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Decidi mudar tudo

A rotina estava muito puxada e meio sem sentido

Eu sou um cara obcecado pelas coisas que me proponho a fazer. Por conta disso, nos últimos meses eu acabei me afundando na minha rotina. Entre família, saúde, estudos e trabalho, infelizmente o trabalho estava ganhando. Foi aí que eu resolvi reprogramar a minha rotina.

Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu falo sobre os ajustes que decidi fazer na gestão do meu tempo para otimizar a minha rotina.

De vagabundo a produtivo

Eu sempre fui uma pessoa preguiçosa. Lembro de, quando eu era pequeno, meu pai dizendo que "eu poderia ser um excelente goleiro, se não fosse tão preguiçoso".

Meu pai era o oposto. Ele acordava cedo durante a semana para trabalhar e durante o fim de semana para me buscar e também jogar bola. Já eu, sempre gostei de dormir até muito tarde.

Quando saí do ensino fundamental e fui para o ensino médio, eu tive que mudar de período na escola. Antes eu entrava na escola às 13h. No ensino médio, passei a entrar às 7h. Essa transição foi como tortura. Eu odiava ter que acordar cedo.

Esse ódio se manteve durante a adolescência e também na vida adulta. Tanto que, quando eu comecei a trabalhar por conta, eu passei a acordar às 9h da manhã. No fim de semana, então, que eu saía para a balada à noite, eu só acordava no dia seguinte depois do meio-dia.

Até que, lá pelos idos de 2015, eu comecei a estudar sobre desenvolvimento pessoal. De repente, eu comecei a perceber que muitas pessoas que tinham conquistado o sucesso acordavam às 5h. Fiz uma mudança radical na minha vida e passei a acordar nesse horário. Obviamente, não durou muito tempo.

Mas, esse ganho de consciência me despertou para algo mais importante do que acordar cedo. Pessoas de sucesso são pessoas produtivas, que sabem fazer gestão de tempo. Então, comecei a desenvolver minha habilidade de ser produtivo.

Já são 7 anos dominando a habilidade de gerir meu tempo. Durante esse tempo, eu consegui, diariamente, estudar, praticar exercício físico, trabalhar e me divertir. Pra você ter uma ideia, durante esses 7 anos eu consumi mais de 200 livros. Foi durante esses 7 anos que eu criei uma fábrica de software, faturei mais de R$ 3M vendendo curso de programação pela internet, e também criei o Tintim, que ultrapassou a barreira dos R$ 100k MRR em menos de 9 meses e, atualmente, está com R$ 330k MRR.

Mas, confesso, nos últimos 2 anos, tem sido muuuuuito mais difícil manter uma rotina consistente de saúde, estudo e trabalho. Depois que meu filho nasceu, o meu tempo ficou absurdamente mais escasso. Não só o tempo, como também a disposição e a capacidade cognitiva, habilidades que são prejudicadas devido às noites mal dormidas, que vem junto no pacote. De repente, eu me vi sem metade das horas que tinha disponível na minha agenda.

Vale lembrar que o Tintim nasceu praticamente junto com o Giovanni. São menos de dois meses de diferença entre meu filho, que nasceu no fim de novembro de 22, e a minha empresa, que nasceu em janeiro de 23. De repente, minha agenda foi cortada pela metade, e o volume de trabalho praticamente dobrou.

Como resolver isso? Se matando de trabalhar e afundando na rotina, certo?

Eu não tinha tempo para mais nada

Eu tenho uma característica, que acredito ser comum para a maioria das empreendedores: a obsessão. Sou uma pessoa obsessiva pelo que me proponho a fazer. Essa característica é boa, pois aumenta as chances de sucesso dos projetos que me envolvo. Mas também é ruim, pois não dá pra ser bom em tudo ao mesmo tempo.

Isso acontece porque, para ser bom em algo, mas bom de verdade, é preciso muita dedicação. Muita dedicação significa grandes volumes de horas dedicadas durante um período muito longo de tempo, e da forma mais constante possível.

