De alguém que temia se expor: como me abrir às pessoas e às oportunidades mudou minha vida
Sempre fui uma pessoa que prefere passar despercebida
Pra mim isso faz sentido. Parece a coisa mais inteligente a se fazer. Exposição vem com muitos perigos, tanto práticos, quanto subjetivos.
Ao me expor, passo a ser observado, recebo críticas, posso gerar expectativas nos outros. Com isso, vem ansiedade e culpa por não entregar aquilo que esperam de mim.
Mesmo com esse pensamento, desde pequeno eu tento me expor, sem muito ponderar sobre o porquê disso.
Já tive canais no YouTube, páginas no Facebook - uma delas era de tecnologia e tinha o memorável nome "Super Programas do Joel", SPJ para os íntimos. Nessa época, comecei a brincar mais com o computador, editava o HTML de páginas web e fazia programinhas em linguagem de batch do Windows.
Mas é claro que os canais e as páginas não existem mais. Eu tinha medo de me expor. Apesar de tentar, ainda sem entender por que, eu desistia desses projetos muito rapidamente.
Minha história com projetos que começo e nunca termino é longa, assunto para um futuro post. Mas o que quero dizer com esse breve background é que o medo da exposição me impediu, por muito tempo, de fazer o que eu queria e de aproveitar dos seus benefícios até então desconhecidos pra mim.
Minha carreira começou, e segue, porque eu me expus
Meu primeiro emprego veio "do nada".
Durante a pandemia, comecei a estudar desenvolvimento web e, por isso, fazia parte de comunidades de outras pessoas fazendo o mesmo. Nessa época eu conheci o canal da Rafaella Ballerini (um abraço pra você, se estiver lendo isso) e entrei na sua comunidade do Discord. Lá, eu interagia quase todos os dias. Conversava com muita gente, compartilhava o que estava aprendendo, tirava dúvidas, respondia dúvidas e tudo mais que as pessoas fazem em comunidades do tipo.
Com o tempo, essa participação me aproximou da staff do servidor e, algumas semanas depois, eu estava lá, em um canal dedicado às conversas da moderação.
Estar nessa comunidade, interagir e compartilhar tempo e conhecimento com outras pessoas me rendeu um emprego.
Foi num dia qualquer em que a Rafa compartilhou que o Gabriel Pato (você deve conhecer) havia descoberto seu canal e procurava alguém para desenvolver a plataforma do seu curso "Do Bug ao Bounty". Ela prontamente me indicou.
Trabalhei nesse projeto pelos dois anos seguintes. Uma oportunidade que, na verdade, não veio "do nada", mas sim do fato de eu ter me exposto.
A exposição me fez crescer sem que eu percebesse
Mais recentemente, acordei um dia e decidi que precisava mudar a forma como me relacionava com as pessoas.
Em 2023, percebi que estava vivendo no piloto automático desde o início da pandemia do COVID-19. É um mecanismo de defesa bastante útil, ideal para "viver um dia de cada vez", mas que, ao longo prazo, minou a minha capacidade de desejar, planejar e conquistar qualquer coisa pra minha vida.
Foi então que, tentando sair do automático, resolvi me expor mais, dessa vez ciente do que estava fazendo. Na faculdade, comecei a puxar assunto com os calouros. Com os amigos, passei a demonstrar mais vulnerabilidade.
Nessa época, tinha o hábito de escrever todos os dias, o que me ajudou a me entender melhor e a falar sobre meus sentimentos, quase como terapia.
Os resultados foram surpreendentes. Em 2023, eu fiz novos amigos, fortaleci a minha conexão com os amigos já existentes e tirei essa ideia da minha cabeça de que se expor não vale o risco. Tive o apoio de muitas pessoas que provavelmente nem imaginam que sou grato por algo que fizeram.
Me expor sempre me fez crescer assim, eu só não percebia.
Me expor me permitiu recomeçar
Fui demitido no meio de 2023.
Durante o tempo em que estive no último emprego, não me esforçava para me desenvolver em outras habilidades além daquelas do trabalho. Estava confortável, apenas me preocupava em continuar a faculdade e em entregar o que precisava na semana.
Isso, obviamente, foi um erro. Outro tema para um post futuro.
Sem emprego, sem provas concretas do meu conhecimento fora do trabalho e, pra completar, dessa vez buscando uma vaga como desenvolvedor, não mais como designer de UX (o que havia feito nos últimos dois anos), eu mal sabia por onde recomeçar.
Nesse período, voltei a ser sustentado integralmente pela minha mãe, que, graças a Deus, pôde me manter estudando longe de casa. Sou muito grato por isso. Te amo, mamãe.
Para encontrar um emprego novo, eu fiz o que todo mundo faz: corri atrás do prejuízo estudando desde os fundamentos, criei currículos, procurei vagas no LinkedIn, me candidatei. Mas o que mudou o jogo foi dar minha cara a tapa, em outras palavras, me expor.
Ouvi de uma amiga - Beatriz, com quem fiz amizade na saga de me expor mais às pessoas no início do ano - que uma startup incubada na nossa universidade poderia estar procurando um desenvolvedor para estagiar.
Algum tempo antes, tive uma apresentação na aula de Engenharia de Software sobre processos de desenvolvimento de produto, especificamente sobre como essa startup fazia a gestão de seus processos. A startup em questão é a NexAtlas, onde trabalho no momento, e acredito que como vim parar aqui começou, na verdade, com uma pergunta após essa apresentação, ao CTO da empresa.
Fiz a pergunta ao Cristiano (o CTO e quem fez a apresentação) pelo LinkedIn depois da apresentação. Foi uma interação curta de pergunta, resposta e agradecimento.
Mas essa interação curta, meses depois, foi o ponto de partida para uma nova conversa.
Essa conversa que iniciei porque uma amiga me falou da oportunidade. Alguém que eu não conheceria se não tivesse me exposto.
Aliás, essa amiga, a Beatriz, hoje também é minha namorada (oi, amor!).
Então por que criei um blog em pleno 2025?
Acho que, se alguém fizesse essa pergunta, ela já estaria respondida a esta altura.
Este artigo não nasceu aqui no Tabnews, mas faz parte do site pessoal e blog que eu criei com o propósito de me expor aqui na interwebs de maneira mais controlada e de modo a passar um pouco da minha personalidade pro leitor. Dá uma olhada lá: https://blog.joevtap.com/
O blog será um livro aberto sobre minhas ideias, pensamentos e aprendizados - não só sobre tecnologia ou vida pessoal, mas sobre o que estiver passando pela minha cabeça na hora de escrever. E o formato de blog é simplesmente pela praticidade.
Enfim, exposição tem, sim, seus riscos. Mas, depois de todo esse tempo temendo, agora estou aberto para o que vier, de bom e de ruim.
Dito isso,
Hello, World! Hello, Tabnews!
Fonte: https://blog.joevtap.com/