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Não podemos falar de Bitcoin de forma séria, sem antes entendermos minimamente a estrutura social em que vivemos, ou seja, antes estudar sociologia e economia.

  1. Corrupção

Falar sobre o Bitcoin ser algo bom para evitar a corrupção de políticos e bancos, ao citar sua falta de rastreabilidade, é um tanto quanto hipócrita. Já que as pessoas que realmente são utilizadores e investidores dessa tecnologia são pessoas com milhões ou bilhões de reais. Onde através de moedas digitais, arranjam uma forma de esconderem sua renda e destino de transações.

Beneficia a quem não saber de onde vem ou pra onde vai suas transações de dinheiro?

  1. Impostos

As pessoas tem uma mania de falarem sobre esse assunto tendo como base apenas no conhecimento de falas de pessoas como o Primo Rico e outros vendedores de curso.
São os impostos que sustentam a infraestrutura de diversas coisas no Brasil, defender o fim do pagamento de imposto, é defender a falta de investimento em saúde, educação, transporte, segurança e etc.

E novamente, quem que pode se beneficiar com essa falta de pagamento de impostos e ainda ter dinheiro o suficiente para pagar escolas, hospitais e transportes particulares?

É muito decepcionante ver como o debate sobre moedas virtuais ainda é muito imaturo. As pessoas precisam ter uma visão mais macro, fora da sua bolha para entender e conversar sobre esse assunto.

  1. Inflação

De fato, para esse ponto, poderiamos ter o Bitcoin ou outra moeda digital, como uma forma de reduzir o problema. Um exemplo:

Vamos criar uma hipótese que uma moeda digital qualquer, como a Ethereum tenha um certo valor baixo, para fins educativos.

1 Ethereum vale R$100,00

Com a inflação aumentando, R:100,00 agora vale o equivalente a R:80,00. Poderiamos utilizar as moedas digitais para reverter esse cenário, onde poderiamos começar a pagar com 1 Ethereum (que vale R: 100,00), já que ela não perde valor por não ser atrelado ao estado, invés de R 120,00 para compensar a queda de 20% do valor do Real.

Porém, para que isso fosse possível, teriamos que ter uma democratização do acesso de moedas digitais para a população. O que hoje não é possível, já que moedas digitais em sua maioria são acumuladas por pessoas como Elon Musk, Changpeng Zhao e Brian Armstrong, bilionários. O que é intrigante, já que o conceito de Web3, onde criptomoedas estão, é a descentralização, que é algo irreal no mundo capitalista de hoje.

Além, de claro, os inumeros fatores sociais da nossa sociedade que impedem pessoas terem acesso a isso, como o Racismo, Misoginia e Homobofobia. Que diáriamente faz com que essas pessoas tenham que se preocupar com assuntos mais importantes, como colocar comida na mesa, invés de saber qual a melhor carteira digital pra investir dinheiro numa moeda que pode ter retorno só daqui uma decada.

Deviamos estar mais preocupados em entender como novas tecnologias como as criptomoedas/Blockchain podem resolver problemas reais, invés de nos preocuparmos em problemas que só bilionários tem, como esconder suas lavagens de dinheiro e sonegação de imposto.

Fontes:

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Eu discordo de que para se discutir Bitcoin seriamente nós teríamos que estudar sociologia ou economia primeiro. Acho que a discussão cabe para qualquer um que se sinta interessado ou afetado pelo assunto. A "seriedade" da discussão não deve ser definida antes da conversa começar, uma pessoa que não estudou economia pode ter uma importante contribuição sociológica. Uma pessoa que estudou geografia pode ter outra. Uma pessoa que não estudou nada mas que tem uma vivência forte e um senso-comum apurado também pode falar sobre um assunto desses sem entender 100% dos pormenores. Não é legal descartar ou tentar limitar uma discussão usando características pessoais, pessoas diferentes podem contribuir de formas diferentes.

Corrupção:
Apesar do paper, BTC não é fundamentalmente anônimo pelos motivos expostos pelos colegas acima, e concordo com você de que não seria uma boa solução contra corrupção. Mas chamar de hipocrisia só porque gente com muito dinheiro investe o dinheiro deles em BTC não faz sentido. Hipocrisia é quando uma pessoa não vive o que prega, quem é o hipócrita? O autor do texto sobre BTC que estamos lendo? As pessoas ricas? Mas respondendo a sua pergunta: O maior beneficiário de outras pessoas não saberem para onde vai ou de onde veio o meu dinheiro, sou eu mesmo. Privacidade e Liberdade são valores que limitam o poder que estados e empresas tem sobre indivíduos; deixar de defender esses valores coloca o indivíduo numa posição de vulnerabilidade contra autocracias e manipulações.

