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A linguagem de programação realmente importa?

Introdução

Para quem trabalha com software, não é raro ver discussões inflamadas sobre qual linguagem “vence” as demais. Às vezes a disputa se torna quase religiosa: pessoas defendem com unhas e dentes o Python, o JavaScript, o Java ou o Go como se existisse uma resposta universal. Essa percepção costuma aparecer na hora de escolher uma vaga ou mudar de carreira. Afinal, será que escolher a “linguagem certa” é um fator decisivo para conseguir um bom emprego?

No seu percurso profissional, comecei com C# em Web Forms e MVC, depois passei por .NET Framework tradicional, troquei para Go, voltei ao .NET no início do .NET Core 2 (quando era uma plataforma ainda imatura e sem várias APIs do Framework clássico) e fui parar em um time de arquitetura. Hoje sou engenheiro de software trabalhando com Java/Spring Boot, escrevo scripts em Python, cuido de um sistema inteiro (frontend em Angular, backend, DevOps, CI/CD, infraestrutura, escalabilidade, custos, integrações com serviços externos como Message Bird) e ainda desenvolvi um face matcher para reconhecimento facial. Além disso, pego demandas em Java na empresa e integro projetos como ghost.io. Minha trajetória me ensinou que mudar de stack não só é possível como nos torna melhores profissionais.

Para construir este artigo, reuni pesquisas recentes e reflexões de especialistas para responder à pergunta: “Linguagem de programação realmente importa?”. Divido o texto em duas versões: uma mais completa para um artigo no Tabnews e uma versão mais enxuta para o LinkedIn.

O que dizem as pesquisas de mercado

Ao analisar a demanda de mercado, percebemos que diferentes linguagens ocupam nichos específicos. Um artigo da Digis, baseado na pesquisa Stack Overflow 2024, mostra que em 2025 Python continua dominando graças à explosão de inteligência artificial e ciência de dados. JavaScript segue como espinha dorsal da web, sendo indispensável para interfaces e cada vez mais presente no backend com Node.js. Java permanece forte no mundo corporativo por causa da estabilidade e da compatibilidade com versões anteriores. C++ ainda é imbatível quando desempenho é prioridade (games, sistemas embarcados), e Go desponta como a favorita para aplicações cloud‑native e microserviços
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. A própria Digis observa que essa popularidade está ligada a fatores como novas tendências (IA, cloud), frameworks e necessidades de negócios
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.

O relatório também explica por que Python brilha: bibliotecas como TensorFlow, PyTorch e scikit‑learn impulsionam IA e machine learning; pandas e NumPy são essenciais em ciência de dados; frameworks como Django e Flask tornam o desenvolvimento web rápido; e scripts em Python automatizam tarefas
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. JavaScript se destaca porque frameworks como React, Angular e Vue.js facilitam UIs dinâmicas, Node.js permite back‑ends inteiros com a mesma linguagem e o React Native possibilita apps móveis multiplataforma
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. Já Java é valorizado pela estabilidade e enorme ecossistema de frameworks (Spring) e pela longevidade do código corporativo
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. C++ continua fundamental quando se exige controle total de memória e velocidade
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. Go ganha força pela sintaxe simples, excelente suporte a concorrência (goroutines) e performance, tornando‑o ideal para microserviços e ferramentas de infraestrutura
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.

Embora as estatísticas mostrem tendências, elas não dizem que uma linguagem é “a melhor” para tudo; cada uma atende a contextos específicos.

O que as linguagens têm em comum

Uma dúvida comum entre iniciantes é: “E se eu escolher a linguagem errada?” A Codecademy explica que é praticamente impossível fazer essa escolha “errada”: todas as linguagens compartilham conceitos como variáveis, condicionais, loops, listas e funções
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. Quem domina esses fundamentos consegue migrar para outras linguagens com facilidade
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. Além disso, os programadores normalmente precisam conhecer várias linguagens ao longo da carreira; raramente alguém escreve código em apenas um idioma. O artigo destaca que a experiência em diferentes linguagens amplia o que se pode realizar e que não é preciso ser expert em uma para começar a aprender outra
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.

A mesma fonte lembra que uma linguagem é apenas uma ferramenta: o papel do desenvolvedor é saber qual ferramenta usar para resolver um problema
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. Mais importante do que memorizar cada detalhe de uma sintaxe é aprimorar habilidades como pensamento lógico, resolução de problemas e comunicação
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.

