Testei o GPT5 PRO a versão mais cara do GPT "Inteligência a nível de pesquisa" - Só que não.
Olá, meus amigos! Mais um artigo da antiga série de dois anos: "A revolução da inteligência artificial... só que não!"
Abaixo seguem os artigos desde o início, para quem quiser ler toda a série:
1- https://www.tabnews.com.br/macnator/a-revolucao-da-inteligencia-artificial-so-que-nao-artigo
2 - https://www.tabnews.com.br/macnator/a-revolucao-da-inteligencia-artificial-so-que-nao-parte-2-artigo
3 - https://www.tabnews.com.br/macnator/a-revolucao-da-inteligencia-artificial-so-que-nao-parte-3
4 - Você esta aqui!
Sem mais delongas, vamos ao conteúdo.
Minha premissa inicial era descobrir se a versão mais poderosa do GPT — o GPT-5 Pro, considerado pela OpenAI como "inteligência artificial em nível de pesquisa" — era capaz de substituir um dev júnior, ou quem sabe até mais.
Confesso que, inicialmente, me surpreendi com a janela de contexto, o que realmente é um pé no saco limitador para quem programa. Se você já tentou criar algo mais extenso em qualquer IA, sabe do que estou falando. É o mesmo que tentar trabalhar com um programador chato e que tem Alzheimer. Toda hora você precisa relembrá-lo exatamente do que estamos falando.
Já no GPT Pro, essa janela de contexto realmente é bem maior. Mas tem um segredinho que não te contam: o bicho comete tantos erros que, logo, o contexto vai ficar enorme.
Trabalhar com o formato de projetos no GPT-5 Pro — ou "Thinking", para quem paga o intermediário de 20 dólares — é melhor, sem dúvida. Usar agentes para programar também é mais produtivo do que o chat simples, em ambos os casos.
Ao usar projetos, podemos carregar, por exemplo, toda a documentação do projeto em um único arquivo, o que facilita o tratamento do "Alzheimer", bem como manter todos os chats num contexto só.
Bom, quanto à inteligência em nível de pesquisa... esqueça. Realmente é melhor que o GPT Thinking, mas não tão melhor assim. E, via API, o preço é proibitivo — a menos que esteja afim de pagar na faixa de 1 dólar por requisição. É claro que existem muitos meios de melhorar a performance.
O preço do GPT Pro via ChatGPT é de duzentos dólares, pouco mais de mil reais ao mês. E, por incrível que pareça, se você é um bom programador, vale a pena — mas só se você sabe o que está fazendo. Do contrário, a frustração será ainda maior, porque não vai conseguir desenvolver projetos complexos e ainda vai pagar mais.
Conclusão direta:
Ele já substitui o dev júnior, sim. Mas ainda é mais caro que um dev júnior e só funciona direito se usado via API com diversos agentes, cada um cuidando de uma coisa. Senão, sozinho, ele não faz nada. Apenas um agente vai enfrentar diversos problemas. Você tem que ter um revisando segurança, outro cuidando do contexto, outro cuidando da programação de uma etapa e outros de outras etapas. Ou seja, ele realmente pode agir como uma equipe de devs se bem organizado e programado — mas somente pessoas com experiência em agentes e programação vão conseguir fazer isso. E o preço disso ainda é proibitivo comparado ao salário dos devs.
Uma boa dica que eu posso te dar, se você está tentando criar algo, é não tratar os modelos como IA seguindo o hype, e sim realmente pelo que eles são. E aí talvez esteja o grande furo que leva a maioria à frustração: eles não são IAs, são modelos avançados de predição estatística — exatamente como um corretor ortográfico de celular que tenta adivinhar o que você está tentando escrever, só que muito maior. Muito maior mesmo. E aí é que os usuários talvez não entendam uma coisa básica: ele não vai tentar fazer o que você pede, mas sim prever o que você quer ler, mesmo que isso esteja errado.
Ou seja, muitas vezes os modelos vão tentar prever o que você quer ouvir, digamos assim, e não o que pediu. Por isso, códigos vêm com erros, mesmo o modelo afirmando que é isso que você precisa. Por isso, seus pedidos e prompts precisam seguir essa ideia: pedir a ele a previsão correta do que o código precisa fazer — e não o que você quer que o código faça. E aí entra a experiência em programação.
Existe, para a máquina, uma grande diferença entre você dizer a ela que quer um site bonito e dizer que quer o código completo em HTML que siga um fluxo lógico exato.
Na primeira opção, ela vai fazer o que acha que você quer — e provavelmente vai fazer besteira. Na segunda, ela vai tentar prever que códigos criam as especificações exatas e tem um potencial de cometer muito menos erros. Por isso, ter diversos agentes monitorando inclusive a parte lógica funciona.
Eu acredito que é apenas uma questão de preço para que indústrias inteiras substituam pessoas. Sem dúvida nenhuma, isso já está acontecendo — e vai piorar. Não importa o hype nisso. Bons gestores de empresas nem se importam com hype. Hype é para meros mortais. Bons gestores calculam números, e isso pesa na balança. A grande maioria não se importa com o lado humano do emprego — eles querem lucro. E por isso ainda não é possível substituir 100% do quadro de pessoal. Mas acredite: essa hora vai chegar.
Logo, vamos ver um efeito que é o seguinte: empresas que não usam IA vão ter dois caminhos. Ou se tornarão especiais — ou seja, contarão com um time humano excepcional, por exemplo, muitos profissionais extremamente qualificados lutando contra empresas que trabalham majoritariamente com IA — ou vão quebrar e fechar as portas.
Do outro lado, teremos fornecedoras de IA contratando times excepcionais para competirem entre si — até a IA substituir a maioria dos excepcionais.
E, por último, teremos o consumidor, que não está nem aí para isso e quer seu problema resolvido — e quer um humano atendendo ele quando tem um problema.
O que também vai ser resolvido quando o consumidor for trocado também pela IA. E acredite: isso vai ocorrer rapidinho. Logo, IAs vão fazer as compras — e não humanos. Porque o próprio mercado está empurrando os consumidores para isso. A maioria das pessoas não suporta mais ser atendida por chatbots. Então, se você pode fazer um pedido de compra para seu assistente pessoal de IA sem ter que enfrentar um chatbot, você vai fazer isso — se confiar nele.
Não estou pondo em análise aqui o que faremos com milhões de desempregados. Existem propostas para isso já, e eu até apoio algumas delas, como a renda básica universal. Afinal, como dizia o saudoso Seu Madruga: "Trabalho nenhum é ruim. Ruim é ter que trabalhar."