Pedi para a IA responder 4 perguntas sobre 4 padrões de projeto que usei na biblioteca do TabNews para Kotlin
Pedi para a IA falar a respeito de 4 padrões de projeto que utilizo na biblioteca da API do TabNews para Kotlin. Os padrões foram:
- Repository
- Builder
- Singleton
- DAO
As perguntas foram as seguintes:
- Qual a teoria do padrão
- Qual a classificação do padrão
- Que tipo de problema ele resolve
- E por que esse é o melhor padrão para resolver o problema no meu projeto
Ao final ainda adicionei uma pergunta sobre por que não usar o Repository para todo acesso a dados e usar o DAO para tudo e vice versa, usar o DAO pra tudo e não usar o Repository.
Analisei a resposta, fiz algumas alterações e estou compartilhando o resultado aqui com vocês.
Análise: Padrões de projeto
1. Padrão Repository
Teoria
O Padrão Repository é um padrão de design que cria uma camada de abstração entre a lógica de negócio e as camadas de acesso a dados. Ele funciona como um mediador entre objetos de domínio e camadas de mapeamento de dados, usando uma interface similar a uma coleção para acessar objetos de domínio.
Conceito:
- O repositório encapsula a lógica necessária para acessar fontes de dados
- Fornece uma interface uniforme para operações de acesso a dados
- Abstrai a complexidade dos mecanismos de persistência de dados
- A lógica de negócio interage com repositórios, não diretamente com fontes de dados
Princípios:
- Abstração: Esconde os detalhes de acesso a dados da lógica de negócio
- Separação de responsabilidades: A lógica de negócio não precisa saber sobre SQL, chamadas de API ou cache
- Testabilidade: Fácil de criar mocks dos repositórios para testes unitários
- Flexibilidade: Pode trocar fontes de dados sem alterar a lógica de negócio
Tipo
Padrão comportamental (embora alguns o classifiquem como Padrão arquitetural)
O padrão Repository define como objetos se comunicam e interagem, especificamente como a lógica de negócio acessa dados sem conhecer os detalhes da implementação.
Problemas que resolve
- Acoplamento forte: Sem repositórios, a lógica de negócio fica diretamente acoplada a mecanismos de acesso a dados (REST APIs, bancos de dados, etc.)
- Duplicação de código: Lógica de acesso a dados espalhada por múltiplas classes
- Dificuldade de teste: Difícil testar lógica de negócio quando está fortemente acoplada a fontes de dados reais
- Múltiplas fontes de dados: Cenários complexos onde dados vêm de APIs, cache local, bancos de dados simultaneamente
- Gestão de mudanças: Alterar fontes de dados requer modificar a lógica de negócio
Por que foi a melhor abordagem para este projeto
Olhando para ContentRepositoryImpl:
internal class ContentRepositoryImpl(
private val api: APIService,
private val cacheManager: CacheManager
) : ContentRepository
Explicação:
-
Múltiplas fontes de dados: O projeto precisa buscar dados de:
- REST API (
APIService) - Cache local (
CacheManager) - O repositório orquestra ambos de forma transparente
- REST API (
-
Lógica de cache: O método
getContents()demonstra um cache:// Verifica cache primeiro if (!clearCache) { val cachedContents = cacheManager.getContents(strategy.param, page) if (cachedContents != null && cachedContents.isNotEmpty()) { return APIResult.Success(contents) } } // Fallback para cache em caso de falha da API return result.getOrFallbackToCache { getCachedContents(strategy.param, page) }Essa complexidade fica escondida dos consumidores - eles só chamam
getContents(). -
Testabilidade: Fácil testar
ContentRepositorycriando mocks deAPIServiceeCacheManager:val mockApi = mock<APIService>() val mockCache = mock<CacheManager>() val repository = ContentRepositoryImpl(mockApi, mockCache) -
Interface: Todos os repositórios (
ContentRepository,AuthRepository,UserRepository) seguem o mesmo padrão, tornando o código previsível. -
Preparado para o futuro: Se precisar adicionar suporte offline-first, persistência em banco de dados, ou trocar provedores de API, você só modifica a implementação do repositório, não os consumidores.
2. Padrão Builder
Teoria
O Padrão Builder separa a construção de um objeto complexo da sua representação, permitindo que o mesmo processo de construção crie diferentes representações.
Conceito:
- Usa uma abordagem passo a passo para construir objetos
- Fornece uma interface fluente (encadeamento de métodos)
- Permite parâmetros opcionais sem sobrecarga de construtores
- Encapsula lógica de inicialização complexa
Componentes:
- Classe Builder: Contém métodos para definir vários parâmetros
- Método build: Constrói e retorna o objeto final
- Interface: Métodos retornam o próprio builder para encadeamento
Tipo
Padrão criacional
O padrão Builder está preocupado com a criação de objetos, especificamente criando objetos complexos passo a passo.
