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Como identificar seus valores

Um exercício rápido e prático

Em 2019, de repente me vi liderando 10 pessoas. Não sabia nada sobre liderança e estava lidando com tudo "no feeling". Foi quando descobri um livro praticamente desconhecido, mas, que mudou completamente minha forma de tomar decisões. Através de um exercício simples do livro, descobri meus verdadeiros valores.

Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu compartilho sobre esse exercício simples mas essencial na descoberta de seus próprios valores e mostro o quão importante isso pode ser para você e para sua empresa.

Minha experiência com liderança

Lá em 2019, eu decidi entrar em uma sociedade. Um amigo queria vender seus cursos e eu queria aprender sobre marketing digital. Assim nasceu a DevPro. Rapidamente, a gente começou a ganhar dinheiro. O que era um time de 3 pessoas, se tornou um time de quase 10. De repente, eu tinha virado um chefe.

O Renzo, meu antigo sócio na DevPro, tinha feito uma mentoria sobre liderança com outro grande amigo, o Renard Machado. Foi logo quando ele teve seu primeiro desafio de liderança. Lembro que, na época, ele falou super bem da mentoria, e falou também super bem do livro que o Renard usou como base: O Modelo do Pensador, de Luiz Cláudio Binato.

Esse repentino cargo de liderança ao qual fui alçado não era a minha primeira experiência. Eu já havia liderado pessoas na Codevance, minha antiga fábrica de software. Também já tinha sido líder em outra experiência profissional. Mas, eu lidei com essas experiências completamente no “feeling”, e agora sentia que precisava, de fato, estudar mais sobre o assunto. Foi quando decidi ler o livro.

Que livro! Leitura leve, agradável. Conteúdo completamente contextualizado. Ainda assim, uma metodologia super bem estruturada, com frameworks e passo a passo prontos para serem executados. Foi com um dos exercícios propostos pelo livro que eu fui capaz de identificar meus valores. Desde então, essa é a bússola que guia as minhas decisões pessoais, e também as decisões da minha empresa. Hoje, vou te apresentar esse exercício.

O modelo do pensador

Por incrível que pareça, este livro não é famoso. Possui apenas 11 reviews na Amazon, e não possui “versões alternativas” disponíveis para download. Obviamente, na época, eu comprei o livro. Mencionei sobre versões alternativas justamente porque estava procurando uma cópia digital para poder extrair o texto, jogar no ChatGPT e ter minha vida facilitada para construir este texto.

Eu não achei nenhuma versão alternativa, mas, achei uma live do autor, em que ele explica o conceito, tal qual no livro. A partir desta live, consegui relembrar e reunir os conceitos para poder te explicar por aqui.

Esse, pelo menos, era o plano. Até que me toquei que seria muito mais valioso para você ler o livro. Ninguém melhor que o próprio autor para explicar sua tese. Caso não tenha tempo/vontade, pelo menos assista a live. Nesse texto, vou deixar um pouco de lado o contexto, e me ater somente ao exercício de identificação de valores proposto na obra.

O que são valores

Eu já escrevi mais de uma vez sobre esse assunto por aqui. Dessa vez, resolvi falar sob a ótica do livro. Segundo o autor, valores são os elementos a que você atribui grande importância e prioridade na sua vida. Eles funcionam como uma “bússola interna” que orienta suas escolhas, decisões e comportamentos.

Família, por exemplo, é um valor para muitas pessoas. Liberdade também é um valor. Segurança, realização, reconhecimento, paz, são outros exemplos de valores.

Todos os seus comportamentos buscam atender a um ou mais valores. Mesmo quando você não percebe, suas ações estão tentando preservar ou alcançar algo que você valoriza.

Imagine que uma pessoa recuse uma proposta de emprego. Essa proposta paga mais e possui melhores benefícios que seu emprego atual, mas, exige mudanças constantes de cidade e viagens internacionais frequentes. Mesmo sem perceber conscientemente, ao recusar a proposta, essa pessoa está preservando seu valor “família”.

Os valores de uma pessoa podem mudar conforme a fase da vida. Imagine que essa mesma pessoa, possivelmente, aceitaria essa proposta sem pestanejar, quando era solteira e sem filhos. Nessa época, seu valor “trabalho” poderia ser maior que seu valor “família”.

Importante ressaltar que valores são diferentes de crenças. Crenças são as “verdades” que você acredita. Valores são as “importâncias” que você atribui a essas verdades. Uma pessoa que, por exemplo, acredita que “dinheiro traz felicidade” pode acabar tendo “riqueza” como um valor.

