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Algumas duvidas sobre o segmento de freelance

Contexto

Para contextualizar, ainda sou apenas um estudante de programação, não tenho experiencia profissional nem com desenvolvimento, muito menos com freelancing.

Qual o tamanho de dos softwares que vocês desenvolvem?

Qual foi a mais simples e a mais complexa?

Que tipo de aplicações vocês desenvolvem?

Alguns que já ouvi falar:

"Frontends", também chamados de landing pages, basicamente design, html e css, não possui lógica backend, é apenas um cartão de visitas digital.

Automação ( Que tipo de automação? )

Dashboards ( Que tipo de dashboards? Da onde vem os dados? )

Um software de prateleira não resolveria?

É comum os clientes contratarem o desenvolvimento de softwares que já existam opções de prateleira?

Se sim, porque? Talvez desconhecimento sobre as opções já existentes?

O que vocês fazem nesses casos? Tentam converter o serviço de desenvolvimento de uma solução totalmente nova, em um serviço de configuração e implantação desses softwares de prateleira?

Porque existem tantos softwares PDV?

Uma pequena tangente no topico do post, más acredito que que vocês tenham uma opinião sobre o assunto.

Aprendi que softwares de prateleira lucram com a escala. Solução genérica, barata, e com muitos clientes. Quanto maior a quantidade de clientes, mais diluído é o custo de produção, o que permite preços ainda menores.

Sabendo disso, o que leva empresas, que eu particularmente considero de pequeno porte a pagarem o desenvolvimento de soluções especializadas, ou a empresas de software a desenvolverem o seu próprio software genérico para venderem, sendo que hoje em dia um software PDV pode ser encontrado por menos de 50/mês por exemplo.

Talvez essa seja uma pergunta com resposta simples, más que eu não enxergo a minha falta de experiencia, talvez eu esteja:

  • SUPERESTIMANDO o custo do desenvolvimento de um software genérico / especializado.
  • SUBESTIMANDO o problemas de usar um aplicação não especializada na empresa que a usa.
  • SUPERESTIMANDO a capacidade de se encontrar clientes para uma solução genérica, mesmo com tantos softwares concorrentes no mercado.

Qual modelo de cobrança?

Assinatura
Projeto + futuras alterações

Quem é o dono do software?

Vocês entregam o binário ou entregam todo o código fonte?

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Vou contar uma experiência pessoal. Um conhecido meu precisava muito de um e-commerce para a loja dele. Um e-commerce é o tipo de problema que muita gente já teve e por isso existem diversas soluções prontas. Eu queria o melhor para ele e indiquei que fosse atrás de uma plataforma de e-commerce por assinatura ao invés de criar uma solução mais customizada, como um Woocommerce.

Assinar um serviço é criar um cadastro e sair usando. Muito fácil e simples. Ele poderia pagar uma mensalidade e poder mudar de plataforma a qualquer momento, ao invés de pagar rios de dinheiro para uma solução customizada.

Mas mesmo assim o proprietário da loja me pagou para fazer a configuração da plataforma e deixar pronto para começar a vender. Apesar de ser simples, como dono de um comércio, sempre tem uma tonelada de coisas para fazer na loja e não tinha tempo para ficar configurando o site. Essa é a lição 1:

Por mais que as soluções sejam acessíveis, poucas pessoas têm tempo ou a disponibilidade mental para pesquisar e aprender algo novo

A loja estava funcionando depois de alguns cliques na Loja Integrada e ele ficou na plataforma por cerca de 2 anos, mas algumas dores começaram, o desempenho do site era ruim no pagespeed, faltava muitas opções de customização e falta de plugins importantes como para frete e pagamentos.

O golpe final veio quando a plataforma queria pegar uma porcentagem das vendas, além de cobrar a assinatura mensal. E também teve vários problemas com golpe de chargeback e a plataforma também não oferecia nenhuma solução.

