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Brave: A promessa de Privacidade que se perdeu no caminho...

Algumas distribuições Linux têm adotado o navegador Brave como padrão, substituindo o Firefox — como é o caso do Nobara Linux 42.

O Brave surgiu com uma proposta ousada: oferecer um navegador moderno, seguro e voltado à privacidade. No entanto, ao longo dos anos, a empresa por trás do projeto acumulou uma série de controvérsias que colocam sua ética em xeque. Vamos explorar essa trajetória.


➖ Linha do Tempo das Controvérsias

2016 – Monetização sem consentimento e manipulação de mecanismos de busca

  • O Brave tentou substituir os anúncios nativos dos sites por sua própria rede publicitária, essencialmente desviando a receita sem a autorização dos criadores. O CEO Brendan Eich adicionou unilateralmente um mecanismo de busca “clone da Wikipédia”, baseado no modelo “pague para aparecer”, à lista padrão do navegador.

2018 – Doações não autorizadas em nome de criadores

  • Criadores de conteúdo, como Tom Scott, denunciaram que o Brave estava solicitando doações em seus nomes sem consentimento prévio. Um comportamento que, no mínimo, levanta sérias dúvidas éticas.

2020 – Códigos de afiliados e anúncios disfarçados

  • O Brave foi flagrado injetando códigos de afiliados em URLs ao acessar sites como Binance ou Ledger — uma prática que gera receita sem transparência com o usuário.
  • Também passou a exibir "fundos patrocinados" na página inicial, o que gerou resistência significativa da comunidade.

2021 – Vazamento de DNS em modo TOR

  • A funcionalidade de navegação anônima via TOR foi comprometida por vazamento de consultas DNS, revelando que o tráfego não era tão sigiloso quanto prometido. A falha só foi corrigida após denúncias públicas.

2022 – Pressão para aceitar publicidade

  • O navegador passou a desencorajar a desativação de conteúdos patrocinados, tornando a experiência cada vez mais próxima de um produto focado em monetização agressiva.

2023 – Instalações forçadas e rastreamento oculto

  • O Brave foi acusado de instalar um serviço de VPN paga nos dispositivos dos usuários sem consentimento explícito.
  • Além disso, descobriu-se que o navegador coletava e revendia dados por meio de seu próprio rastreador, projetado para não alertar os sites visitados — o que contradiz diretamente sua proposta “pró-privacidade”.

2024 – Recuo na proteção contra fingerprinting

  • O Brave abandonou a proteção avançada contra impressão digital (fingerprinting), alegando — com base em estatísticas contestáveis — que os usuários que ativariam essa função também desativariam a telemetria.

2025 – Conflito de interesse em testes de privacidade

  • A empresa publicou um artigo elogiando o projeto PrivacyTests.org e afirmou colaborar com “plataformas de testes independentes”. No entanto, omitiu que o PrivacyTests é mantido por um arquiteto sênior do próprio Brave, configurando um claro conflito de interesses.

Brave adota um discurso forte em defesa da privacidade, mas seu histórico revela uma sequência de decisões voltadas à monetização, ao controle e à adoção de práticas pouco transparentes — frequentemente à revelia dos usuários e dos criadores de conteúdo.

Em um cenário em que confiança e transparência são essenciais, especialmente em ferramentas voltadas à segurança digital, é fundamental que os usuários façam escolhas bem informadas. O Brave pode ser tecnicamente competente, mas suas práticas levantam alertas difíceis de ignorar.


🗨️ Você, ainda usa ou usaria o Brave?

Uma alternativa possível em relação a privacidade , seria o Zen Browser?

Escrito para meu blog: https://jeielmiranda.is-a.dev/jeiel-blog

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Não existe almoço grátis, não pagamos pelos navegadores, então somos o produto.

Qualquer propaganda de nabegador não pode ser levada a sério

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Excelente post! Resumo perfeito da trajetória de contradições do Brave. O marketing de privacidade deles simplesmente não se sustenta.

O ponto levantado revela uma questão ainda maior: qualquer navegador baseado em Chromium não é uma alternativa real em relação à privacidade. O problema não é só o Brave, mas o próprio ecossistema. Entregar a web de bandeja para o Google, é uma perda estratégica enorme para a internet livre.

O Firefox, ele sim, é uma escolha melhor do que qualquer derivado do Chromium. Contudo, a Mozilla, infelizmente, já não é a mesma. A sensação é parecida com a do kernel Linux: a comunidade existe, mas se tornou completamente subserviente aos interesses e ao dinheiro das grandes corporações, que ditam as regras.

As únicas alternativas verdadeiramente livres e movidas por uma comunidade ideológica são aqueles "quebradas" para a web moderna. As verdadeiras alternativas
seriam projetos como:

  • Dillo e NetSurf, que têm seus próprios motores de renderização, mas sofrem terrivelmente com JavaScript e CSS moderno.
  • Ladybird (o navegador do SerenityOS), que é talvez a maior esperança a longo prazo. Ele está construindo TUDO do zero (HTML, CSS, JS) e um dia pode se tornar uma alternativa viável e de fato independente.

É uma pena que, no momento, a usabilidade deles seja tão baixa para o dia a dia.

Uma menção especial vai para o qutebrowser. Apesar de ser um "wrapper", em torno do QtWebEngine (que no fim das contas é o Chromium).

No fim, a análise do post é certeira, mas vai muito além do Brave, o cenário atual deixa o usuário preso entre um monopólio disfarçado de "código aberto" (Chromium), uma alternativa comprometida (Firefox) e os ideais que, por enquanto, ainda não são práticos. No momento não tem nenhuma alternativa..