Por isso, existem valores-meios e valores-fim. Valores-meio são coisas tangíveis que servem como meio para se atingir um objetivo. Por exemplo: o dinheiro, em si, não é um fim. Ele é um meio para conseguir algo que você valoriza mais profundamente.

Os valores-fim são algo como um estado interno. Aquilo que realmente importa. Esse sujeito que busca dinheiro incessantemente pode agir assim por ter um valor-fim de “liberdade”. Liberdade de escolher onde morar. Liberdade de “não depender de ninguém”. Liberdade de viajar, de passear, de não ser limitado por falta de dinheiro.

Como descobrir meus valores?

Como disse acima, foi com esse exercício simples, que o autor propõe no livro, que eu descobri meus valores. Se você também quer descobrir seus valores, pegue um papel, uma caneta, e preste bem atenção nas instruções abaixo.

Numa folha em branco, desenhe cinco colunas. A primeira coluna leva o título de “papéis”, a segunda, “coisas/objetos”, a terceira, “lugares”, a quarta, “pessoas”, e a quinta, “valores”.

Então, para cada coluna, liste os principais elementos da sua vida. Vou usar alguns elementos do meu exercício para exemplificar e tentar deixar mais claro para você. Na coluna “papéis”, eu listei ítens como “marido”, “filho”, “empreendedor”, “sócio", “produtor de conteúdo”, etc. Na coluna “coisas”, listei “computador”, “celular”, “livro”, “câmera”, “dinheiro”, etc. Na coluna “lugares”, listei “apartamento”, “casa do vô”, “escritório”, etc. Na coluna pessoas, listei o nome da minha esposa, dos meus pais, do meu filho, dos meus sócios, amigos, colaboradores, etc.

Importante dizer que, neste momento, não existe uma ordem certa. Vá listando os elementos conforme forem aparecendo na sua cabeça. A prioridade colocada não tem qualquer valor de preferência, apenas reflete um pensamento, um sentimento, no momento em que foi feito o exercício.

Depois de descarregar seus pensamentos, aí, sim, ordene esses elementos por ordem de importância: do mais importante para o menos importante.

Feito isso, agora se pergunte: “O que esses elementos me proporcionam? Quais são os valores por trás desses elementos?”. Vá se perguntando até chegar a algo intangível, quase uma sensação ou uma palavra que expressa algo emocional. Ao encontrar essas palavras que expressam algo emocional, pense em um critério para essa palavra. O que essa palavra significa? Essas são as palavras que vão na coluna “valores”.

No meu caso, “marido” e “filho”, por exemplo, significam lealdade. ”Empreendedor” significa autonomia. “Celular” significa conexão. “Apartamento” significa segurança. Meus colaboradores significam gratidão.

Se dedique, de fato, ao exercício. Pense de forma profunda. Reflita. Algumas palavras vêm de forma espontânea e natural. Outras virão com mais esforço, já que a tendência natural é generalizarmos com palavras tipo “satisfação”, “alegria”, “felicidade”, etc. Essas palavras são as chamadas “palavras-grávidas”, pois trazem consigo mais de um significado. Faça um esforço para encontrar palavras mais específicas, que tragam somente um significado.

Por fim, ordene essas palavras também por ordem de importância. Para finalizar, escreva o significado de cada um de seus valores.

Pronto! Sua bússola está pronta.

A importância de conhecer seus valores

Quantas pessoas vivem sua vida em uma empresa, mas, atribuem maior valor apenas ao que fazem fora do trabalho? Quantas pessoas falam que seus pais são as pessoas mais importantes, mas, quando na presença deles, os tratam mal? Quantas pessoas se dizem cristãs, mas, se comportam de forma completamente oposta a Cristo?

É muito possível que essas pessoas possuam bons valores, só que não os estão praticando. Via de regra, o ser humano é bom. Os maus são a exceção. Acontece que tem muita gente perdida no mundo. O que acontece com essas pessoas é que, provavelmente, elas estão vivendo por seus valores-meios, e não por seus valores-fins.

Por isso é tão importante fazer esse exercício. É nesse exercício que você vai encontrar suas “incoerências” e, consequentemente, ganhar uma nova chance de ajustar seu comportamento e viver uma vida mais plena e feliz.

Se você é empreendedor, a importância desse exercício é dobrada, afinal, sua empresa deve refletir seus valores. Já falei sobre isso em outro texto. Recomendo que leia.


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