Tudo que é financeiro é muito sensível para comércios. Pagar menos, perder menos, vender mais, é extremamente importante

Esses problemas com pagamentos são um problema muito doloroso e forçaram a loja a olhar para uma solução mais customizada. Fiz da maneira mais simples possível, com um servidor na AWS Lightsail que já vem com Wordpress instalado e temas prontos. Agora o custo com a manutenção é muito maior, pois toda hora tem algo diferente para fazer, mas ele resolveu o problema de ter uma plataforma sangue suga e os golpes sumiram com o 3DS. Ele ainda conseguiu fazer mais promoções, pois agora era possível aceitar PIX como pagamento e pagar menos taxas para as operadoras de cartão.

Dito tudo isso, trabalhar por projeto não é o melhor modelo de renda para um freelancer. Projetos são custosos para quem paga, você precisa cobrar alto por um projeto, pois cada projeto é único e você vai enfrentar problemas e desafios únicos. Sabe aquela frase "matar um leão por dia"? Vai ser você tentando entregar projetos. E vai ter um período que não vai chegar nenhum projeto e você vai ter que viver de ar ou cobrar muito pouco para ter trabalho. É uma fonte de renda instável, com picos e vales de trabalho.

O melhor modelo é um negócio por assinatura. Você vai poder ficar focado em resolver um problema dentro de um nicho bem definido e para seus clientes é mais fácil pagar uma mensalidade do que pagar milhares de reais para um cara desconhecido.

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Bom dia engineer, suas perguntas são muito pertinentes mas a resposta para todas, como tudo em computação, é que depende!

Vou compartilhar um pouco sobre o projeto que desenvolvo há uns dois/três anos mas ele não será nenhuma regra, tudo dependerá do contexto, tanto do profissional que presta o serviço quanto do profissional/empresa que precisa do sistema.

Você não perguntou diretamente, mas acho válido comentar que o desenvolver de forma freelance acontece com você, ou indo atrás de prestar o serviço ou alguém que precisa do serviço indo atrás de você, no meu caso, por exemplo, um funcionário da empresa que trabalhava tinha uma ideia, eu era o desenvolvedor, ele me chamou, acertamos alguns documentos simples e começamos o projeto. Nesse caso não precisei de portfólio nem nada do gênero, só o networking do meu trabalho foi suficiente, porém, se você fosse atrás de um trabalho em alguma plataforma de freela, por exemplo, teria de considerar algumas coisas para se destacar frente aos outros prestadores.

Sobre tamanho, imagino que isso seja um problema de software no geral, por mais que defina-se um escopo, se prenda a ele e tudo mais, o software sempre tende a crescer, mais ainda se ele tem um "sucesso", seja por boa aderência do cliente e seus respectivos clientes, seja por poucas ocorrências de bugs, enfim.. Acredito que por mais que se feche um escopo, devemos sempre estar preparados para que ele aumente, a minha experiência diz isso, quando iniciei esse projeto comentado acima, havia definido um escopo de entrega, por exemplo, banco de dados, um dashboard administrativo e uma api com webhooks de gateways de pagamento e bot no Telegram, depois de alguns meses entregue, foi pedido uma integração para o Discord, e depois de anos, foi pedido uma sincronização do banco com o Notion. Em cada uma dessas etapas foi refeito o escopo, alinhado preços e prazos, porém a lição que ficou é que o escopo inicial já não é mais o vigente hoje.

Sobre os tipos de softwares, dependerá sempre da sua experiência/disposição, exemplo, o meu projeto é sobre cripto e bots, aceitei pois já tinha experiência nesse escopo e saberia que, para onde ele crescesse, já teria uma base de como lidar, isso já não aconteceria caso fosse um PDV, nunca trabalhei com um, e é claro que eu poderia aceitar e tentar, mas com um risco grande em troca, pois estaria pisando em terrenos que não conheço previamente. O ponto é, o dev normalmente tende a fazer projetos que já tenha uma experiência, mas nada impede de se aventurar por novos campos, só terá um risco maior atrelado a entrega.

O tipo também dependerá do contexto, escopo e necessidade, no meu caso fiz um full infra, do banco ao back ao front, importei os dados do usuário e tratamos a minha estrutura como fonte de verdade, mas não seria o caso se o cliente já tivesse um banco de dados e não precisasse do meu, integraria com o dele, ou um frontend já feito e que você só precise extender ele para novas funcionalidades, enfim, contexto diz tudo.

