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Você quer ser rico ou você quer ser rei?

O risco de não saber responder essa pergunta é grande

Você pode ter uma vida confortável, comer em bons restaurantes, dirigir um bom carro e, ainda assim, estar longe de ser rico. Pior: pode estar jogando o jogo errado. Muita gente confunde riqueza com poder, liberdade com status. E essa confusão custa caro.

Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu faço uma reflexão: vale mais a pena ser rico ou ser rei?

Meu passado

Sempre que falo sobre o assunto “dinheiro”, eu abro o texto dizendo que desde pequeno queria ser rico. Dessa vez, não será diferente. Inclusive, já contei essa história aqui antes.

Eu cresci numa família de classe média-baixa. Nunca nos faltou o básico, mas, a gente sempre estava no perrengue. A geladeira sempre foi farta, mas, o carro da minha mãe, por exemplo, era um fusca com mais de 20 anos, todo caindo aos pedaços.

Ao mesmo tempo que eu vivia uma vida de perrengue em casa, eu estudava num dos melhores colégios particulares da região. Enquanto em casa eu via todos os problemas que a falta de dinheiro causava, na escola eu via, na vida dos meus colegas, todos os benefícios de levar uma vida sem perrengues. A conclusão foi lógica: a falta de dinheiro é o problema, portanto, quando crescer, quero ser rico.

Mais velho, quando entrei na vida adulta e comecei a trabalhar, eu fiquei profundamente decepcionado. Ao me deparar com o mercado de trabalho, cheguei à triste conclusão que o único caminho para a riqueza era a vida executiva. Na minha cabeça, para ficar rico, eu teria que jogar o “jogo político” que os grandes diretores, altos funcionários públicos, ou grandes empresários jogam.

“Ferrou”, pensei. Por mais que eu tenha uma boa habilidade social, minha natureza é executora e introvertida. Eu não sou o cara do consenso, do convencimento. Eu sou o cara de arregaçar a manga e meter a mão na massa, justamente o perfil que um executivo NÃO deve ter.

Conforme o tempo foi passando, eu fui entendendo que, na verdade, o jogo da riqueza não é bem esse. Para dizer a verdade, esse é o jogo do poder. Nesse jogo, o dinheiro até faz parte da equação. Mas, de longe, ele não é o elemento principal.

Conforme fui ganhando maturidade, entendi que existem dois jogos muito distintos, que, caso você queira ser bem sucedido em algum deles, não os pode confundir. Por isso, refaço a pergunta do título deste texto: você quer ser rico, ou você quer ser rei?

Rico ou rei?

Imagine um cara que vive bem, que possui uma bela casa, um belo carro. Esse cara costuma comer em bons restaurantes, andar bem vestido, fazer boas viagens. Essa é a imagem de um cara rico, certo? Talvez. Viver bem definitivamente não significa ser rico. Um rei pode viver bem sem ser rico. Até um pobre metido a besta pode viver bem, às custas do banco (e do seu nome na praça).

A minha definição de ser rico é muito simples: rica é aquela pessoa que possui um patrimônio financeiro cujo rendimento é capaz de custear seu estilo de vida. Em palavras mais simples, uma pessoa rica não precisa trabalhar para se sustentar.

Por exemplo: se uma família possui um custo de vida de R$ 50.000 por mês, para que ela seja rica, é preciso que possua um patrimônio de, pelo menos, R$ 15.000.000 (esse montante, a um rendimento real de 4% ao ano, resulta em R$ 50.000 por mês).

Enquanto riqueza é sobre liberdade financeira, reinado é sobre poder. O rei é aquela pessoa que possui o poder de influenciar a decisão de pessoas estratégicas, a ponto de levar vantagem nisso.

O rei é aquele político que controla o orçamento de uma grande cidade. O rei é aquele diretor de multinacional que tem a capacidade de promover pessoas e aprovar projetos que definem o futuro da empresa (e da carreira das pessoas). O rei é o influenciador digital que dita tendências e molda opiniões. O rei é o empresário que, com uma única decisão, movimenta mercados inteiros.

O rei não necessariamente possui dinheiro próprio. Muitas vezes, inclusive, ele administra o dinheiro dos outros. Seu principal ativo não é capital, mas, sim, acesso, prestígio e poder de decisão.