Não dá pra ser um excelente pai, um excelente estudante, um excelente crossfiteiro e um excelente empreendedor, ao mesmo tempo. É preciso escolher. Por conta disso, decidi aceitar que Crossfit e estudo não serão prioridade na minha vida, neste momento. Fico com o desafio de ser um excelente pai e um excelente empresário. BAITA desafio.

Acontece que, mesmo escolhendo bem as batalhas, ainda assim eu me perdi na minha obsessão. Por ter "desligado" a chave para outras coisas, acabei canalizando todas as minhas energias para o trabalho e para a família. Inconscientemente, o trabalho acabou ganhando.

A empresa foi crescendo, a vida foi acontecendo, e quando eu percebi, estava afundado em tarefas de rotina relacionadas ao trabalho, de segunda a sexta. Os finais de semana, eu me esforçava para reservar para a família. E aí está o X da questão.

Eu já havia me permitido fazer isso outras vezes. Já enfrentei rotinas diárias pesadas antes. Acontece que, antes, eu tinha praticamente um fim de semana inteiro livre para conseguir "compensar" possíveis faltas que essa rotina puxada causava. Hoje em dia, eu não tenho mais esses fins de semana livres. Olhando para os últimos seis meses, eu demorei para me atentar a esse fato.

Quando eu percebi, eu estava afundado em tarefas de rotina. Exercício físico, estudo, reuniões de gestão, reuniões de conselho, aulas de inglês, produção de conteúdo, levar e buscar filho na escola… Além disso, em toda semana aparecia uma ou outra pessoa querendo bater um papo, seja para discutir possíveis parcerias, seja para networking, seja para pedir ajuda. Eu nunca neguei.

Quando percebi, minha agenda da semana praticamente não tinha espaço para coisas novas. Eu também estava sem tempo para pensar, coisa que, antes, eu fazia no fim de semana. Eu estava sendo sufocado pela própria rotina que havia criado pra mim.

A minha obsessão, aliada ao meu perfeccionismo, me fez querer fazer tudo de forma excelente. Acabou que eu não estava mais conseguindo fazer nada direito. De repente, eu parei de render no esporte, parei de render nos estudos, parei de render no trabalho e parei de render como pai e marido. A cabeça estava pifando. Ainda bem que vieram as férias.

As férias serviram como um reset para essa rotina maluca. Graças a Deus, eu consegui reunir uma liderança super competente que conseguiu tocar a operação do Tintim de forma magistral na minha ausência.

Com tempo suficiente para esvaziar a cabeça, curtir a família e descansar, eu consegui voltar ao eixo e, também, voltar a ter uma visão mais clara sobre o todo.

Decidi reformular toda a minha agenda

Imagine uma floresta pegando fogo. A forma mais eficiente de identificar quais são os focos do incêndio é olhando de cima, de forma distante. Dentro da floresta você não vai conseguir ver nada além do que o seu limitado raio de visão permita. Essa analogia é perfeita para os meus últimos meses. Ao invés de estar no helicóptero, eu estava lá, dentro da floresta.

Poder descansar a cabeça me fez perceber que eu estava fazendo muita coisa simplesmente por inércia. Simplesmente por ter me acostumado a vencer na vida na força bruta.

O Alex Hormozi conseguiu definir muito bem esse modus operandi. É o framework de escala chamado "more, better, new". A ideia é simples: você tem três etapas de escala. "More", que é quando você ganha na quantidade; "Better", que é quando você ganha na otimização do trabalho; e "New", que é quando você ganha fazendo algo novo.

Eu estava querendo vencer somente no "More". Não. Está errado. Passei do tempo de sair do "More" e começar a fazer "Better" e "New". Foi por isso que eu decidi fazer os seguintes ajustes na gestão do meu tempo:

Diminui o ritmo de estudos

Quando a gente sai do zero para o um, ou seja, quando a gente quer fazer algo novo, a gente precisa estudar e se capacitar. Eu saí do zero para o um com fábrica de software, com venda de cursos online, e com construção e venda de software como serviço. Agora chegou a hora de ir do 1 para o 10 com o Tintim.

