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Eu não acredito em Micro-SaaS

O mercado é implacável com os pequenos

“Estou em dúvida se construo algo gigante ou coleciono Micro-SaaS lucrativos.” Foi assim que um colega me abordou. A dúvida dele é a mesma de centenas de empreendedores que conheço.

Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu falo o que acho sobre Micro-SaaS como estratégia, e falo também sobre como lido com as crises existenciais que assolam a vida do empreendedor.

Um pedido de ajuda

Dia desses um colega me mandou uma mensagem pedindo um conselho. Ele falou algo mais ou menos assim:

“Estou muito em dúvida se meu foco será maximizar 100% da minha energia na empresa, formando lideranças e fazendo algo “grande”, ou focar em SaaS menores, de R$ 100k a 300k de MRR, buscando 25 a 30% de lucro líquido, e atuando como conselheiro minoritário.

Já são anos empreendendo e, quando avalio o crescimento na pessoa física, rola essa dúvida sobre futuro, sabe?”

Minha resposta foi:

“Eu não acredito em Micro-SaaS”

Esse colega também é empreendedor, também no ramo de tecnologia. Ele tem um SaaS que está indo super bem, inclusive. Essa dúvida deixa claro que ele está em um dos muitos momentos de ansiedade e dúvida que um empreendedor passa ao longo de sua carreira.

A minha resposta foi uma sequência de áudios, falando sobre o que eu acredito como empreendedor e como lido com essas questões “existenciais”. Achei legal transformar esses áudios em um texto.

Você é um gênio?

Quando eu digo que não acredito em Micro-SaaS, eu digo isso dentro de um contexto bem específico. De forma simplificada, eu não acredito em Micro-SaaS como um projeto principal de renda. Um Micro-SaaS tem sim seu valor, mas, dentro de uma estratégia maior (já já vou falar mais sobre isso).

Eu trabalho desenvolvendo software há, pelo menos, 15 anos. Sei programar há, pelo menos, 20 anos. Se tem uma coisa que aprendi ao longo de todos esses anos de indústria é que desenvolver software dá MUITO trabalho. Diante dessa premissa, minha mentalidade é muito simples: trabalho por trabalho, eu prefiro trabalhar para construir algo grande.

Dito isso, software é algo que, por natureza, é escalável. Ao optar pelo caminho do Micro-SaaS, você está escolhendo, deliberadamente, não aproveitar a maior vantagem do modelo de negócio. Na minha cabeça, não faz muito sentido.

“Mas, Moacir, o Pieter Levels trabalha sozinho e ganha US$ 250k/mês”

Tá, quantos Pieter Levels existem no mundo? Exceções existem, sem dúvidas. E elas existem justamente para comprovar a regra. Mas, eu prefiro me basear na regra. As chances de eu ser uma pessoa mediana são MUITO maiores do que de eu ser um gênio fora da curva (provável que essa regra também valha para você).

Visão de futuro da indústria

Existe uma máxima do capitalismo que diz que todo mercado tende à consolidação. Isso significa que, com o passar do tempo, a maioria dos mercados passa por um processo natural, em que as empresas maiores vão ganhando cada vez mais participação de mercado, tomando essa participação dos menores.

O mercado de software como serviço não é diferente. Empresas com R$ 100k-R$ 300k de faturamento mensal são empresas muito pequenas e, no longo prazo, tendem a não se sustentar. Essas empresas serão engolidas pelas maiores. As que tiverem sorte, serão compradas, e o empreendedor ainda tem a chance de colocar uma grana no bolso. Mas, são poucas que dão sorte…

Durante muito tempo, o grande diferencial competitivo de uma empresa de tecnologia era essa dificuldade técnica, intrínseca do desenvolvimento de software. Porém, essa dificuldade vem diminuindo gradativamente ao longo dos últimos anos. Tecnologias como low-code e no-code vêm aumentando a capacidade de pessoas comuns programarem.

Agora, coloque na equação um tal de Sam Altman, que chegou com os dois pés na porta e apresentou ao mundo uma tecnologia com potencial de disruptar qualquer negócio digital. Depois da inteligência artificial, literalmente qualquer pessoa alfabetizada consegue programar.

Assim como qualquer outra, a indústria de software como serviço será disruptada. Já está sendo, na verdade. Em cenários como esse, quanto menor você for, maiores as chances de você dançar.

Então, qual a saída?

Tenho um amigo que, há alguns anos, ganhou muito dinheiro. Mas muito mesmo. Papo de dezenas de milhões de reais. Ele encontrou e explorou uma assimetria em um mercado gigantesco. Mas, essa sua solução possuía limitações claras. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, essa “brecha no sistema” seria corrigida e sua mamata iria acabar. Então, o que ele fez?

