Mandou muito bem na análise, clacerda. Vi todos os links, inclusive os artigos do arXiv que rolaram na conversa, e me aprofundei bastante no assunto pra não ficar só na superfície. Concordo contigo em vários pontos — principalmente quando diz que a linguagem é consequência da inteligência, não a causa. Isso é algo que martelo muito também.
É fato: a arquitetura transformer original já ficou lá em 2017-2018, mas a essência dela segue viva. O que tem hoje é um monte de hacks em cima: mixtures of experts, attention window adaptável, token prefetch, embeddings rotacionais… mas no fundo continua a mesma engrenagem estatística. E deep learning realmente engoliu o PLN simbólico tradicional. É a real.
Achei excelente tua colocação sobre a diferença entre imitação humana e imitação da IA. Concordo que nós também somos imitadores — cultura, linguagem, sociedade inteira se constroem assim — mas o ponto-chave é esse: temos vivência, intenção, emoções que servem de motor pros nossos comportamentos. A IA não tem isso. Ela não sofre se errar, não deseja, não teme. Não há causalidade interna que ligue suas respostas à experiência própria.
O teu exemplo do ato aleatório de bondade é brilhante. Isso escapa de qualquer métrica de otimização. Não é custo/benefício, não é função objetivo. É algo que emerge de subjetividade e de um sistema nervoso vivo que quer existir, amar, ser aceito, ajudar — às vezes até contra a própria lógica. Algoritmo nenhum faz isso.
Sobre as linhas de pesquisa que você levantou — estamos alinhados.
Aprendizado Contínuo: é o calcanhar de aquiles das LLMs hoje. Elas são snapshots congelados do mundo. Sem lifelong learning, nunca vão ter a mesma plasticidade cognitiva de um ser vivo.
Neuro-Simbólico: concordo muito. O simbólico é insubstituível pra raciocínio, abstração, regras. O neuro é ótimo pra intuição e padrões. Sem fusão, não saímos do mimetismo.
Corporeidade (embodiment): vital. Ninguém entende “frio” se nunca sentiu frio. O corpo é parte essencial pra semântica não ser só símbolos flutuantes.
A grana, porém, está indo toda pros incrementos: plugins, RAG, agents, mais dados, mais parâmetros. Isso melhora a imitação, mas não cria compreensão. E eu também temo o marketing exagerado de “AGI” que está rolando hoje. Quase toda AGI do mercado é só um papagaio cada vez mais sofisticado, como você falou.
A tua analogia do vírus é perfeita. As LLMs são máquinas de otimização cega. Não têm propósito, só perseguem um objetivo matemático. E isso é um risco sério: máquinas super eficientes que imitam humano mas sem consciência ou ética podem ser perigosíssimas.
Enfim, tamo juntos na ideia de que LLMs são incríveis como engenharia, mas consciência mesmo… ainda estamos longe. Valeu pela reflexão profunda e pelas referências.