Problemas que resolve
-
Anti-padrão de construtor Ttelescópico: Evita construtores com muitos parâmetros
// Ruim: Construtor telescópico APIClient(context, url, timeout1, timeout2, timeout3, enableLogging, json, dispatcher) // Bom: Padrão builder APIClient.Builder(context) .baseUrl(url) .timeouts(30, 30, 30) .enableLogging(true) .build() -
Parâmetros opcionais: Muitas opções de configuração, mas nem todas são obrigatórias
-
Legibilidade: Torna o código auto-documentado através de nomes de métodos
-
Imutabilidade: Pode criar objetos imutáveis com todos os campos definidos
-
Validação: Pode validar parâmetros antes da construção do objeto
Por que foi a melhor abordagem para este projeto
Olhando para APIClient.Builder:
class APIClient private constructor(
private val context: Context,
private val apiService: APIService,
private val config: APIClientConfig,
private val tokenProvider: TokenProvider
) {
class Builder(ctx: Context) {
private var config: APIClientConfig = APIClientConfig()
fun baseUrl(url: String) = apply { config = config.copy(baseUrl = url) }
fun timeouts(connectSeconds: Long, readSeconds: Long, writeSeconds: Long) = apply {
config = config.copy(...)
}
fun enableLogging(enable: Boolean) = apply { config = config.copy(enableLogging = enable) }
fun json(json: Json) = apply { config = config.copy(json = json) }
fun dispatcher(dispatcher: CoroutineDispatcher) = apply { ... }
fun build(): APIClient {
// Lógica de inicialização complexa
val tokenProvider = TokenProviderImpl(context)
val okBuilder = getOkBuilder(context, tokenProvider)
val retrofit = Retrofit.Builder()...
return APIClient(context, apiService, config, tokenProvider)
}
}
}
Explicação:
-
Muitas opções de configuração: O cliente de API tem várias configurações:
- URL base
- Três timeouts diferentes (conexão, leitura, escrita)
- Toggle de logging
- Configuração JSON
- Dispatcher de corrotinas
- Todas opcionais com valores padrão sensatos
-
Inicialização complexa: O método
build()orquestra uma configuração complexa:fun build(): APIClient { val tokenProvider = TokenProviderImpl(context) val okBuilder = getOkBuilder(context, tokenProvider) val okHttpClient = okBuilder.build() val retrofit = Retrofit.Builder()... val apiService = retrofit.create(APIService::class.java) return APIClient(context, apiService, config, tokenProvider).apply { initializeCacheCleanup() } }Essa complexidade fica escondida dos usuários.
-
API fluente: Torna a configuração legível e descobrível:
val apiClient = APIClient.Builder(this) .baseUrl("https://api.example.com") .timeouts(30, 30, 30) .enableLogging(true) .build() -
Configuração padrão:
APIClientConfig()fornece valores padrão sensatos, então os usuários só especificam o que precisam. -
Imutabilidade: Uma vez construído,
APIClienté imutável (construtor privado), prevenindo modificação acidental. -
Oportunidade de validação: O builder pode validar configuração antes da construção (por exemplo, verificar formato de URL, intervalos de timeout).
3. Padrão Singleton
Teoria
O Padrão Singleton garante que uma classe tenha apenas uma instância e fornece um ponto de acesso global a ela.
Conceito:
- Restringe a instanciação a um único objeto
- Fornece acesso controlado a essa instância
- Frequentemente usa inicialização preguiçosa (lazy)
- Acesso thread-safe em ambientes multi-threaded
Características:
- Construtor privado: Previne instanciação externa
- Variável de instância estática: Mantém a única instância
- Método de acesso público: Fornece acesso controlado à instância
- Thread safety: Garante apenas uma instância em cenários concorrentes
Tipo
Padrão criacional
O padrão Singleton controla a criação de objetos, garantindo que apenas uma instância exista.