Ao invés de pegar seus milhões e gastar com carros, iates, mansões, mulheres e baladas, ele manteve uma vida frugal e investiu o dinheiro em ativos. Comprou alguns ativos financeiros, como imóveis, ações e até Bitcoin, e também investiu em outro ativo, menos tangível, mas, muito valioso: ele investiu nele mesmo.

Investiu pesado em adquirir conhecimento técnico, em se envolver em rodas de “gente grande”, e em se autodesenvolver. Desenvolveu seu intelecto, desenvolveu seu corpo, desenvolveu sua mente, desenvolveu seu espírito. Ele sacou, rapidamente, que o valor não está no dinheiro que você ganha, mas, sim, na capacidade de ganhar dinheiro. Ele sacou que o maior ativo dele era ele mesmo.

Assim como um ativo financeiro, um bom “ativo humano” só tende a valorizar com o passar do tempo. Isso porque um bom ativo sempre vai gerar bons frutos. Quando você é um bom ativo, você é capaz de fazer dinheiro e se sustentar em qualquer situação. Você é capaz de fazer dinheiro empreendendo, trabalhando para os outros, investindo em outros bons ativos, ou até educando e aconselhando colegas.

O desenvolvimento pessoal e profissional amplia sua capacidade de monetização. Quando você é um bom ativo, empreender é só uma das formas de capturar o valor que você gera. O dinheiro acaba sendo consequência. O real potencial de um bom ativo está na sua capacidade de gerar valor.

Quando você adota essa postura, a tendência do longo prazo sempre será de crescimento.

Mas, e o curto prazo?

Se no longo prazo a tendência é para cima, no curto prazo existem flutuações. O mercado pode dar uma virada e você tomar um revés. Uma aposta pode não dar certo, por diversos fatores. Você pode ter algum imprevisto e precisar desembolsar uma quantia significativa de dinheiro. São vários os cenários, e a gente precisa se proteger. Mas, como?

Se conselho fosse bom, a gente cobrava, certo? Acredito que cada um possui um contexto muito específico, portanto, não tenho a intenção de cagar regra por aqui. Quando meu colega pediu minha opinião, o que fiz foi compartilhar como eu lido com o assunto, e deixar que ele tome suas próprias conclusões. O mesmo vale para você, querido leitor.

Para me proteger das flutuações de curto prazo, eu sigo um playbook bem simples: 1) capturo parte do valor que gero atualmente; 2) invisto esse valor capturado; e 3) protejo meus investimentos.

Aqui não tem muito segredo. É só fazer o básico bem feito. Primeiro de tudo, eu busco manter minha empresa lucrativa para conseguir distribuir um pouco de dividendos (se você empreende em modelos mais sofisticados, como VC backed, isso é um pouco mais complexo).

Com um pouco mais de dinheiro em mãos, eu tomo o cuidado de não elevar o padrão de vida da família. O que busco é uma vida confortável e de qualidade, mas, sem extravagâncias. Faço isso para que sobre dinheiro para investir.

Por último, quando invisto meu dinheiro, sempre busco alternativas que facilitem que eu proteja meu patrimônio. A primeira e mais óbvia opção para isso é investir em Bitcoin. Parte relevante do meu patrimônio está alocado em criptomoedas, principalmente pelo fato de que governo nenhum consegue meter a mão no meu bolso e tomar esse dinheiro de mim.

Além disso, sigo outras estratégias básicas, mas, efetivas, de blindagem patrimonial. A mais simples e óbvia é que meu casamento é em regime de separação total de bens. Dessa forma, em caso de algum perrengue, só o meu nome entra na berlinda (para quem empreende no Brasil, casar dessa forma é quase que obrigatório).

Mas, e o Micro-SaaS? Não vale a pena mesmo?

Como disse, não acredito em Micro-SaaS como estratégia principal. O que acredito é no Micro-SaaS como uma forma, entre outras, de monetização.

Um ótimo exemplo disso é como o próprio Bruno Okamoto, principal referência sobre Micro-SaaS no Brasil, toca seus empreendimentos. Na estratégia dele, ele próprio é seu principal ativo. Sua figura pública é o ativo principal, que acaba sendo monetizado de diversas formas. Micro-SaaS é uma delas (vale ler o artigo em que ele detalha sua estratégia).

Esse é mais um exemplo que corrobora com tudo o que disse acima. Quando você é seu maior ativo, o dinheiro e a estabilidade acabam sendo consequência.


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Além disso, pretendo também compartilhar outras coisas, como um pouco dos bastidores da construção de um negócio SaaS, as minhas opiniões e meus aprendizados. A ideia geral é ser uma documentação pública e estruturada dos meus pensamentos e aprendizados ao longo dos anos.

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