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Por que devs quebram mesmo ganhando bem: o lifestyle creep que ninguém fala

Esses dias tava pensando numa coisa: por que tanto dev que conheço reclama que tá apertado no fim do mês, mesmo ganhando bem? Aí me lembrei de uma fase da minha própria experiência que foi bem esclarecedora.

Lembro que quando comecei a ganhar melhor, a primeira coisa que fiz foi "melhorar" umas coisas básicas. Troquei aquele plano de 10 mega da Net (quem lembra?) por um de fibra bem mais caro, assinei Netflix, Amazon Prime, Spotify premium, Disney+... Comecei a pedir mais delivery porque "não tinha tempo pra cozinhar". Comprei um setup gamer que custou uns 5k porque "ia me ajudar a programar melhor".

Resultado? Mesmo ganhando mais, eu continuava sem conseguir juntar dinheiro. Esse é o lifestyle creep, ou inflação do estilo de vida, e é um problema real na nossa área.

O problema é estrutural no mundo tech

Nossa área tem uma cultura muito específica que facilita esse problema. Os salários podem crescer rápido quando você evolui. Existe uma pressão pra "estar por dentro" das últimas tecnologias, gadgets, cursos, conferências. A cultura de startup meio que normalizou a ideia de que trabalhar muito te dá direito a gastar muito.

Pior ainda: a maioria dos devs não tem educação financeira. Passamos anos estudando algoritmos e padrões de design, mas ninguém ensina a gente a gerenciar grana. O resultado é que muita gente fica presa numa corrida dos ratos high-tech.

Como aprendi a lidar com isso

Após passar por essa experiência, aprendi algumas coisas na prática:

  • Primeiro, automatizei tudo. Assim que o salário cai, uma parte já vai direto pro investimento. Não sobra na conta-corrente pra eu gastar. Simples assim.

  • Segundo, comecei a questionar cada "upgrade". Aquele monitor 4K de 2k realmente vai me tornar um dev melhor? Ou é só ego? Na maioria das vezes é só ego.

  • Terceiro, defini objetivos claros. Hoje sei exatamente pra que estou juntando dinheiro. Não é só "poupar porque é bom". É pra ter liberdade de escolher projetos, trabalhar remoto de qualquer lugar, ou até mesmo empreender sem medo.

Exemplos práticos do dia a dia

Vou dar uns exemplos concretos de como o lifestyle creep age:

  • Internet: Você tá com aquele plano básico de 100 mega da Vivo fibra por 80 reais. Aí você ganha um aumento e pensa "agora posso pegar o de 500 mega por 150". Mas sinceramente, pra programar, você sente diferença? Raramente.

  • Delivery: Antes você cozinhava e gastava uns 300 reais de mercado no mês. Agora você pede delivery 3x por semana porque "tá sem tempo". São 50 reais por pedido, x3 por semana, x4 semanas = 600 reais. Dobrou o gasto com comida.

  • Setup: Seu notebook i5 com 8GB roda seus projetos tranquilo. Mas você vê um i7 com 32GB por 8k e pensa "vai me ajudar a ser mais produtivo". Compra parcelado, mais 400 reais por mês durante 2 anos.

  • Assinaturas: Netflix (25), Amazon Prime (15), Disney+ (28), Spotify (17), Adobe Creative (90), curso online (197), GitHub Pro (7), Figma (12). São mais de 390 reais por mês só em assinaturas. Você usa tudo isso?

O ponto não é ser mão de vaca. É ser intencional com o dinheiro. Se eu quero comprar algo caro, beleza, mas vai entrar no planejamento, não vai ser impulso.

O que funciona na prática

Uma coisa que mudou minha vida foi tratar investimento como uma conta fixa. Tipo, do mesmo jeito que você paga internet todo mês, você "paga" seu futuro todo mês. É automático, não tem discussão.

Outra coisa importante: revisar os gastos regularmente. Eu faço isso a cada 3 meses. Sempre tem alguma assinatura esquecida ou gasto que não faz mais sentido. A maior dica aqui é sempre usar o cartão virtual, e cancelá-lo de tempos em tempos. Isso é como mágica para economizar.

E por último: encontrar formas baratas ou gratuitas de fazer o que você gosta. Quer aprender uma tecnologia nova? Tem curso gratuito no YouTube. Quer networking? Tem meetup gratuito. Não precisa sempre ir pelo caminho mais caro.