É melhor ser rico ou melhor ser rei? Depende. Quais são seus objetivos? Não existe, necessariamente, o certo e o errado. São apenas jogos diferentes.

Cada tipo de jogo

Ser rico é infinitamente mais fácil do que ser rei. Os caminhos para a riqueza são relativamente simples, na real. Uma pessoa que esteja atenta aos movimentos de mercado e faça uma boa aposta pode ficar rica.

Quer um exemplo? Quem investiu R$ 10.000 em bitcoin no fim de 2016, hoje possui aproximadamente R$ 1.900.000. Uma multiplicação de capital de 191 vezes, sem fazer absolutamente nenhum esforço.

Caso você desenvolva alguma habilidade que seja extremamente valorizada pelo mercado, você também possui grandes chances de ficar rico. Eu tenho amigos programadores que ganham mais de R$ 50.000 por mês (um, em específico, ganha R$ 110.000). Com disciplina e paciência, é possível multiplicar esse patrimônio até que se conquiste sua liberdade financeira.

Enquanto ser rico está relacionado à estratégia, timing e paciência, ser rei está relacionado única e exclusivamente a poder. O jogo do reinado é um jogo muuuuuito mais complexo de ser jogado.

Um rei precisa controlar a narrativa perante sua imagem. Um rei deve construir e zelar por uma reputação. Um rei deve ter uma presença impactante, que seja capaz de influenciar as pessoas ao seu redor. Um rei deve saber fazer política. Um rei precisa cultivar aliados e combater inimigos.

Conquistar e sustentar poder é muito mais custoso do que conquistar e sustentar riqueza. O rico, depois que enriquece, precisa apenas dar manutenção à sua riqueza. De novo, uma tarefa simples: basta não perder dinheiro.

Já um rei nunca pode dormir em paz. Sempre haverá um inimigo pronto para tomar seu lugar. Um rei precisa ter estômago. Quanto mais alta for a posição e quanto maior for o poder de um rei, mais pessoas ambiciosas (muitas gananciosas) estarão na espreita, esperando um pequeno deslize para atacar e tomar sua posição. Quanto mais ambicioso for seu adversário, mais você terá que “ter estômago” para aguentar uma concorrência desleal. Um rei, muitas vezes, precisa “sujar as mãos”...

Enquanto o rico consegue descansar, porque precisa apenas dar manutenção em seu patrimônio, o rei não pode parar. O rei precisa gostar mesmo do game, porque o jogo do poder é um jogo infinito.

Qual é sua motivação?

Para responder à pergunta do título, é preciso primeiro saber qual é a sua motivação.

Depois de anos de desenvolvimento pessoal, terapia e autoconhecimento, hoje eu percebo claramente qual é a minha motivação: segurança e liberdade. Aquela criança, que cresceu passando perrengue por causa de grana, só quer ter a vida boa que seus colegas de escola tinham.

O que eu quero é ter uma vida estável, sem brigas e sem stress por motivos financeiros (“quando o dinheiro sai pela porta, o amor pula a janela”). Isso é segurança. Além disso, quero que eu e minha família também tenhamos uma vida boa. Comer bem, morar bem, ter um lazer de qualidade. Por incrível que pareça, dá pra conquistar isso com “pouco” dinheiro.

No começo da minha vida adulta, eu fiquei desesperado porque achei que o único caminho para conquistar isso era sendo rei. E eu não tenho estômago para ser rei. Não queria ser diretor de multinacional. Não queria ser funcionário público de alto escalão. Não queria virar escravo do trabalho.

Por isso, a principal pergunta é: o que você REALMENTE quer? Tem muita gente que acha que quer ser rei, quando, na verdade, só quer ser rico (e vice-versa).

Responder essa pergunta é crucial, pois, nesses jogos, existe um risco oculto: jogar um jogo, mirando no resultado do outro. Se você quiser ser rei e achar que ganhar dinheiro é o caminho para isso, você nunca nem chegará perto do seu objetivo. Se você quer ser rico e seguir pelo caminho do poder, fatalmente, você será engolido por concorrentes mais ambiciosos (ou gananciosos) que você.

E aí, você quer ser rico ou você quer ser rei?


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