Problemas antes de linguagens

O foco em resolver problemas aparece em outras referências. Um post da escola Coyotiv comenta que a engenharia de software é, em essência, resolução de problemas; o código é apenas um meio
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. O texto afirma que muitos iniciantes passam tempo demais aprendendo frameworks sem entender que o trabalho real é encontrar soluções eficientes
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. Grandes empresas, inclusive, valorizam a capacidade de raciocinar e pensar “fora da caixa” muito mais do que um conhecimento específico de linguagem
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.

George Stocker, consultor em desenvolvimento, enfatiza que não existe a linguagem perfeita. Em seu artigo “There is no ‘Best’ Tool”, ele explica que o melhor stack depende da equipe e do contexto empresarial: a linguagem e o framework servem à equipe, e não o contrário
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. A decisão precisa considerar o que o time já conhece e o que a empresa precisa entregar. Em outra publicação, ele critica a elitização da programação e argumenta que ninguém do lado de negócios se importa com sua linguagem favorita; o que importa é entregar valor ao usuário. A escolha da stack deve levar em conta necessidades da equipe, do negócio e dos clientes
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.

Ross Fenning, engenheiro de software, concorda que quase todas as linguagens são Turing‑completas e podem resolver os mesmos problemas, mas lembra que a escolha vai além de sintaxe: deve-se olhar para o ecossistema, bibliotecas, frameworks e comunidade da linguagem
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. Muitos escolhem Python porque querem usar Jupyter, NumPy ou Django; ou aprendem Ruby por causa do Cucumber
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. Ele destaca que a maturidade das bibliotecas, a disponibilidade de exemplos e a comunidade são fatores objetivos que pesam na escolha
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.

Alexandru Burlacu, em seu artigo sobre como escolher linguagens para projetos, reforça essa visão. Segundo ele, motivos como “a linguagem está na moda” ou “quero aprender algo novo” servem para projetos pessoais, mas para projetos comerciais é melhor considerar ferramentas que o time conhece bem
alexandruburlacu.github.io
. Ao escolher uma linguagem, vale perguntar: quão bem documentada ela é? Está ativa e evoluindo? Quantas dependências possui? Como é a estabilidade? E como é o ecossistema?
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. Em nível de negócios, entram fatores como disponibilidade de profissionais, custo de contratação, facilidade de treinar novos devs e entusiasmo da comunidade
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O que tudo isso significa na prática

Juntando os pontos, podemos tirar algumas lições práticas:

Domine fundamentos antes de se apegar à linguagem. Conceitos como estruturas de dados, orientação a objetos, programação funcional, design patterns e princípios de arquitetura valem para qualquer linguagem. Como explica a Codecademy, dominar uma linguagem facilita aprender outras
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.

Desenvolva habilidades de resolução de problemas. Empresas buscam pessoas que saibam analisar um desafio, encontrar a melhor solução e implementá-la. O foco deve estar no problema, não na ferramenta
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.

Considere o ecossistema e o contexto do projeto. Para certas áreas (por exemplo, ciência de dados, web, jogos ou cloud), algumas linguagens possuem bibliotecas maduras e comunidades grandes
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. Ignorar isso pode resultar em perda de produtividade ou dificuldade de contratar gente qualificada
alexandruburlacu.github.io
.

Adapte-se às necessidades da equipe e do negócio. A melhor linguagem é aquela que a equipe domina e que atende às exigências do projeto. Aprender uma tecnologia muito nova pode atrasar entregas e aumentar riscos
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. Avalie fatores como estabilidade, talento no mercado e custo
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.

Invista em aprendizagem contínua. Não há como escapar de aprender novas linguagens ou ferramentas. A tecnologia evolui rápido e diversificar seu repertório é uma vantagem competitiva
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.

Minha experiência: saltando entre linguagens

Ao longo da minha carreira, notei na prática como esses princípios se confirmam. Comecei com C# em aplicações web (Web Forms e MVC) e mergulhei no .NET Framework, conhecendo conceitos como garbage collection, orientação a objetos e design de APIs. Quando migrei para Go, precisei aprender uma nova sintaxe e um modelo de concorrência diferente (goroutines), mas os conceitos de orientação a objetos, design de APIs REST e arquitetura de sistemas continuaram se aplicando. Voltar ao .NET Core trouxe novos desafios, pois vários métodos disponíveis no Framework clássico ainda não existiam na versão Core. Isso exigiu criatividade para implementar funcionalidades que antes eram trivialmente chamadas de biblioteca.