Três livros que mudaram minha perspectiva

"Pai Rico, Pai Pobre" do Robert Kiyosaki - Clássico, mas funciona. Mudou completamente como eu vejo dinheiro e ativos. Principalmente a diferença entre ter um salário alto e ser rico de verdade.

"O Homem Mais Rico da Babilônia" do George S. Clason - Parece antigo, mas os princípios são atemporais. A regra de guardar pelo menos 10% de tudo que você ganha é ouro puro.

"Secrets of the Millionaire Mind" do T. Harv Eker - Esse aqui mexe com a cabeça. Fala sobre como nossa mentalidade sobre dinheiro afeta nossas decisões financeiras. Foi fundamental pra eu entender meus próprios padrões de gasto.

Se quiser adquirir os 3 de uma vez com um bom desconto, peguei o link para facilitar sua vida. Livros são o melhor investimento para o futuro.

Falei sobre Lifestyle Creep no meu blog de forma mais aprofundada... Segue o link para quem quiser aprender mais

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Cara, ao meu ver, o problema é mto mais fundo do q vc cita. Por mais q vc foque só em dev, isso é uma percepção com base na sua experiência como dev, mas isso é mto mais amplo q não cai só na nossa profissão.

O problema principal é o fator social-educacional impregnado em nosso país. Em nossa educação não inclui educação financeira, então quem ganha isso sai na frente, pois aprende e entende a lidar com dinheiro de forma sustentável. E msm q a gente tivesse nas escolas, a grande maioria já tem problema de aprender a educação básica, imagina aprender sobre finanças e auto-controle.
Tbm tem o social q é de nossa cultura, pois a maioria do povo vem da pobreza, então não tem esse conhecimento passado de geração para geração em mtas famílias. Geralmente os filhos são só jogados no mundo para trabalhar e ganhar dinheiro, e nunca são instruídos para aprender como gastar o dinheiro, pois acabam focando no consumismo de sobrevivência como alimento e moradia. Ai qndo sobra, gastam no q desejam sem pensar no futuro.

E tbm tem outro problema q vivemos em uma era tecnológica. Diferente de antes, hj temos mto mais acesso e facilidade aos produtos, ou seja, o consumismo é mto mais fácil. Não q eu seja contra consumir, mas as pessoas, por não aprender o auto-controle, simplesmente vão lá e compram sem pensar, pois é fácil, só com alguns cliques o produto já está comprado. Os piores são os estilos de compras focados em assinaturas, onde atualmente virou meio q uma obrigação/modinha as empresas ter, e isso tbm se tornou algo fácil para os consumidores usufruírem, já q está lá todo prontinho para ser utilizado.

Então assim, infelizmente o q vc citou é apenas a parte superficial do causador. Isso vem de mtos problemas de nossa cultura assim como o problema da nova cultura (era da tecnologia), mas tenho certeza q terá mto mais pontos q ainda não consigo enxergar q pode ter aumentado mais essse problema q temos em nossa sociedade.

Por mais q meus pais nunca me ensinaram direito o valor do dinheiro, eles me ensinaram a economizar. Por causa disso sempre vivi no estilo pão duro e sempre vivi regulando de fazer algo, porém nunca passei necessidade. Mas hj em dia eu mudei minha visão e comecei a gastar mais com parcimônia e tbm aprendi a multiplicar o dinheiro. Agora eu vejo o quanto teria sido diferente se meus pais/escola tivessem ensinado a gastar com consciência, pois dinheiro é apenas um meio de troca.

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Esse é um problema que muita gente tem, inclusive alguns orgãos por ai...

Quanto mais se ganha, mas acham que podem gastar. O que é verdade em partes. Muita coisa pode ser cortada mesmo tendo o dinheiro para gastar, e garantir uma margem de lucro de verdade.

Coisas como delivery, uma placa de vídeo que algum influenciador vendeu como perfeita para jogos, sendo que uma RX 580 ainda resolve 90% dos problemas de praticamente qualquer jogo e a um preço bom, ou comprar celulares apenas por comprar, como os Iphone que na prática é apenas status e não tem praticamente nada de diferente do android, além de ser "mais seguro" Por ser mais rígido com os leigos. Ou gastar em apostas para ganhar mais.

