi que era útil ser em texto por funcionar com o Immersive Reader do Edge, mas não passou pela minha mente que algumas pessoas dependem de uma função assim.

Vou pesquisar sobre esse NVDA, fiquei curioso.

E no Firefox vc usa alguma extensão? Como funciona?

Eu já tinha ouvido falar que um cara cego que programava, mas sinceramente eu acho algo até difícil de imaginar. É admirável


Não esqueça do café c[_]
DBL


(Fabiano, não sei como o seu navegador vai interpretar esse final, mas é uma ASCII Art de uma xícara de café)

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Olá!

O NVDA é uma das tecnologias que pessoas cegas usam para interagir com o computador.

NVDA é a sigla para Nonvisual Desktop Access.
É um software leitor de tela.
Basicamente, um leitor de tela tem como função transformar texto em voz.
Tudo que é entrada (algo que a gente escreve) e tudo que é saída (resposta do terminal de comando ou um site que está aberto no mozilla), é falado para nós, que não podemos ver a tela.

Respondendo sua pergunta de como é minha interação com o Mozilla, não é necessário instalar extenções para que ele fique acessível.
Quem cuida disso é o leitor de telas, no meu caso, o NVDA.
Pode até existir alguma extenção que ajude em tarefas específicas (não me ocorre nehuma agora, mas, pode existir), mas, quase cem porcento conseguimos com o mozilla sem qualquer extenção, apenas com o leitor de telas nos dando feedback sonoro.

A vantagem disso é que podemos usar mozilla, chrome, brave, edge... os leitores de tela conseguem processar as informações da maioria dos navegadores hoje.

Obs: estou tentando resumir, por que isso tem assunto pra mais de metro!

Falo em navegadores, mas, o leitor de telas nos auxilia em tudo que você pensar rodando dentro do windows.
*Linux também tem seu leitor de telas, o Orca, mas, sei muito pouco sobre acessibilidade em linux, mas ela existe.
Dispositivos móveis com android e ios também tem seus leitores de telas.

Ah, sim!
Me lembrei de uma situação onde precisávamos de extenção no mozilla.
Um grande vilão de quem não enxerga são os benditos captchas.
Aqueles caracteres distorsidos, por serem imagens e não texto, não são processados pelo leitor de telas.
Para isso, havia uma extenção chamada Web visum.
Ela pegava a imagem do captcha, decifrava e convertendo para texto, jogava o resultado na área de transferência e a gente só fazia colar no campo específico para digitar o texto da imagem.

Hoje isso já não funciona mais, e, também, com a evolução, muitos sites nem usam mais isso, trocando essa solução das letras estranhas pela caixinha (não sou um robô).

Voltando a falar mais sobre leitor de telas.

Na verdade, um leitor de tela trabalha dividido basicamente em duas partes:

O programa leitor de telas.
Ele pega os dados de entrada e de saída e processa.
Leitores de tela trabalham de forma parecida, mas, há diferenças entre eles.
Há cegos que gostam de ter mais de um instalado, e alternam entre um e outro, a depender do que irão fazer.

A outra parte é o sintetizador de voz, que recebe do leitor de tela o dado já processado e transforma em informação falada.

Alguns leitores de telas para windows:

Narrator.
O windows possui hoje, o seu próprio leitor de telas, o Narrator.
Se você tiver o windows aí e pressionar o atalho ctrl+windows+enter, vai ativar o Narrator, um leitor de tela nativo.
A partir do windows 10,
o narrator nos trouxe uma possibilidade muito legal: a de ativá-lo na tela de instalação do windows, antes dele estar instalado no computador.
Em resumo: a partir do windows 10, um cego consegue formatar uma máquina e instalar o windows sem ajuda de ninguém.
Isso já era feito a partir do windows 7, mas a coisa era mais trabalhosa.
Precisávamos de usar o windows Pe com modificações para ficar acessível, e, dentro desse ambiente de pré instalação, a gente chamava o instalador do windows e mandava brasa.