Por isso, eu decidi diminuir o volume de estudos. Fazia tempo que eu estava somente "estudando por estudar", ainda que 5x/semana ou mais. Estudando "por precaução". Sem um plano, sem uma linha lógica. Por isso, decidi diminuir o ritmo e ler apenas 3x/semana (quando der, 4).

Decidi entrar na fase de estudar menos e executar mais.

Melhorei a rotina de gestão

Levantar uma empresa do zero não é tarefa fácil. Exige muito esforço, força bruta mesmo. Por isso, a gente se acostumou a fazer o que precisa ser feito, sem pensar muito em eficiência. Eu percebi que eu estava gerindo o time dessa forma.

Quando vi, estava perdendo mais de 4h/semana só fazendo check de tarefas e projetos, e fazendo brainstormings improdutivos. Por isso, decidi diminuir meu tempo de follow-up com todos os meus líderes.

A partir de agora, eu me reúno somente meia-hora por semana com cada um, e somente para discutir pontos específicos e destravar assuntos bloqueados. Reports, agora, são feitos via Loom, ou via texto, e de forma assíncrona. Orientei a liderança a fazer o mesmo.

Também decidi mudar a frequência da nossa reunião de conselho com os investidores para mensal, em vez de semanal. Antes, fazia sentido ser semanal, pois ainda estávamos numa fase de descobertas. Agora que as coisas estão mais encaixadas, falar semanalmente mais atrapalha do que ajuda, pois desperdiça tempo e tira o foco.

Parei com as aulas de inglês

Por conta da viagem ao SaaStr, eu dei um gás nas aulas de conversação. Meu inglês sempre foi ruim e eu nunca dediquei tempo suficiente para esse assunto. Precisei tirar o atraso.

Foi bom, valeu a pena, mas falar de 4-5 vezes por semana consome MUITO tempo. Por isso, decidi fazer uma pausa nessas aulas. Volto no ano que vem.

Troquei meu horário de treino para 6h da manhã

Eu sempre preferi treinar no almoço. Para mim, é o melhor horário. Você tem a manhã para dar um gás e, quando chega a hora do almoço, pode treinar e dar uma boa pausa no trabalho para voltar energizado para outro gás na parte da tarde.

Acontece que, depois que o Giovanni passou a ir para a escola, eu preciso, necessariamente, parar às 17h30 para buscá-lo. Com o horário de treino às 12h30, acabava que eu só conseguia voltar ao trabalho às 15h. Isso me deixava com apenas 2h30 de trabalho na parte da tarde.

O que estava acontecendo, na prática, é que eu estava com poucas horas comerciais de trabalho, e tendo que estender a noite para tirar o atraso. A noite é um péssimo horário para trabalhar, pois eu já estou praticamente esgotado mentalmente. Além disso, eu perdia um tempo precioso de brincadeira com meu filho.

Por isso, decidi começar a treinar às 6h. Com menos de 10 dias nesse novo horário, eu já percebi que foi uma ótima escolha. Quando é 7h15, eu já estou em casa tomando banho. Consigo ter um tempo de qualidade com o Giovanni e com a Nathalia, tomando um café da manhã com calma. Além disso, consigo parar meia horinha para estudar e, ainda assim, começo a trabalhar 9h-9h30. Ou seja: começo a trabalhar perto do horário que começava antes, e ainda tenho 2h novas de trabalho, que antes eu gastava tomando banho e almoçando. Tem dado certo!

Conclusão

Se você é uma pessoa obsessiva como eu, que sorte a sua. Eu acho que essa é uma das melhores características que um empreendedor pode ter. Mas, é preciso cuidado.

Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que a gestão do tempo é uma das habilidades mais importantes na vida de um empreendedor. Muitas vezes, a sua obsessão pode estar prejudicando a sua habilidade de gerir o seu tempo.

Pare, de tempos em tempos, e analise. "Estou usando bem todas as horas do meu dia?". Esse costume será game changer para o seu sucesso e o sucesso do seu negócio.


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