Enfim, tem uma série de coisas que contribui para isso. E não precisa gastar muito. Por exemplo, esses dias eu notei que gastei cerca de 4.000 reais na minha Steam, desde 2022 para metade de 2025. O jogo mais caro que comprei foi Darksouls por 77 reais. O resto normalmente ficava em promoção por 20 reais, 25... E um gasto acumulativo. Aquele almoço que pedimos por estar sem tempo, é um dos que mais consume o seu dinheiro.

Você encontrou formas que te ajudam. Para mim é o auto-controle. Com isso eu simplesmente não gasto nada até haver a necessidade clara disso. Tem funcionado. E mais dinheiro tem sobrado.

O mais incrível é que é como feijão com arroz. Se você fizer o básico e bem feito, sobra mais.

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Acho que os exemplos do dia a dia foram um bem infelizes.

Atualizar setup é um gasto mísero, vc vai gastar 10 mil pra durar 5 anos ou mais (20 se quiser se modinha e comprar mac). O que realmente consome grande fatia do dinheiro é carro e casa. Não adianta ficar economizando em comida e assinatura e depois empatar 80 mil num Kwid zero.

Um notebook com 8GB de ram vai sim atrapalhar sua produtividade, é inconcebível usar 8GB em 2025. Mas dependendo do caso não precisa comprar um novo, mas dar upgrade. Eu tenho um notebook de uns 5 anos aqui e não vejo muita diferença pra trabalho (apesar de ele ser bem pior pra jogos do que um mais recente).

Teclado e monitor? Vale muito a pena. É conforto. Vc passa 8h por dia trabalhando neles. Você usa pra caralho.

Se você usa, vale a pena. O problema é gastar dinheiro com coisa que vai ficar parada pra ficar de decoração.

Assinaturas? A maioria delas vc usa esporadicamente.

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Excelente reflexão! Isso acontece com muitas pessoas que começam a ganhar mais e ainda não têm noção de finanças pessoais. Eu li os livros que você recomendou e, de fato, eles mudam a mentalidade. Para quem ainda não leu, recomendo começar por O Homem Mais Rico da Babilônia.
Um diferencial que tem me ajudado muito é o aplicativo Ganhos e Gastos — eu registro tudo o que ganho e gasto direto pelo WhatsApp. O app ainda oferece sugestões de economia com IA, o que tem sido um grande plus na minha organização financeira.
https://ganhosegastos.com/app/

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Tenho parentes (não devs) que ganham +10k/mês e dão um jetio de torrar tudo, meus dois centavos é que isso é pelo "pertencimento", poder falar na rodinha do bar sobre a última série na Netflix, como é legal andar num BYD, como foi viajar pra Espanha, "olha meu novo iPhone 16 Pro"... No primeiro "não assisto séries" que mando num ambiente desses já viro invisível.

Nem precisa ler esses livros (bem fracos, por sinal), só de você cuidar da própria vida consequentemente vai aprender a gerir o próprio dinheiro.

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Concordo em partes, meu caro.
A questão do pertencimento é de fato crônica no Brasil. Quem ganha acima de 10k hoje já é considerado classe média, ou pobre premium. Parte da cultura é mostrar que está bem mesmo não estando. As pessoas se preocupam demais com o que as outras pensam, e pra mim o mal está aí.

Nem precisa ler esses livros (bem fracos, por sinal), só de você cuidar da própria vida consequentemente vai aprender a gerir o próprio dinheiro.

Não concordo de maneira alguma, e aqui posso ser categórico. Gestão financeira no nosso país é algo que falta desde a base. Eu era uma pessoa assim, caí de paraquedas na vida adulta, com criança para alimentar, sub emprego pagando 1 salário mínimo e zero noção de dinheiro. Pra mim dinheiro era o que mandava, era escravo do banco, da empresa de energia elétrica, sabesp... Vivia na verdadeira corrida dos ratos.
Ler pela primeira vez o Pai Rico Pai Pobre não fez minha vida mudar da água pro vinho, mas já me mostrou o que estava fazendo de errado e poderia fazer certo.

Não tinha noção alguma de como guardar dinheiro, nem do poder dos juros compostos. O Homem Mais Rico da Babilônia abriu meus olhos para essa forma de pensar.

Pra mim esses livros foram como ouro. Pode ser que pra você não funcione, seja algo até bobo de tão obvio.

Não é porque sabemos algo que devemos presumir que o mundo todo também sabe.

Abraços