Tecnologia de Defesa e Infraestrutura Digital: O que Aprendi Desenvolvendo para o Setor Militar
Nota do Autor: "Fala, pessoal! Estou retomando minha rotina de escrita enquanto tento conciliar com outros focos da vida. Neste artigo, quero compartilhar uma parte muito específica da minha trajetória entre 2021 e 2023, período em que mergulhei em diversos projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados para a área militar. Nada do que vou trazer aqui é sigiloso a ideia é apenas dividir minha visão pessoal, especialmente para quem tem interesse em seguir ou entender melhor esse campo"
Meu Primeiro Contato
Naquela época eu ainda era estudante de Ciências e Engenharia. Já tinha um certo background em programação e redes por conta do curso técnico e de alguns projetos pequenos que havia desenvolvido, mas nada muito avançado. Foi então que surgiu uma oportunidade de bolsa para pesquisa e desenvolvimento. Me inscrevi sem grandes expectativas afinal, a maioria dessas bolsas costumava ir para alunos de Engenharia de Software ou Ciência da Computação. Eu, por outro lado, não tinha uma experiência em outros projetos ou coisa do tipo, no entanto o interesse e a curiosidade na área tem seus pesos.
Para minha surpresa, passei no processo seletivo. E, para minha surpresa em dobro, fui direcionado a um projeto dentro da PRF (Polícia Rodoviária Federal), focado na construção de aplicações e sistemas para apoiar o trabalho dos policiais no dia a dia. Era como se de repente eu tivesse sido transportado de uma sala de aula para um ambiente onde tecnologia e segurança pública eram críticos, foi um pouco tenso no ínicio.
Esse primeiro contato foi muito além do código. Eu comecei a entender como funcionava a hierarquia interna e, principalmente, a diferença entre as Forças Armadas e as chamadas forças auxiliares e o que de fato era importante para sistemas críticos.
Enquanto as Forças Armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica têm como missão principal a defesa nacional, atuando em cenários de guerra e proteção da soberania, as forças auxiliares como as Polícias Militares e a própria PRF cumprem um papel diferente: manter a ordem, fiscalizar e dar suporte direto à população em situações do dia a dia. Apesar de serem estruturadas de forma semelhante, com hierarquia rígida e disciplina, elas operam em contextos distintos mas, digamos, com o mesmo objetivo em comum.
Depois desse primeiro contato, meu interesse começou a crescer de forma natural. Havia algo muito recompensador em perceber que aquilo em que eu estava envolvido seja no desenvolvimento ou no suporte tinha impacto direto na segurança das pessoas. É claro que qualquer ferramenta pode ser usada de maneiras diferentes, mas havia equipes inteiras dedicadas a garantir que tudo funcionasse como deveria. Dentro desse ecossistema, minha responsabilidade era dupla: cuidar do desenvolvimento em si e também da documentação, garantindo que cada solução pudesse ser entendida, mantida e evoluída no futuro. Isso me abriu portas para outras pesquisa e desenvolvimento tanto nas forças armadas quanto nas forças auxiliares na área de: Supercomputação, Inteligência Artificial, UAV (Drones) e Redes de Alto Desempenho.
O que é importante nessa área
Se tivesse que elencar 3 fatores seriam: Desempenho, Segurança e Documentação. Escalibilidade, claro. Mas nem sempre um sistema será usado por vários soldados ou pessoas. As vezes apenas um grupo muito pequeno pode usar o sistema internamente.
Em um dos projetos em que participei com a Força Aérea Brasileira, o objetivo era a implementação de um supercomputador dedicado a simulações complexas. A ideia era permitir o cálculo de rotas em tempo real para caças durante missões.
Pense no seguinte cenário: um simples delay na comunicação, uma informação enviada de forma incorreta ou, pior ainda, interceptada no caminho. Isso poderia significar colocar a vida de um piloto em risco ou gerar prejuízos financeiros imensos. Nesse contexto, a confiabilidade não era apenas desejável era vital para todo projeto.
O desempenho da comunicação entre o supercomputador e a simulação precisava ser impecável. Cada microssegundo importava, e qualquer falha poderia comprometer o sucesso da missão. Por isso, além do desenvolvimento técnico, a documentação também assumia um papel crucial Eu sei, eu sei. Muita gente pensa que documentação só deve ser feita no final de tudo, que as vezes a gente tem que desenvolver e documentação só quando der problema. Mas não é bem assim. Ela não era só um registro burocrático: era a garantia de que todos os envolvidos engenheiros, operadores e militares tivessem clareza sobre como o sistema funcionava, como mantê-lo estável e como reagir rapidamente em caso de falhas, Reduância é palavra que andava lado a lado com a documentação.
Como era o ambiente
Muita gente tem a impressão, provavelmente por causa dos filmes, de que trabalhar nesse tipo de projeto significa lidar com alguém fardado gritando para você terminar tudo correndo, ou com vilões elaborando armas de destruição em massa, charuto cubano na boca e um mapa-múndi atrás. Na prática, é um pouco diferente: sem o charuto e o drama cinematográfico.
Brincadeiras à parte, muitas vezes o dia a dia se parece mais com um ambiente corporativo comum: conversas, café, bate-papo no almoço. A diferença é que aqui a ética e o sigilo são levados muito a sério, e normalmente não tem fofoca sobre o projeto em ambientes públcios. Não dá para falar sobre nomes de projetos, tecnologias envolvidas e várias outras informações sensíveis. Há uma série de NDAs que você precisa assinar, e cumpri-los não é apenas burocracia é essencial para a segurança de todos e para a integridade dos projetos.
O que aprendi e como começar
Durante esse período, aprendi muito mais do que apenas técnicas de programação. Mergulhei de cabeça em temas complexos como redes, software de comunicação e infraestrutura crítica, mas também desenvolvi habilidades que vão muito além do código: liderança, trabalho em equipe e como conduzir projetos em ambientes de alta responsabilidade.
Importante Frisar que eu ainda não era formado participei como pesquisador ligado à universidade, aproveitando bolsas de P&D. Mas esse caminho não é o único: existem concursos públicos, programas de trainee e outras oportunidades em instituições de pesquisa e desenvolvimento, tanto no setor militar quanto em áreas estratégicas do governo e da indústria.
O que mais me marcou foi perceber que, mesmo sem diploma, é possível entrar nesse universo se você tiver curiosidade, disciplina e vontade de aprender na prática. Começar envolve:
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Dominar o básico de programação, redes e Sistemas Opercionais mesmo que seja por cursos online ou projetos pessoais.
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Buscar oportunidades de pesquisa em universidades ou laboratórios que aceitem participantes externos ou bolsistas.
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Entender a área de atuação: segurança, defesa, infraestrutura crítica, sistemas de comunicação. Quanto mais você se conecta com os problemas reais, mais relevante seu trabalho se torna.
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Documentar e refletir sobre cada aprendizado a documentação é uma ferramenta de aprendizado e também de credibilidade profissional.
Para quem quer experimentar um pouco
Vou deixar uma série de artigos e programas para experimentação para Drones e introdutórios para algumas áreas.
MiniNet WiFi / MiniNet-WiFi - Simulador de Drones e Redes
Gazebo - Simulador físico para robótica e UAVs.
Introdução a Computação de Alto Desempenho
OSINT de satélite: inteligência espacial em segurança cibernética aeroespacial