Problemas que resolve
- Gestão de recursos: Previne múltiplas instâncias de recursos caros (conexões de banco de dados, handles de arquivo)
- Consistência de estado: Garante que estado compartilhado permaneça consistente em toda a aplicação
- Acesso global: Fornece um ponto de acesso bem conhecido a um recurso
- Eficiência de memória: Evita criar múltiplas instâncias do mesmo recurso
Por que foi a melhor abordagem para este projeto
Olhando para CacheDatabase:
abstract class CacheDatabase : RoomDatabase() {
companion object {
@Volatile
private var INSTANCE: CacheDatabase? = null
fun getDatabase(context: Context): CacheDatabase {
return INSTANCE ?: synchronized(this) {
val instance = Room.databaseBuilder(
context.applicationContext,
CacheDatabase::class.java,
"content_cache_database"
)
.fallbackToDestructiveMigration()
.build()
INSTANCE = instance
instance
}
}
}
}
Explicação:
-
Gestão de conexão de banco de dados: Bancos de dados Room são caros para criar:
- Operações de I/O de arquivo
- Validação de schema
- Configuração de pool de conexões
- Criar múltiplas instâncias desperdiçaria recursos e poderia causar conflitos
-
Thread safety: A implementação usa:
@Volatile: Garante visibilidade entre threadssynchronized: Previne condições de corrida durante inicialização- Padrão double-checked locking: Singleton thread-safe eficiente
-
Acesso: Múltiplos repositórios (
ContentRepositoryImpl, gerenciadores de cache) precisam da mesma instância do banco de dados:// Em APIClient private val cacheDatabase: CacheDatabase by lazy { CacheDatabase.getDatabase(context) }Todos os componentes compartilham a mesma instância do banco de dados.
-
Requisitos de context do Android: Room requer um
ApplicationContext(não contexto de Activity), e o singleton garante gestão adequada do ciclo de vida. -
Previne problemas de lock de banco de dados: Múltiplas instâncias de banco de dados poderiam causar conflitos de lock do SQLite. Singleton previne isso.
-
Eficiência de memória: Instâncias de banco de dados mantêm conexões e caches. Uma instância = um conjunto de recursos.
Nota:
Embora Singleton tenha desvantagens (estado global, dificuldades de teste), para bancos de dados Room no Android, é a abordagem recomendada pelo Google. O padrão é apropriado aqui porque:
- Conexões de banco de dados são recursos inerentemente compartilhados
- O ciclo de vida da aplicação Android se alinha com o escopo singleton
- O design do Room espera uso singleton
4. Padrão DAO (Data Access Object)
Teoria
O Padrão DAO fornece uma interface abstrata para um banco de dados ou mecanismo de persistência, encapsulando todas as operações de acesso a dados para uma entidade específica ou conjunto de entidades relacionadas.
Conceito:
- Separa lógica de acesso a dados da lógica de negócio
- Fornece uma interface limpa para operações CRUD
- Abstrai detalhes específicos do banco de dados (SQL, queries)
- Cada DAO tipicamente lida com um tipo de entidade
Princípios:
- Responsabilidade única: Cada DAO lida com acesso a dados de uma entidade
- Abstração: Esconde detalhes SQL/banco de dados da lógica de negócio
- Reutilização: DAOs podem ser reutilizados em diferentes partes da aplicação
- Testabilidade: Fácil criar mocks de DAOs para teste
Tipo
Padrão Estrutural (embora frequentemente considerado Padrão Arquitetural)
O Padrão DAO estrutura como o acesso a dados é organizado e abstraído do resto da aplicação.
Problemas que resolve
- Acoplamento: Sem DAOs, a lógica de negócio contém queries SQL e código específico do banco de dados
- Organização: Espalha código de acesso a dados por toda a aplicação
- Vendor lock-in: Torna difícil trocar bancos de dados
- Complexidade: Queries SQL misturadas com lógica de negócio reduzem legibilidade
- Teste: Difícil testar lógica de negócio quando contém código de banco de dados
- Manutenibilidade: Mudanças no schema do banco de dados requerem mudanças em todo o código
Por que foi a melhor abordagem para este projeto
Olhando para as implementações de DAO:
@Dao
interface ContentCacheDao {
@Query("SELECT * FROM cached_content WHERE strategy = :strategy AND page = :page")
suspend fun getContentsByStrategyAndPage(strategy: String, page: Int): List<CachedContent>
@Insert(onConflict = OnConflictStrategy.REPLACE)
suspend fun insertContents(contents: List<CachedContent>)
@Query("DELETE FROM cached_content WHERE strategy = :strategy")
suspend fun deleteContentsByStrategy(strategy: String)
}
Explicação:
-
Separação: Cada DAO lida com um tipo de entidade:
ContentCacheDao: Itens de conteúdo em cacheMetadataCacheDao: Metadados de cache (expiração, chaves)PostDetailCacheDao: Informações detalhadas de posts
Essa separação torna o código organizado e manutenível.
-
Integração com Room: Room (abstração SQLite do Android) usa DAOs como sua abstração primária:
abstract class CacheDatabase : RoomDatabase() { abstract fun contentCacheDao(): ContentCacheDao abstract fun cacheMetadataDao(): MetadataCacheDao abstract fun postDetailCacheDao(): PostDetailCacheDao }O padrão DAO é a forma idiomática de usar Room.
