O Linux ainda está longe de se tornar mainstream nos desktops, e o problema vai muito além da dificuldade de instalar o sistema. O que realmente emperra a adoção em massa são questões estruturais, como a falta de padronização na instalação de programas e a ausência de um modelo unificado de distribuição mantido pelos próprios desenvolvedores.
Hoje existem tentativas de resolver isso com "gerenciadores de pacotes universais", como Flatpak e Snap, mas a comunidade não consegue chegar a um consenso sobre qual abordagem adotar. Cada projeto puxa para um lado, e o resultado é um ecossistema fragmentado.
Seria muito mais viável para o usuário comum se houvesse um padrão único, uma forma padronizada de instalar programas, configurar dispositivos como microfone e bluetooth, e lidar com o sistema como um todo. O usuário não quer parar e pensar para usar um sistema, ele quer usar e pronto. Mas o excesso de liberdade no desenvolvimento levou a uma profusão de forks e jeitos diferentes de fazer a mesma coisa, o que só aumenta a confusão.
Além disso, a questão dos drivers continua sendo um calcanhar de Aquiles, especialmente quando se trata da NVIDIA. Problemas como tearing, efeitos visuais engasgando, e desempenho abaixo do esperado (quando comparado ao mesmo hardware rodando Windows) ainda são barreiras reais para muitos usuários. E isso sem falar na configuração manual que muitas vezes é necessária para fazer tudo funcionar decentemente.
O usuário comum não quer lidar com terminal. Não importa o quanto ele seja poderoso, o que as pessoas querem é um sistema que simplesmente funcione. Ninguém quer perder tempo resolvendo conflitos de dependência, atualizações que quebram o sistema ou pacotes incompatíveis. Elas só querem ligar o computador e fazer o que precisam, seja trabalhar, jogar ou estudar.
Enquanto esses problemas básicos não forem tratados com prioridade pela comunidade, o Linux continuará sendo uma excelente opção... para entusiastas. E o Windows continuará dominando o mercado de desktops por oferecer justamente aquilo que o público geral quer: previsibilidade, estabilidade e conveniência.
Agora, sobre a Canonical: sim, eles tiveram a faca e o queijo na mão para conquistar o desktop. Por um tempo, o Ubuntu realmente parecia ser a "terceira via" entre o Windows e o macOS. Eles investiram pesado. Criaram o Unity, um ambiente gráfico ousado, simples e eficiente, com recursos inovadores como o HUD, que permitia buscar funções dentro dos aplicativos de forma inteligente, algo que nenhuma alternativa proprietária oferecia na época.
Eles também lançaram o Ubuntu One, um serviço de sincronização e armazenamento em nuvem integrado, que era um passo necessário para competir com as experiências fechadas da Apple e Microsoft. A Canonical estava claramente tentando entregar um ecossistema completo para o usuário final.
Mas... não vingou. Por quê? A resposta provavelmente está no bolso: Linux no desktop simplesmente não dá lucro. A Canonical apostou alto em oferecer uma experiência de desktop amigável, mas isso não se converteu em retorno financeiro. E quando a conta não fecha, a estratégia muda.
Hoje, a Canonical foca onde o dinheiro está: servidores, cloud computing, containers, e serviços corporativos. Tudo isso rodando em cima de Linux, mas muito longe do desktop do usuário comum. Eles não abandonaram o Ubuntu, mas o sonho de dominar o desktop definitivamente ficou pra trás.
Enfim, dito tudo isso, acredito que as pessoas continuarão utilizando o Windows 10, mesmo sem suporte, ou vão pular para o Windows 11 utilizando gambiarras para poder rodar no pc não suportado.