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Como a Canonical tem (ou, pelo menos, tinha) a faca e o queijo na mão para o mercado de Desktops

Boas!

Recentemente, rodando pelas internets à fora, vejo muitos, mas muitos mesmos, artigos, vídeos e demais conteúdos falando sobre o fim do Windows 10, como a adoção do Windows 11 ainda está longe de ser grande, como a Microsoft está tratando os usuários do Windowws 10, forçando-os a comprar PCs novos devido aos requisitos do Windows 11... E todo esse blá blá blá. E sempre tem aquele parágrafo no artigo, ou minuto no vídeo, falando que Linux é uma ótima alternativa, inclusive até indicando algumas distros (Ubuntu, Mint e Zorin geralmente são as mais recomendadas).

Mas, quais as chances de um usuário leigo de Windows saber criar um pen drive bootável, dar boot no PC, particionar, instalar... Mesmo com tutoriais e vídeos na internet, não seria algo que, por exemplo, minha mãe faria.

Tá, mas onde a Canonical entra nessa história?

A Canonical é a dona do Ubuntu. Isso todo mundo (ou pelo menos a maioria) já sabe. Mas, quem lembra do Wubi?

wubi

Até a versão 13.04, o Ubuntu vinha com um instalador por dentro do Windows. Literalmente, você, lá rodando o seu Windows 7 ou 8, poderia instalar o Ubuntu como se fosse qualquer outro programa, abrindo o setup, dando "next, next, finish" e pronto. Não precisava se preocupar com particionar, configurar dual boot, criar pen drive de boot... Nada! Magicamente ele configurava tudo. Esse é o tipo de coisa que minha mãe conseguiria fazer sem nenhum esforço.

Infelizmente, o Wubi (Windows Ubuntu Installer) foi descontinuado já há bastante tempo. Apesar disso, encontrei um fork no GitHub, que é razoavelmente recente (tem até o Ubuntu 22.04), e oferece coisas como download automático, suporte a UEFI e tudo mais.

Será que essa não seria a facilidade que faltava para os usuários de Windows finalmente migrassem pra Linux? Ou pelo menos uma forma mais simples de introduzir as pessoas ao sistema? Talvez se outras distros suportassem algo assim, como o Mint ou o Zorin, que são fortemente recomendados. Isso, na minha humilde opinião, poderia ser um grande passo para a migração em massa dos usuários de Windows 10, que têm um PC/Laptop totalmente funcional, porém não compatível com Windows 11, de migrarem para o Linux.

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O Linux ainda está longe de se tornar mainstream nos desktops, e o problema vai muito além da dificuldade de instalar o sistema. O que realmente emperra a adoção em massa são questões estruturais, como a falta de padronização na instalação de programas e a ausência de um modelo unificado de distribuição mantido pelos próprios desenvolvedores.

Hoje existem tentativas de resolver isso com "gerenciadores de pacotes universais", como Flatpak e Snap, mas a comunidade não consegue chegar a um consenso sobre qual abordagem adotar. Cada projeto puxa para um lado, e o resultado é um ecossistema fragmentado.

Seria muito mais viável para o usuário comum se houvesse um padrão único, uma forma padronizada de instalar programas, configurar dispositivos como microfone e bluetooth, e lidar com o sistema como um todo. O usuário não quer parar e pensar para usar um sistema, ele quer usar e pronto. Mas o excesso de liberdade no desenvolvimento levou a uma profusão de forks e jeitos diferentes de fazer a mesma coisa, o que só aumenta a confusão.

Além disso, a questão dos drivers continua sendo um calcanhar de Aquiles, especialmente quando se trata da NVIDIA. Problemas como tearing, efeitos visuais engasgando, e desempenho abaixo do esperado (quando comparado ao mesmo hardware rodando Windows) ainda são barreiras reais para muitos usuários. E isso sem falar na configuração manual que muitas vezes é necessária para fazer tudo funcionar decentemente.

O usuário comum não quer lidar com terminal. Não importa o quanto ele seja poderoso, o que as pessoas querem é um sistema que simplesmente funcione. Ninguém quer perder tempo resolvendo conflitos de dependência, atualizações que quebram o sistema ou pacotes incompatíveis. Elas só querem ligar o computador e fazer o que precisam, seja trabalhar, jogar ou estudar.

Enquanto esses problemas básicos não forem tratados com prioridade pela comunidade, o Linux continuará sendo uma excelente opção... para entusiastas. E o Windows continuará dominando o mercado de desktops por oferecer justamente aquilo que o público geral quer: previsibilidade, estabilidade e conveniência.

Agora, sobre a Canonical: sim, eles tiveram a faca e o queijo na mão para conquistar o desktop. Por um tempo, o Ubuntu realmente parecia ser a "terceira via" entre o Windows e o macOS. Eles investiram pesado. Criaram o Unity, um ambiente gráfico ousado, simples e eficiente, com recursos inovadores como o HUD, que permitia buscar funções dentro dos aplicativos de forma inteligente, algo que nenhuma alternativa proprietária oferecia na época.

Eles também lançaram o Ubuntu One, um serviço de sincronização e armazenamento em nuvem integrado, que era um passo necessário para competir com as experiências fechadas da Apple e Microsoft. A Canonical estava claramente tentando entregar um ecossistema completo para o usuário final.

Mas... não vingou. Por quê? A resposta provavelmente está no bolso: Linux no desktop simplesmente não dá lucro. A Canonical apostou alto em oferecer uma experiência de desktop amigável, mas isso não se converteu em retorno financeiro. E quando a conta não fecha, a estratégia muda.

Hoje, a Canonical foca onde o dinheiro está: servidores, cloud computing, containers, e serviços corporativos. Tudo isso rodando em cima de Linux, mas muito longe do desktop do usuário comum. Eles não abandonaram o Ubuntu, mas o sonho de dominar o desktop definitivamente ficou pra trás.

Enfim, dito tudo isso, acredito que as pessoas continuarão utilizando o Windows 10, mesmo sem suporte, ou vão pular para o Windows 11 utilizando gambiarras para poder rodar no pc não suportado.