Embora o Narrator tenha dado um salto em qualidade, ele não é o suficiente, precisamos de outro leitor de telas.
Acho que a microsoft nem tem a intenção de tornar o Narrator o único leitor de telas para Windows, até por que, pelo pouco que já ouvi dizer, eles apoiam o NVDA, então, o Narrator fica para o uso em momentos especiais, como é o caso da formatação, que escrevi agora.

NVDA. Leitor de telas gratuito e de código aberto.
https://www.nvaccess.org

Jaws (Job access with speech).
Foi por muito tempo o leitor de telas mais usado no mundo.
Hoje, não tenho certeza, mas, é possível que ele perca para o NVDA.
O motivo é o alto preço da licença do Jaws.
Antes do NVDA, que só veio em 2006,
o Jaws era disparado o mais utilizado.

Ele continua em desenvolvimento, e, ainda tem público para ele.
Há coisas muito muito específicas, em que ainda se usa o Jaws, e o NVDA não consegue cobrir.
Estou tentando até pensar num exemplo onde valha a pena usar o Jaws, que é muito mais pesado, consome infinitamente mais CPU, e que não se consiga fazer com NVDA.
Acho que músicos cegos, que necessitam de ferramentas específicas usam ele.
O jaws trabalha muito atrelado a placa de vídeo, enquanto o NVDA usa a api do windows e mais algumas "magias" que desconheço, para obter as informações para processar.
Página da freedom scientific, empresa que desenvolve o Jaws:
https://www.freedomscientific.com

No Brasil, temos também o Virtual Vision.
Embora exista desde 1998, o Virtual vision é usado por um número menor de pessoas.

Quem desenvolve é uma empresa chamada micropower.
O virtual vision pode ser obtido gratuitamente por pessoas cegas que tem conta no banco Bradesco, e empresas podem comprar sua licença, caso tenha um funcionário cego.
Mas vou falar a verdade:
Fazendo uma estatística imaginária,
Se você pegar 100 cegos, talvez você ache uns 40 que utilize e goste de virtual vision.
O restante vai se dar bem com o bom e gratuito NVDA.

Site do virtual vision:
https://www.virtualvision.com.br

E encerrando, uma outra solução muito usada aqui no Brasil e em países de língua portuguesa é o Dosvox.
De propósito, não chamei o dosvox de leitor de telas, pois, ele não é isso.
Diferente de um leitor de telas, que pega informações do próprio sistema operacional e a transforma em voz, o dosvox tem seu ambiente próprio, que roda dentro do windows.
O dosvox é formado por um ambiente principal, sintetizador de voz, voz gravada e um conjunto de utilitários que rodam dentro dele e consomem essas rotinas.

Esse é um projeto aqui, do Brasil.
Foi criado em 1993, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A inspiração para a criação do dosvox, foi um aluno cego.
Seu professor de computação gráfica, vendo que esse aluno teria dificuldades numa disciplina tão visual, resolveu orientá-lo a criar algo que serviria para ele mesmo usar, e, de quebra, servir depois para outras pessoas cegas.

Tive a felicidade de estagiar 1 ano no projeto, e hoje, continuo ajudando com o que posso.

Se eu começar a falar de dosvox aqui, vai sair uma bíblia (risos).
É por que dosvox para mim, tem um valor sentimental imenso.
Mas eu ainda pretendo, se possível, falar e mostrar alguma coisa sobre isso.
Página do projeto dosvox:
http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox

Inclusive... já estou matutando aqui um cliente do tabnews rodando no dosvox, rs.

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Fabiano, gostei muito de ler seu comentário! Quer dizer, mais do que isso, eu ouvi o Filipe lendo seu comentário num vídeo do Youtube para os membros da turma!

Peço encarecidamente que não hesite em criar um issue no repositório do TabNews sobre os problemas que encontrar. Acredito que muitos programadores, assim como eu, tem dificuldade em desenvolver um sistema acessível simplesmente por não conhecer o que é importante para as pessoas com algum tipo de deficiência. Hoje mesmo eu aprendi que é importante ter um tradutor para a comunidade surda, mesmo que tudo no TabNews seja "texto".