Sobre usar uma aplicação já pronta ou contratar uma nova a partir de um desenvolvedor/emrpesa, dependerá da necessidade mas também do perfil do cliente. No meu caso, por mais que houvesse N sistemas similares ao meu, nenhum atendia a 100% dos requisitos, outro ponto é que o cliente queria não somente um sistema, mas sim também uma consultoria técnica sobre softwares terceiros, queria também a possibilidade de extensão ao gosto (lembra do escopo definido e as alterações posteriores, nada disso seria possível caso fosse um SaaS genérico onde se paga uma assinatura e só). Basicamente, o diferencial de um usuário escolher um SaaS frente a um projeto freelancing é dado a fatores como, Time to Market, funcionalidades existentes, a possibilidade de extender as funcionalidades que já existem ao gosto e necessidade, suporte e atendimento exclusivo, enfim, escolher entre um SaaS e um projeto exclusivo, não é só pensar no produto técnico, mas também no como ele se adapta a tua realidade.

Um ponto importante que sempre é falado, o seu cliente não se importa com a entrega. Se eu tenho uma API que é um "wrapper" da OpenAI, o cliente não precisa e nem saberá disso, não cabe a ele, cabe a ele saber que ele vai mandar mensagem nesse campo e vai ter uma resposta de uma IA ao clicar em enviar. Com isso em mente, diferentemente do SaaS que a meta é entregar um produto, quem busca um software exclusivo não busca somente o produto, ele busca um produto personalizado, por isso não me impressionaria que um projeto exclusivo utilize outros já existente do mercado, não precisamos reinventar a roda toda vez.

E o fato de existir tanto software PDV ou de qualquer outro tipo, eu vejo, por experiência pessoal, que é fácil fazer SaaS, mais ainda depois do advento da IA, a questão não é fazer o software, mas sim fazer com que eles atendam a certas necessidades, dentre os PDVs que você comentou, com certeza todos vão ter funcionalidades que todo PDV vai ter, mas cada um deles tem de ter uma funcionalidade específica que resolva uma dor específica, que o diferencie no mercado e que vai convencer o usuário a escolher X ao invés do Y, caso não tenha nenhuma opção no mercado, e isso é esperado, ai entra em vigor mais ainda a questão de projetos freelacing, outsourcing, nearshore, etc...

Dentre as 3 opções, eu falaria que pode estar subestimando o problema de usar algo não especializado, temos que sempre pensar frente ao custo, qual o custo da implementação genérica ou especializada? A especializada será mais caro e devagar, a genérica barata e rápida, devemos sempre ir de genérica por isso? A genérica escala como você precisa? Vale a pena sacrificar algumas necessidades frente ao custo? E se você precisar trocar caso a genérica escolhida não te atenda mais? Eu vejo que no final é uma questão de responsabilidade, quando você (como empreendedor) escolhe assumir a decisão ou delega ela para alguém especializado.
Novamente, não tem bala de prata, é contexto (e budget) do cliente que dirá isso.

E para fechar, acredito que as últimas perguntas, modelo de cobrança e dono do software, isso é mais contextual ainda, de exemplo, no meu caso tive uma taxa inicial de implementação para cobrir a minha prioridade no projeto frente ao Time to Market pro cliente, depois que foi ao ar, uma taxa mensal para manter a infra rodando com uma boa taxa de uptime, e por fim, para alterações de escopo, uma taxa baseada no novo escopo, mas isso pode e vai ser diferente de caso a caso, terão casos que se desenvolve o produto e deixa na infra do usuário, no final, tem que pensar qual a responsabilidade que você quer, só desenvolver ou manter? E qual a que teu cliente precisa?

Depois de falar tanto e não dizer nada, minha recomendação para, caso queira entender melhor esse mundo, é de pesquisar sobre os conceitos de domínio e subdomínio, principal, genérico e de suporte, que são conceitos apresentados no DDD (parte teórica) que da uma boa luz para entender o papel dos N softwares que estão dentro de uma empresa, é com esse entendimento que você poderá ter mais propriedade ao olhar para um software e entender se ele requer uma atenção tal qual um contexto principal requere ou ele é genérico o suficiente que a empresa pode escolher um do mercado e facilmente trocar, se precisar.

Espero que tenha ajudado de alguma forma, abraços e boa sorte!