Impostos:
Não tenho conhecimento sobre o que Primo Rico diz a respeito de impostos e concordo com você que impostos são importantes para financiar os bens e serviços comuns, entendo como inevitável que exista um estado que vai gerenciar esses bens e serviços. O problema é quando o estado decide que tudo deve ser comum justamente para se posicionar como o administrador de tudo. Porque de maneira geral o estado é inerentemente ineficiente na administração. Quando se fala sobre impostos, os defensores tem o costume de falar sobre "educação e segurança pública" que embora possam ser debatidos, acho que poderíamos chegar num acordo em manter. A dificuldade que as pessoas tem com impostos é quando esses impostos são usados pra pagar obras em outros países sem expectativa de retorno, pra financiar campanhas políticas, são injetados em meios de comunicação para comprar apoio, usados em obras superfaturadas para levar dinheiro para empreiteiras e desviadas pra dentro de partidos políticos ou são usados para financiar shows de artistas que mantém a população longe do tipo de reflexão que estamos fazendo aqui.

No final quem cobra os impostos é quem tem o poder de punir (pessoas com armas). Então infelizmente é muito provável que a identificação dos BTCs das pessoas vai ser feita e o estado vai conseguir cobrar impostos em cima do patrimônio das pessoas, financiando algumas coisas válidas e muitas inválidas.

Na minha opinião o maior argumento a favor do BTC é o próximo, e acho que concordamos nisso. Mas aí acho que não vale a generalização, a simples ideia de "moedas digitais" é insuficiente para a manutenção da inflação.

Inflação:
Inflação é um fenômeno em que preços de produtos e serviços sobem dentro de uma sociedade de uma maneira consistente e (mais ou menos) uniforme. Os motivos para esse aumento no preço de um produto ou serviço específico numa sociedade economicamente saudável estão relacionados com a variação na demanda daquele produto. Quando notamos um aumento cascateado no preço de "tudo", isso se dá por outras razões. Pode ser um cenário de guerra, em que uma interrupção em toda a cadeia produtiva do país faz com que a oferta de tudo despenque e a demanda aumenta o preço de tudo. Mas a situação mais comum para inflação é de que ela seja gerada pelo emissor de moeda.

Quem emite moeda é o estado e a Casa da Moeda está sempre funcionando. Então se tinha 10 reais em circulação e a impressora do estado imprime mais 10 reais, uma coisa que antes custava 1 real, passa a custar 2. Claro que isso não acontece do dia pra noite e nem em todos os produtos de uma vez, mas é um movimento natural do mercado tentando se acomodar à nova realidade. A dificuldade aqui é que se alguém tinha 1 real no bolso e o estado imprimiu mais 10 reais, a pessoa que tinha 1 real continua com 1 real, mas o preço do produto subiu. Na prática é como se o estado, tomasse 50% do poder de compra da população (se você se lembrou da série da Netflix "La Casa de Papel", é isso mesmo). Isso é positivo para pessoas que acreditam que políticos em sua maioria são pessoas bem intencionadas e que vão fazer bom uso do dinheiro que passa pela mão deles, não é meu caso.

Aqui o BTC brilha. Não tendo um criador oficial, não tendo uma entidade centralizadora que pode ser atacada a qualquer momento e não podendo ser impresso (ou gerado) com a canetada de um presidente, ditador, rei ou juiz; é impossível, pela tecnologia atual, promover essa inflação desonrosa no BTC. É uma moeda das pessoas, para as pessoas. O valor dela está na confiança que as pessoas tem nela, associada à uma dificuldade inerente em conseguí-la. Entendo e aceito que existem outras moedas com características semelhantes ou até melhores que o BTC, mas não é simplesmente por ser 'cripto' que vai resolver esses problemas. Uma cripto gerada por um estado ou cuja emissão é feita por uma empresa seria tão ruim quanto a moeda corrente em papel.

Acesso:
Sobre acessibilidade da tecnologia, acho que cabe um esforço de conscientização, aí deixo meus parabéns ao autor da publicação. Apesar de serem pautas que cabem um debate honesto, acho que é forçar muito a barra dizer que Racismo, Misoginia e Homofobia são fatores que impedem as pessoas a acessarem essas tecnologias; felizmente hoje em dia o acesso a internet e celular estão extremamente facilitados, então é focar no acesso a informação. Naturalmente a adoção desse tipo de tecnologia vai acontecendo aos poucos mesmo, mas o dia que conseguirmos explicar que o quilo de carne é "sempre" 0.00001 BTC enquanto o preço em reais continua subindo, teremos um incentivo grande para essas pessoas participarem dessa economia mais livre.

