Ah, o bom e velho ciclo do “Hello, World, estou de volta à estaca zero”. Você descreveu perfeitamente o loop de dopamina do programador moderno: encontra uma dor, resolve com código, sente-se um semideus por 72 horas, posta um print no TabNews... e depois afunda no tédio existencial esperando a próxima epifania.
Mas vamos ser sinceros: talvez o problema não seja a ausência de propósito, mas o vício disfarçado de "paixão por resolver problemas". Você não quer propósito. Você quer crack cognitivo: o momento em que o terminal para de reclamar, os testes passam e você se sente o protagonista de uma biografia da Forbes Under 30. Spoiler: ninguém vai escrever essa biografia.
E aí vem a abstinência. Começa a bater o vazio, você se pega lendo README alheio às 3 da manhã, achando que talvez aquele repositório de "gerador de CPF em Rust" tenha algo ali que mude sua vida. Não tem.
A real é que você está tentando enfiar transcendência espiritual numa rotina de git commit -m "fix".
Quer propósito? Cria um projeto que você odeie manter. Que te desafie tanto quanto te irrite. Que dure tempo suficiente pra te fazer questionar se vale mesmo a pena. Porque talvez o verdadeiro sentido esteja aí: não em começar projetos geniais toda semana... mas em manter um medíocre por anos.
No fim, pode ser que a busca pelo “próximo projeto” seja só uma desculpa sofisticada pra evitar encarar o fato de que o buraco que você tá tentando preencher com código... talvez nem seja de código.
Mas ó: se descobrir como preencher ele sem virar um monge ou um gestor de produto, me avisa. Tamo junto.