-
Queries encapsuladas: DAOs escondem SQL complexo:
@Query("SELECT * FROM cached_content WHERE strategy = :strategy AND page <= :maxPage ORDER BY page ASC, cached_at DESC") suspend fun getContentsUpToPage(strategy: String, maxPage: Int): List<CachedContent>A lógica de negócio não precisa saber sobre ordenação SQL, lógica de paginação, etc.
-
Type safety: Room gera código de implementação em tempo de compilação, fornecendo:
- Validação de query em tempo de compilação
- Tipos de retorno type-safe
- Sem erros SQL em runtime
-
Funções suspend: DAOs usam corrotinas Kotlin (
suspend), tornando-os:- Não-bloqueantes
- Fáceis de usar em código baseado em corrotinas
- Integram perfeitamente com
CacheManager
-
Testabilidade: Fácil criar mocks de DAOs:
val mockDao = mock<ContentCacheDao>() val cacheManager = CacheManager(mockDatabase) -
Resolução de conflitos: DAOs lidam com preocupações específicas do banco de dados:
@Insert(onConflict = OnConflictStrategy.REPLACE) suspend fun insertContents(contents: List<CachedContent>)A lógica de negócio não precisa saber sobre resolução de conflitos do SQLite.
-
Otimização de queries: DAOs permitem que Room otimize queries:
- Compilação de queries
- Pool de conexões
- Prepared statements
- Tudo tratado de forma transparente
Exemplo:
// Em CacheManager - interface limpa e simples
suspend fun getContents(strategy: String, page: Int): List<CachedContent>? {
return withContext(Dispatchers.IO) {
val metadata = metadataDao.getMetadataByKey(cacheKey)
if (metadata != null && metadata.expires_at > System.currentTimeMillis()) {
contentCacheDao.getContentsByStrategyAndPage(strategy, page)
} else null
}
}
O padrão DAO torna esse código legível e de fácil manutenção - sem strings SQL, sem gestão de conexão de banco de dados, apenas chamadas de método limpas.
5. Por que Repository para API e DAO para banco de dados?
Essa é uma pergunta que surge naturalmente quando analisamos a arquitetura: por que usar o padrão Repository para acessar dados da API, mas usar o padrão DAO para acessar dados do banco de dados? Por que não usar Repository para tudo, ou DAO para tudo?
A diferença fundamental
A resposta está na natureza diferente dessas duas fontes de dados e nos problemas específicos que cada padrão resolve melhor.
Por que não usar DAO para API?
Problemas que surgiriam:
-
DAO é específico para bancos de dados: O padrão DAO foi criado especificamente para abstrair operações de banco de dados (CRUD). Ele funciona perfeitamente com Room porque:
- Room gera código SQL em tempo de compilação
- Queries são estáticas e conhecidas antecipadamente
- Operações são tipicamente síncronas ou suspend (bloqueantes de forma controlada)
-
APIs REST são diferentes: Chamadas de API têm características completamente diferentes:
- Requisições HTTP assíncronas
- Tratamento de erros de rede
- Autenticação e interceptores
- Cache HTTP
- Retry logic
- Transformação de dados (JSON parsing)
Tentar usar DAO para API seria como usar uma chave de fenda para martelar um prego - ferramenta errada para o trabalho.
-
Orquestração complexa: No nosso projeto,
ContentRepositoryImplprecisa:// 1. Verificar cache primeiro // 2. Se não tiver, chamar API // 3. Se API falhar, tentar cache novamente // 4. Transformar dados entre formatosUm DAO não tem essa capacidade de orquestração - ele só faz operações simples de banco de dados.
Por que não usar Repository para banco de dados?
Problemas que surgiriam:
-
Perderíamos os benefícios do Room: Room é uma biblioteca poderosa que:
- Valida queries em tempo de compilação
- Gera código type-safe automaticamente
- Otimiza queries automaticamente
- Gerencia conexões e transações
Se criássemos um Repository que encapsula DAOs, estaríamos apenas adicionando uma camada desnecessária. O Repository já usa DAOs internamente através do
CacheManager. -
Granularidade inadequada: Repositories trabalham em nível de domínio (ex: "buscar conteúdos"), enquanto DAOs trabalham em nível de persistência (ex: "SELECT * FROM cached_content WHERE...").
Olhando nosso código:
// Repository: nível de domínio suspend fun getContents(page: Int, strategy: Strategy): APIResult<List<Content>> // DAO: nível de persistência suspend fun getContentsByStrategyAndPage(strategy: String, page: Int): List<CachedContent> -
Separação de responsabilidades: DAOs têm uma responsabilidade muito específica e bem definida: operações de banco de dados. Repositories têm uma responsabilidade mais ampla: orquestrar múltiplas fontes de dados e aplicar lógica de negócio.