Em seguida, passei para um time de arquitetura, onde precisei avaliar tecnologias, padrões de código e decisões sobre frameworks. Nessa função percebi claramente que a escolha da linguagem precisava levar em conta a maturidade do ecossistema, a disponibilidade de profissionais e a manutenibilidade do código.

Hoje, como engenheiro de software trabalhando em uma empresa com stack Java/Spring Boot, sigo os mesmos princípios: foco em resolver problemas, desenhar uma boa arquitetura e entregar valor. Em paralelo, mantenho um sistema completo escrito em Python e Angular, cuidando de CI/CD, infraestrutura, escalabilidade, custos e integrações externas. Recentemente, desenvolvi um face matcher para reconhecimento facial e participei de um projeto para integrar com Ghost.io. Essas experiências mostram que, independentemente da linguagem, é possível aplicar boas práticas de engenharia, desde que se entenda o problema e o contexto.

### O que aprendi com essas transições

As dificuldades iniciais são temporárias. Toda troca de linguagem causa insegurança, mas logo percebemos que conceitos como MVC, APIs REST, testes e padrões de arquitetura são reutilizáveis.

Ferramentas maduras economizam tempo. Usar frameworks estáveis (como Spring ou Django) e linguagens com boas bibliotecas reduz o esforço de reinventar a roda. Isso confirma a importância do ecossistema
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Participar de decisões arquiteturais amplia a visão. Ao avaliar tecnologias para projetos, entendi que fatores de negócios (custo, disponibilidade de pessoas) pesam tanto quanto performance ou sintaxe.

Ser generalista aumenta a empregabilidade. Saber Java, Go, C#, Python e JavaScript me permite transitar por diversas vagas e me adaptar rapidamente a novas demandas. A Codecademy ressalta que programadores normalmente utilizam mais de uma linguagem
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.

O valor entregue ao usuário é o que conta. Ferramentas bonitas não garantem sucesso; o importante é fornecer software funcional, confiável e útil.

Dicas para quem busca vagas

Defina seu objetivo de carreira. Se você gosta de web, invista em linguagens e frameworks que dominam esse mercado, como JavaScript/TypeScript e frameworks modernos (React, Angular, Vue) e complementares como Node.js. Se prefere data science ou IA, Python é essencial. Para sistemas de alto desempenho, estude C++ ou Rust. Mas nunca descarte aprender outras linguagens conforme a necessidade
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Concentre-se em fundamentos de computação. Estruturas de dados, algoritmos, design de sistemas e padrões de arquitetura são cobrados em entrevistas e podem ser aplicados em qualquer stack.

Aprenda boas práticas de engenharia. Testes automatizados, integração contínua, versionamento, segurança, observabilidade e DevOps são habilidades cada vez mais valorizadas e independem da linguagem.

Construa projetos práticos. Ter um portfólio com aplicações reais (mesmo que pessoais) demonstra capacidade de aprender e aplicar diferentes tecnologias.

Esteja aberto a aprender. A tecnologia muda constantemente. Estar disposto a experimentar novas linguagens, frameworks e paradigmas mostra adaptabilidade – qualidade que recrutadores valorizam.

### Conclusão: então, a linguagem importa?

Analisando pesquisas de mercado, opiniões de especialistas e experiências práticas, chega‑se a uma resposta equilibrada:

Sim e não. A linguagem importa quando pensamos em domínio (ex.: Python para IA, JavaScript para web, Java para back‑ends corporativos). Como ressalta Ross Fenning, o ecossistema e as bibliotecas disponíveis podem tornar algumas linguagens mais adequadas a certos problemas
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. Estudos recentes mostram que linguagens como Python, JavaScript, Java, C++ e Go estão em alta em 2025
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Mas a linguagem é secundária. Todas as linguagens compartilham conceitos básicos
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, e a habilidade de resolver problemas é o fator determinante para o sucesso na carreira
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. A melhor linguagem é aquela que o time domina e que atende às necessidades do projeto
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O que realmente importa é a combinação de habilidades: raciocínio lógico, boa arquitetura, domínio de fundamentos, conhecimento do domínio de negócio e capacidade de aprender continuamente. Seguindo esses princípios, você poderá transitar entre linguagens e evoluir profissionalmente sem ficar preso a uma tecnologia específica.

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