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Música e programação tem algo em comum? Parte 1

Durante a minha transição de área - e agora intensa caminhada - no desenvolvimento de software (a famosa "programação"), sempre me deparo com desenvolvedores que, de alguma forma, ou tocam um instrumento, ou têm uma relação muito próxima da música. E isto me inspirou a tentar entender esta relação. Coincidência, talvez?

Na verdade, creio que todas as áreas que, de alguma forma, dependem de recursos criativos se inter-relacionam. Apesar do caráter lógico e da aparência unicamente matemática da área de tecnologia, há de se convir que "há um quê" (que na verdade é um "cê") de criatividade. As ferramentas são, em sua maioria, lógicas. Mas o uso delas nem sempre terá um caráter estritamente lógico. E esta, por sua vez, é uma das características que me atraíram para este lado, desde pequeno. Tanto o da programação quanto o da música.

Um pequeno recorte:
Desde pequeno, programação e música sempre me fascinaram depois que as descobri. Minha história sempre foi rodeada por ambos os assuntos e sempre conectei as abstrações necessárias para entendê-las. Conceitos como intervalos, acordes, pausas, sempre têm uma explicação puramente matemática, mas na aplicação destes conceitos cabe um ar poético, criativo, que quando foge da convenção pode trazer resultados inesperados - que muitas vezes foge do lugar comum e traz algo novo, único. O meu pseudônimo (nick) desde esta época é ribastudio, em alusão ao Visual Basic Studio, IDE da linguagem que eu flertava na época (valeu Jr, pelo apelido. Colou!). Depois este nome se inter-relacionou novamente comigo, por causa da fotografia, mas este é outro assunto. ;)

[Cof, cof...] Então, voltando... Resolvi escolher alguns pontos em comum - pois são muitos - que saltam mais aos olhos:

A lógica que precede a arte
Sim, tanto a música quanto a programação podem ser viscerais, muitas vezes. Mas, naquilo que você acha um momento de loucura, há uma razão. Para toda abstração, há uma mínima lógica. E a criatividade vem de conseguir unir pontos aparentemente distantes de forma pouco usual. Porém, colocar a lógica como única teoria pode ser perigoso. Afinal, todo padrão foi criado após observação da prática, tanto na música quanto na programação, para que tudo fosse mais eficiente. A nossa tendência é achar o processo teórico desconectado da realidade prática, quando não é. A teoria foi elaborada e pensada para guiar a criatividade, não para engessá-la - tanto na programação quanto na arte.

O início aparentemente árduo
Quem nunca ouviu falar que tocar um instrumento é difícil? Ou só pra quem tem dom? Eu ouvi a mesma coisa na programação, por mais surpreendente que pareça. E sim, não tem almoço grátis.
Mas todo esforço valerá a pena. O início árduo serve para solidificar uma boa base. Afinal, como você se sentirá livre para utilizar aquilo que não conhece? Como afirmar algo ou desafiar padrões que você não tem certeza de como funcionam, ou não entende para que foram criados? Lembro da dor de colocar a mão no violão para os primeiros acordes, porque a posição era estranha e incomum. E de fazer exercícios que aparentemente não faziam sentido, porém hoje, ao pegar a guitarra, eu entendo o porquê. E identifico muito a mesma 'caminhada' no estudo da programação.

Exercício, exercício, exercício… E prática!
Conectando ao assunto anterior, tanto a música quanto programação exigem muita prática para se tornar fluida. Já li em várias entrevistas e ouvi de músicos conhecidos que "quando subimos no palco, a teoria fica embaixo, assistindo." Tudo o que iremos executar no tão esperado momento é fruto daquilo que pesquisamos, estudamos, erramos e consertamos durante anos, no lugar de estudo. "Palco é lugar de se preocupar unicamente com o momento, e não tentar aprender algo novo", dizem os músicos experientes. Da mesma forma, durante um projeto podem acontecer aprendizados. Mas a hora de experimentar, de corrigir posturas e linhas de raciocínio não é lá, durante a produção. Nem no palco. É durante o tempo de estudo, de descoberta, de experimentos.
Por isso tenho constatado que ter um tempo de qualidade para estudar diariamente não é só saudável como também é obrigatório. Sempre li que a programação é uma arte onde estudar é para sempre. Assim como a música, ter aptidão ou talento pode ser mágico, mas nem de longe é tudo. "Nascer diamante não quer dizer que tem valor. Só o diamante lapidado é desejado, o bruto pode ser confundido com qualquer outra pedra." (Eu, 2021)

Programação e música podem ir mais além nos seus respectivos pontos em comum, não se limitando somente aos que foram apresentados acima. Afinal, todo conhecimento humano possui base teórica, prática, e histórias ao redor que criam verdadeiros universos em torno desses temas. Porém, o mais fascinante é que, a relação entre áreas que parecem ser distantes: uma que, no senso comum, remete à espontaneidade e outra aparentemente teórica. Porém, depois dos pontos apontados acima, qual delas se encaixa em cada um dos conceitos, você decide. Existe ainda muito a se falar, mas, assim como álbuns conceituais clássicos do rock (como o The Wall, do Pink Floyd), dividir em mais partes pode soar mais leve e aproveitar melhor cada nuance.

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