Como Construir em Público ( com exemplos ) · daniellimae

Construa em Público ( Build in Public ),
Esse e um termo que ganhou muita força la fora e, como tudo que da certo no exterior o brasileiro importa, vem tendo adeptos aqui no Brasil.

Mas o que é Construir em Público e documentar sua jornada?
Seria gravar 30 stories todos os dias?
Compartilhar de forma aberta ( open source ) o código da sua empresa toda?
Ou criar um artigo já basta?

Bom, eu não sou a voz da verdade, mas vou te mostrar como EU e meu sócio estamos fazendo isso na nossa empresa Abacatepay.

E espero que isso te incentive a fazer o mesmo, mas do seu jeito e com seus limites no seu produto e carreira.

Como eu disse, não tem um certo ou errado nesse contexto, pois diferente do SCRUM ou outras metodologias que criaram, o build in public nao teve uma tábula redonda com os engenheiros mais renomados decidindo como deveria se construir em público e ao final da noite criaram aquele que viria a ser os mandamentos de construir em público.

Não. A história é muito menos dramática.
Não tem um inventor do build in public, mas se fosse pra ter o nome dele seria Peter Levels.

O exemplo mais recente que comprova e valida o poder de ter um público é o jogo do aviao que ele fez totalmente com AI.

Ele acordou certo dia e começou a vibecodar, enquanto subia esse produto ele já postava pro seu público acompanhar e testar juntamente com ele.

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Esse foi um dos primeiros posts sobre o produto.
Era um wrapper de uma api de controle aereo que ele juntou com lofi.
Então você conseguia escutar o que os pilotos falavam enquanto relaxava com uma musiquinha de fundo.

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Até que um dia ele postou essa ideia de fazer o jogo usando AI.
E a cada feature que ele fazia, postava pro público dele opinar, testar e principalmente: comprar.

Assim ele foi tunando o jogo de features que seus seguidores pediam até chegar no momento em que o capitalismo o encontrou.

Se você já pegou um metrô na hora do rush em SP, vai entender o que vou dizer:
Onde há tráfego de gente há possibilidade de ganhar dinheiro.

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Agora empresas pagam o Peter para conseguirem fazer ADs ( propaganda ) em seu jogo.
O que faz sentido. Tem milhares de pessoas altamente qualificadas para o nicho de tecnologia jogando um jogo, bora meter um AD nichado.

Agora você pode me dizer:

Tá, então quer dizer que fazer um produto de sucesso não tem a ver com ser um bom produto?

E é quase isso. Você está começando a entender.
A Virginia tem mais chances de fazer um SaaS dar certo que você.
Pois ela tem o público. E isso é o que mais conta.
Mas se você quer fazer um produto com propósito e que vença minimamente essa barreira chamada "tempo", somente construir em público não basta.

O jogo do Peter teve milhares de acesso por alguns meses.
Mas hoje ninguém mais joga.
A Abacatepay continua de pé.

O que fizemos diferente? O que fizemos igual? Vem comigo.

Construir em público não é algo novo pra gente.
Fizemos isso com outros produtos como Alertpix e Vozpravideo.

Sabe o que mudou? O público que construimos era todo dev.
Então pq raios estávamos fazendo um produto pra streamers?

Então aqui vem a primeira dica:

1 - Saiba pra QUEM está falando.

A partir do momento que fizemos um meio de pagamentos voltado a essa comunidade dev, o jogo virou. Tudo é sobre comunidade.

2 - De o primeiro passo apenas. Documente sua jornada.

Em dezembro fizemos a primeira feature ( um checkout ) e disponibilizamos ao nosso público:
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Essa foi a única funcionalidade que pensamos de fato. Depois disso o nosso público quem decidiu o que fazemos ou não fazemos.

Não tinhamos LP, nem logo, nem nome, nem login e nem nada.
Só uma tela da funcionalidade principal do nosso produto.

2 - Não construa em público.

Eu sou meio burro. Sei que é forte falar isso, mas nesse aspecto é verdade.
Talvez a palavra inocente seja melhor, mas o que é a inocencia se não uma forma de burrice?

Falo isso pois por muito tempo eu pensava em algo, decidia e no mesmo instante já falava pro público a ideia sem medo algum de que me copiassem.

E realmente, eu não tenho medo. Você pode me copiar, mas a chance de fazer igual ao que eu pensei é nula. E vai por mim, isso já aconteceu várias vezes comigo.

Mas para aqueles que tem medo de ser copiado, aqui vai a minha dica:

Não construa em público, lance em público.

Além disso, nossa ideia do build in public é mais: "Construa COM o Público" e não somente "EM" público.
Antes mesmo da Abacatepay ter nome de fruta, fizemos uma única feature no produto e depois disso fomos evoluindo juntamente com vocês.

3 - Ache seu jeito ninja de ser

Se algum dia alguém apontar o dedo pra você e falar "ISSO NÃO É BUILD IN PUBLIC" - tá tudo bem. Não precisa ser.

Você tem que achar o seu jeito de compartilhar sua jornada e a sua intensidade.
Não precisa ser tão radical que nem a gente e postar absolutamente tudo sem medo de nada.

Mas compartilhe o que está fazendo. Um artigo, um post, um vídeo.
Um vídeo pode mudar a vida do seu produto e sua também.

Obrigado por ler até aqui.
Um oferecimento abacatepay e daniellimae :)
Deus é justo.

Obrigado por compartilhar, Daniel.

Sua análise me fez pensar: se entendi direito, o "Build in Public" é a versão monetizada e algorítmica das antigas mailing lists, onde projetos (open source ou não) nasciam e ainda florescem.

O Peter Levels que você citou seria algo como Linus Torvalds na era do social media. A mesma ideia, só que despida do idealismo e totalmente imersa na lógica do capital.

É inegável que a tecnologia é superior, mas o fato de que a construção de comunidade hoje é inseparável de uma estratégia de mercado é um sintoma muito triste dos nossos tempos (é esse tipo de coisa que me faz, cada vez mais, me organizar para viver cada vez mais offline. Só vai piorar)

Torço para que a gente encontre um jeito de construir coisas juntos sem uma plataforma feita para nos "ordenhar", para transformar nossa criatividade e atenção em dinheiro para corporações que nos manipulam.

No fim, a cada post de "build in public" que a gente faz, o Moscão e o Zucão ficam um tijolinho mais perto de seus sonhos de se tornarem o Imperador da Terra. (piadas à parte... mas só um pouco).

Mas não me leve a mal por esse tom meio apocalíptico. Pelo contrário, é justamente por ver gente como você, construindo e compartilhando a jornada, que a gente se enche de esperança. Continue, por favor. É assim que achamos a saída.

Godspeed.