Obrigado por compartilhar essa história aqui 🤝

Edit: Também será ótimo ler publicações suas sobre esse tipo de conteúdo. Com certeza ajudará a conscientizar mais desenvolvedores e desenvolvedoras.

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Olá Rafael, eu é que agradeço pela atenção de vocês!

Certamente me tornarei membro do canal.

É muito gratificante você falar em algum lugar e ser ouvido.
Infelizmente, nem sempre isso acontece.

Ainda tenho bastante dificuldade com a programação, mas tenho gosto pela área.

Github, por exemplo, é algo que ainda é novidade para mim.

Embora eu seja novo, minha história com programação começou com uma linguagem muito antiga, o Pascal.
Isso aconteceu por que existe uma outra solução de acessibilidade para cegos que ainda hoje, é escrita nessa linguagem, chamada Dosvox.

Dosvox é compilado com delphi6 e escrito, em sua maior parte, em pascal estruturado.

Um dia, gostaria de contar essa história entre mim, o Pascal e o dosvox.
Terão momentos felizes e momentos difíceis, como qualquer novela (risos).
Mas o resumo é que:
sou colaborador do projeto dosvox, já escrevi até um curso de como criar scripts no ambiente dosvox,
já tive a felicidade de ouvir um amigo dizer "Fiz o curso contigo, e com a base que você me deu continuei a estudar e fui contratado".
Mas, cometi o erro de parar no tempo, não acompanhei o andamento das coisas.

Isso ocorreu um pouco por ter ficado muito preso num tipo de projeto que ainda usa metodologias antigas.
Além disso, tem
as dificuldades que enfrentei na própria faculdade, o desafio de conseguir cursos e materiais realmente acessíveis para aprender programação (hoje já está mais fácil, mas não era assim a 10 anos atrás),
sem falar nos problemas com ansiedade e dificuldade de prestar atenção, que me persegue desde criança e já me prejudicou um bocado.

Ver algo como o tabnews foi simplesmente fantástico!

Se tem alguma coisa nesses moldes, não tomei conhecimento.

Pretendo aproveitar para me atualizar e sair um pouco do mundo estruturado do pascal, ter mais condições de bater um papo com alguém que trabalha na área, em fim...

Não creio que vá ser de hoje para amanhã, mas a gente tem que começar em algum momento!

Uma linguagem que a comunidade de programadores cegos gosta bastante é python, por exemplo.

NVDA é escrito em python, e, muitos programas para desktop que rodam no windows, focados em acessibilidade são escritos em python, usando wxpython.

Já andei dando uma paquerada em golang e rust, me agradaram bastante também.

Em fim... agora é tentar para de pular de galho em galho e focar em alguma coisa em específico... ou será que isso não é uma boa?
É sempre bom ouvir quem tem mais experiência que a gente.

Em fim, muito obrigado mais uma vez, e, no que eu puder ser útil, estarei aqui.

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Que sensacional Fabiano, eu iniciei programação também utilizando Pascal, mas infelizmente era uma época que eu não gostava de programar por não me achar competente. Alias, eu tinha certeza absoluta que eu nunca iria conseguir ser um programador de verdade. Somente aos 30 anos de idade que eu virei a chave, vesti a camisa e decidi me tornar um programador para valer!

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Interessante como temos histórias parecidas! Por muito tempo, julguei-me inapto a ser programador, por não entender conceitos básicos como orientação a objetos, métodos, classes, herança, polimofirsmo, e por aí vai. Mas ainda há tempo.. estou com 34, então ainda dá! kkk.

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Olá Fabiano, fico muito feliz em saber que um projeto tão legal para a comunidade têm também se preocupado a atender ao máximo de pessoas possíveis com implementações de acessibilidade incríveis como você citou. Obrigado pelo seu comentário, pois me acordou sobre essa questão, não havia antes passado pela minha cabeça que um site precisa também se preocupar com como as pessoas que não enxergam, por exemplo, consumirão aquele conteúdo. ❤️