Executando verificação de segurança...
3

Sim, você tem toda razão e quase todo mundo não entende isso. Jocosamente, eu diria que quanto mais experiente a pessoa é, menos ela entende de UX de backend, afinal ela quer colocar todas as belezinhas que aprendeu, pôr no currículo e dizer que é um super sênior, mas na verdade é o oposto — pelo menos alguns deles beiram a idiotia.

Eu já não tenho como quantificar mais os problemas que tive em sites e apps, e eu desisti da operação, compra... Muitas vezes fui no presencial, no concorrente, porque o software feito é um lixo. Sim, ele pode até parecer bonitinho, mas o predicado dele é lixo e dificulta muito ou impossibilita o uso. Em geral, quando você reclama, eles dizem que não há problema algum, eu é que não sei usar.

Então tá bom, um programador extremamente experiente em 40 anos, que estudou bem UX, sabe até dizer como aquilo foi programado, não sabe usar. Só leigos que conseguem usar. Bem, muitas vezes minha mãe, de mais de 80 anos, também não consegue, e posso citar uma enorme demografia que não há qualquer meio de usar ou precisa de muito esforço.

Minhas críticas ao desenvolvimento de software atual vêm muito daí. Se não estivesse me atrapalhando, provavelmente eu nem falaria nada. Não é algo pontual, é um erro muito disseminado, e acontece o que eu repito muito: se você treinar o erro, é ele que fará para sempre. E se você se torna experiente fazendo errado, uma hora chegará sua vez de ensinar outra pessoa errado.

Boa parte do problema é frontend. Mas uma parte considerável, que eu não sei medir, é backend. Na verdade, eu diria que quase a totalidade é uma junção das duas coisas.

Isso vem da ideia que se vende hoje de fazer tudo de forma complexa sem necessidade, muitas vezes tentando passar a ideia de que aquela forma é a melhor ou única forma de fazer isso. E aí é claro que eu levo, porque é impossível eu estar certo e ela estar errada, ainda mais se ela tem a validação de muitos, ou até mesmo da maioria, que foi aprendendo errado com outro. Não é difícil. Tem um assunto que 93% acredita ser verdade mesmo sem ter qualquer prova daquilo — pelo contrário. Nem vou falar o que é porque não cabe aqui, traria muita discussão que não levará a lugar algum, serei mais atacado e não vai mudar minha vida, até porque respeito as crenças das pessoas até que me causem um problema real.

Essas crenças, validações, ensino do erro, falta de criticidade por parte das pessoas, falta de vontade de aprender além da receita de bolo que passaram para ela, entre outros motivos — mas principalmente porque erram em como fazem o backend, reforço: porque complicam o que é simples, usam tecnologia errada porque é o que está na moda; e usam argumentos falaciosos — fazem as pessoas criar esses monstrengos que sequer são testados de verdade.

Raras as vezes o SAC me respondeu que iriam ver o que acontece, e virtualmente zero consertaram, a não ser que era erro de dados e não de software.

É claro que UX envolve muitas coisas relacionadas ao usuário. Não é só sobre o que ele vê e interage, que normalmente é chamado apenas de UI — que é só uma parte da UX.

Performance é UX. Não só UX, é até SEO. Já vi site que se dava bem porque fez diferente de todo mundo, tinha uma performance incrível, estava sempre entre os primeiros resultados da busca. E depois de uma mudança de diretoria, mandaram fazer a receita de bolo que os outros faziam, aumentando o custo, complicando a manutenção e dando pior performance — que desagradou os usuários e piorou imensamente o SEO deles, tornando-os quase irrelevantes. E cada vez mais demorando para fazer melhorias, porque é tudo mais complexo (os maldosos dirão que é ótimo a demora, porque só são pioras agora).

Nem entrei na questão das falhas desnecessárias no backend, geralmente por falha na coleta de requisitos, no planejamento, na programação (até por falta de capacidade), na falta de testes, de uso real (dog food), em usar tecnologias complexas que mais atrapalham que ajudam ou técnicas ruins de gerência do projeto. Além, é claro, de pagarem e tratarem mal programadores, ficando só com os ruins — que, mesmo sabendo que não dão conta disso, aceitam porque têm Stack Overflow, IA, então eles pegam. Também não falarei do que está acima do programador: diretrizes erradas, prazos malucos, etc.

Nem sempre eu digo que é bom estudar psicologia para melhorar a UX, mas certamente é um diferencial — eu estudei. Em muitas equipes, deveria haver um especialista em UX apenas para dizer o que está errado para o gerente e programador e o que fazer. Pena que quase todos os especialistas em UX não entendem nada disso. Foram para essa área porque não conseguiam programar, e programar é mais difícil de enganar que fazer UX.

Eu digo para as pessoas estudarem psicologia, sociologia, filosofia — ou até reforçar a comunicação e expressão e matemática — por outros motivos. Digo para, mesmo os mais "equilibrados mentalmente", fazerem terapia para melhorar um pouco, mesmo que temporariamente. Aí vem outro problema: a maioria dos profissionais são ruins, são pessoas com problema que foram estudar por causa deles, não para melhorar a vida de outras pessoas, e é complicado escolher qual é a melhor linha para cada um. (Alguns dizem que psicanálise nem é ciência — não exige diploma, como quase 100% da nossa área, e sabemos que isso ajuda a ter muita gente ruim — mas a maioria tem, o que não invalida ela como alguma ajuda de autoconhecimento que faz uma diferença enorme na vida como um todo, até profissional. Mas pode ser TCC, porque a gente aprende cada vez mais a ter atitudes erradas, ou diversas outras formas, como Gestalt). É mais para ajuda pessoal, mas ajudará a trabalhar em equipe, entender o usuário, etc.

Um exemplo de uma consultoria que dei para uma empresa que queria maior performance, e como eles sabiam que teriam grande volume (dica: eles tinham bem menos volume, como quase todo mundo tem — este é um dos erros mais comuns que programadores cometem), por isso usaram arquitetura de microsserviços. Eu só falei uma coisa: "tirem essa arquitetura, refaçam como monólito". A performance que eles queriam veio, e a UX ficou absurdamente melhor.

Como bônus final: um dos sites mais conhecidos ficou mais rápido quando eles tiraram o cache. Isso porque eles sempre disseram que só fazem algo depois de medir se vale a pena.

Lições:

a) Medir nem sempre resolve
b) A maioria do que vê funcionários de empresas falando que fizeram e foi ótimo é mentira
c) O que dizem que é o certo, muitas vezes não é
d) Se você tiver validação de muitas pessoas que fizeram ou dizem ter feito, você fará o errado

Não vou falar que o programador não pensa na UX do seu colega ou de si próprio — é outro assunto.

Carregando publicação patrocinada...