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Escudo
3 min de leitura ·

Pare de romantizar o trabalho e empresa

Empresas não querem funcionários, querem resultado. Com essa onda de IA isso ficou ainda mais claro. Se você pode ser substituído, você vai ser. O mercado não liga para você. Empresa não é ONG.

As empresas estão investindo bilhões em IA, muitas vezes sem lucro imediato, e liberando ferramentas de graça. O que antes seria patenteado hoje é jogado no mundo como open source. Não é bondade. É estratégia. Elas ganham padrão, dependência e mercado.

Esse papo de cultura, fit cultural, “somos uma família”, promessa de crescimento, participação nos lucros, trabalho remoto, salário alto… nada disso é porque a empresa se importa com você. É porque em algum momento isso deu mais resultado. Quando a oferta de mão de obra aumenta, tudo muda. Benefícios somem, exigências aumentam e seu valor cai. Trabalho remoto, por exemplo, nunca foi benefício, sempre foi ferramenta de atração.

Você trabalha 8 horas por dia, às vezes mais. Em muita empresa, não fazer hora extra ou não trabalhar fim de semana é mal visto. Esperam que você tenha “senso de dono”, mesmo não sendo dono de nada. E todo mundo sabe: se aparecer alguém melhor, mais barato ou que entregue o mesmo, você roda sem cerimônia.

Mesmo assim, muita gente romantiza trabalho e esforço. Repete que “quem não conseguiu é porque não se esforçou o suficiente”. Outros abrem empresa própria e passam a trabalhar 12 horas por dia, de segunda a segunda, fazendo o trabalho de três pessoas. Os dados mostram outra coisa: a maioria das empresas quebra em poucos anos. Pouquíssimas sobrevivem por décadas. E não se iluda achando que você é diferente. Provavelmente não é.

Tem também essa autoenganação de “agora vale a pena porque é meu negócio”. No fim, trabalho continua sendo troca de tempo de vida por dinheiro. E uma parte grande desse dinheiro vai embora em imposto, na marra. Se não pagar, você é punido. Quanto mais trabalha, ganha e consome, mais paga.

Essa conversa de diferencial também cansa. Você não é protagonista. Tem muita gente tão capaz quanto você. Habilidades que levaram anos para aprender hoje podem ser copiadas, absorvidas ou automatizadas em pouco tempo. O que era diferencial vira requisito básico muito rápido.

Quem já jogou competitivo entende bem isso. No topo, poucos são realmente fora da curva. Abaixo disso, todo mundo é parecido. O que decide é detalhe, constância, horário, sorte de cair em time bom. No trabalho é igual. Muitas vezes você só deu sorte de cair numa empresa decente.

Tem gente que vende networking como solução mágica. Outros mostram que dá para crescer fazendo o básico bem feito. No fim, é isso: faça o feijão com arroz direito. Seja útil. Entregue o que precisa ser entregue.

Então, para de se cobrar o tempo todo. Para de tentar surfar toda onda nova, de viver ansioso com tecnologia que nem virou mercado ainda. Não romantize trabalho. Trabalhe bem e, se puder, trabalhe menos. Aprenda o que realmente tem demanda real e não hype.

Se você gosta de aprender coisas novas e criar projetos, ótimo. Mas se matar para estar sempre à frente, sempre atualizado e sempre dando 110% raramente compensa. No fim das contas, você é descartável. Aceitar isso dói menos do que viver fingindo que não é.

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  1. Cumpra horarios, não falte, não meta atestado sem necessidade.
  2. Nao seja babaca (nao vale tudo pra ter tudo)
  3. 48 leis do poder é livro-meme. Aplique aquilo a sua carreira e descubra na pele o que acontece.
  4. Cumpra cronogramas. Cumpra contratos, se for PJ.
  5. Nao banque o herói
  6. Nao banque o pavão (um pouco de marketing pessoal é necessario, mas nao o suficiente pra infringir a regra 2)
  7. Seja útil
  8. (Odeio essa expressao, mas) Seja egoísta com a sua carreira: se o cavalo passar laçado, não caia na conversa de ficar com dó de empresa. Empresa nao tem dó de vc
  9. Ja falei pra vc nao ser um babaca?
  10. Nenhum desses conselhos vai garantir seu sucesso. Tem gente que vai dar certo pq nasceu no lugar certo ou estava na hora certa, ou estava maman... a pessoa certa. Mas seguir esses conselhos vai garantir vc ir dormir todo dia com sua consciência tranquila consigo e com os demais. O resto é lucro.
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Acho que em parte isso contribui para o etarismo. Porque as pessoas mais velhas são também as mais vividas, experientes e calejadas; em outras palavras, já são imunes ao discurso hipócrita dos gestores, sabem que essa conversa de "vestir a camisa" da empresa não leva a nada, a não ser burnout e um pé na bunda quando não for mais necessário. Daí as empresas preferirem os mais novos, que são mais fáceis de enganar e ludibriar.

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De fato, concordo plenamente com o texto. Às vezes, nós vivemos uma ânsia de altas expectativas, de sempre achar que devemos entregar 100%, que devemos entregar tudo a todo momento. Isso cria um vício de autosabotagem que só serve para destruir o psicológico. Tudo que for fazer, pensa o desventurado, deve ser da mais elevada espécie. Até mesmo escrever um comentário em site deve ser igual um trecho de Éça de Queiroz ou Machado de Assis, pensa. Mas, se nós formos apenas constantes em nosso pensar e agir, fazendo não apenas o feijão com arroz, mas o correto e direito, fazendo e pensando com uma finalidade, com objetivo, sem querer ser melhor que ninguém. Até porque, ninguém é melhor do que você, nem você é melhor do que ninguém. Há pessoas que se sobrepõem às outras em determinados setores. Mas, como espécie e ser vivente, não existe ninguém melhor do que o outro.
Sim, somos descartáveis. Mas uma coisa é reconhecer sua mísera existência, outra é aceitar como fato consumado. Eu sou inútil até me fazer útil. Mas a utilidade não é tudo, ela só é algo para outros. Por isso, que a resposta está em ser melhor do que ontem e sempre tentar contribuir com a melhora das outras pessoas. Talvez esse seja o caminho.

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Muito frustrante você dedicar horas da sua vida a uma empresa. Torcendo pra ser notado e você saber que está no seu limite, mesmo assim você acha que seu esforço ainda não é o suficiente. Pra um momento de erro seu por tudo a perder e ver que toda vez que você vestiu a camisa da empresa não valeu de nada.

Empresas, quero é que vocês se....