Apenas gostaria de relatar minha experiência com programação e meu recente desânimo com a área. Acontece que comecei a programar há uns 2 anos (tinha uns 14 anos) e me diverti bastante. Aprendi o básico de HTML e CSS, um bocado de JavaScript e um bocado razoável de PHP, mas nada muito “uau”, tanto que eu ainda me sentia meio tonto, já que estava envolto no hell dos tutoriais e parecia que nunca evoluía a ponto de conseguir codar sem o ChatGPT.

Então, dei início ao CS50 e gostei muito, já que sentia uma evolução na minha lógica, e era superinteressante descobrir como tudo funcionava por debaixo dos panos. Mas cometi o erro de usar IA em um dos exercícios, e isso acabou completamente comigo. Senti-me um lixo, já que havia sido “humilhado” por uma IA em algo em que eu estava me dedicando há dias para resolver (nada muito complexo, apenas o credit.c do CS50).

Toda essa vergonha e humilhação recente persistiu por mais um tempo, mas sem aquele mesmo brilho nos olhos, já que eu havia perdido o ímpeto por aprender programação. Somado ao fato de as aulas terem 2 horas de duração (eu acabava tendo que cortar grande parte delas) e serem em inglês, acabei desanimando totalmente.

Cheguei a brincar mais um pouco, mas apenas para me divertir, apesar de estar sendo refém da IA. Aquilo era incrível e, ao mesmo tempo, deprimente. Eu me sentia extremamente amarrado, mas ainda achava tudo muito louco. Cheguei a fazer um projeto para a escola, onde usei pela primeira vez um banco de dados mais ou menos funcional (antes eu só havia usado um arquivo .txt no PHP). Usei um Realtime Database do Firebase e me senti “o programador”, mesmo tendo abusado da IA para absolutamente tudo.

Em determinado ponto deste ano, surgiram umas oportunidades de freelancer e eu acabei entrando. A vaga era literalmente “desenvolvedor low-code”, então já dá para imaginar o naipe. Fui introduzido ao Firebase Studio, que é um Google IDX com a IA ainda mais explícita e que tenta empurrar os produtos do Google o tempo todo.

Enfim, acabei encarando um projeto relativamente grande sem saber quase nada e fiz um monte de gambiarra (como usar um Realtime Database seco em um projeto relativamente grande). Entre outros percalços que enfrentei durante a produção, tive muitas dores de cabeça com os layouts (kanban no React é muito chato) e também sofri com as alucinações da IA.

Era muito angustiante ter que depender das alucinações da IA e entender muito pouco do que realmente estava acontecendo. Claro, sou grato à IA, porque, se eu dependesse do Reddit ou do Substack para conseguir fazer o projeto, eu nem teria entrado nele. Ainda assim, consegui entregar outros freelas menores usando esse mesmo ambiente com IA e expandi um pouco o meu limitado conhecimento.

Diante de toda essa história, posso afirmar que ainda gosto de tecnologia, mas estou um pouco desanimado com a área. No momento, estou focando em aprender inglês para conseguir ter uma experiência um pouco melhor no CS50. Continuo envolto nesse universo, seja pelo meu notebook pré-histórico com Linux, que eventualmente, devido ao usuário “futriquento”, acaba quebrando. (Essa experiência com Linux me quebrou um galho absurdo quando fui colocar o projeto para rodar na VPS do cliente.)

Finalizando, gostaria de agradecer pelo texto, que realmente me fez relembrar minhas experiências não tão longínquas e me motivou a querer me aperfeiçoar para não depender da IA, trazendo-me a reflexão de que, embora existam muitos programadores no campo, poucos realmente se garantem, gerando uma seleção natural que, aos poucos, elimina os programadores orientados à inteligência artificial, me levando a crer que não é a aréa que esta saturada mas sim os programadores.