OBS: Eu só li a parte gratuita do livro "O Padrão Bitcoin" (https://www.amazon.com/Padr%C3%A3o-Bitcoin-Edi%C3%A7%C3%A3o-Brasileira-Descentralizada/dp/9949745780) que está disponível como amostra grátis na Amazon. Nessa amostra o autor não fala nada sobre Bitcoin, mas gasta um tempão falando sobre a história do dinheiro, de como outras moedas surgiram e se perderam, do valor associado a elas e de como a inflação desestabilizou profundamente o império romano quando os imperadores resolveram pegar moedas de ouro de X gramas, derreter e cunhar novas moedas de x/2 gramas. Faziam isso quando o dinheiro faltava nos cofres do estado, o ouro restante ficava com o império. Recomendo essa amostra grátis, são histórias interessantíssimas pra quem curte o assunto.

Se você chegou até aqui, muito obrigado.

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Eu discordo de que para se discutir Bitcoin seriamente nós teríamos que estudar sociologia ou economia primeiro. Acho que a discussão cabe para qualquer um que se sinta interessado ou afetado pelo assunto. [...] Uma pessoa que não estudou nada mas que tem uma vivência forte e um senso-comum apurado também pode falar sobre um assunto desses sem entender 100% dos pormenores.

Aí que está o problema em manter os debates relevantes, nós vivemos na era das redes sociais, onde as pessoas se acham no direito de falar sobre assuntos que nunca estudaram sobre ou se informaram por uma fake news do Whatsapp.

As moedas digitais, são uma tecnologia para criar uma nova de forma de pagamentos e capitalização. Primeiro que, nós vivemos numa sociedade capitalista, onde o capital é o que move o mundo atual.

Vamos ver o significado de Economia e Sociologia, respectivamente:

Economia - "Economia é o conjunto de atividades desenvolvidas pelos homens visando a produção, distribuição e o consumo de bens e serviços necessários à sobrevivência e à qualidade de vida."

Sociologia - "Estudo científico da organização e do funcionamento das sociedades humanas e das leis fundamentais que regem as relações sociais, as instituições etc."

Como que vamos debater de forma inteligente sobre uma tecnologia que visa uma transformação de uma estrutura social e econômica, sem entender sobre esses dois assuntos que são fundamentais para a existência de uma moeda e a vivência da sociedade?

acho que é forçar muito a barra dizer que Racismo, Misoginia e Homofobia são fatores que impedem as pessoas a acessarem essas tecnologias

É por isso, que digo que não adianta termos um debate sobre o assunto, se coisas básicas como essa não estão nem em concordância entre os participantes do debate. Os efeitos desses pensamentos preconceituosos na sociedade.

Algumas fontes para ler sobre:

acesso a internet e celular estão extremamente facilitados, então é focar no acesso a informação

Mais fontes para ler sobre como isso não é totalmente verdade:

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Só falou besteira, pare de se pautar em sites de segunda categoria e vá buscar conhecimentos sérios de autores como: Mises ou Hayek.

Enquanto estiver acessando sites como Forbes ou G1 vc estará consumindo conteúdo comunista, que defende inflação e escravidão

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Assino embaixo. E acrescento: típica linha de TCC de universidade pública canhota. Ao conceito A oponha um outro conceito, B; conclua com C. "Não é A nem B, é C" ou "Juntando A e B, temos C".

Adicione panfletagem sinistra:"os inumeros fatores sociais da nossa sociedade que impedem pessoas terem acesso a isso, como o Racismo, Misoginia e Homobofobia". Poderia, sem argumentar, tacar também no meio da narrativa termos como: cidadania, inclusão, minorias, resignificar, democracia participativa, povos originários, azelite, não passarão, gópi, facista, blablablá blablablá...

Vou até adiantar a "solução": vamos agigantar o Estado via impostos, taxações, estatizações, deixá-lo dono da quase totalidade das riquezas e, então, o seu representante, um Grande Líder do povo, pessoa magnânima, carismática, imbuída das mais nobres intenções, dividirá igualitariamente essa riqueza através de infinitos programas sociais entre os mais carentes, que não tiveram oportunidade, talvez através de um Comunacoin estatal. E como não podemos permitir que azelite opressora volte ao poder, vamos formar comitês, rodas-de-conversa, conferências, conselhos e outros "mecanismos de participação da sociedade civil" para viabilizar a "legitimação" da reeleição eterna do nosso Santo Líder Imortal.

Pegue a mesma fórmula e discorra sobre qualquer assunto. "A Objetificação do Javascript e sua Herança Opressora — As Closures como Mecanismo Antidemocrático no Escopo Global", "Entenda a Produção de Chinelos de Dedo — A Massificação de Produtos de Consumo e a Obstacularização à Construção de uma Sociedade Plural e Igualitária", e temos aí o mecanismo de impregnação do ideário. Gota a gota. Constante. Ubíquo.