Cara, mas você quer ser desenvolvedor ou empreendedor? Porque essa preocupação em "criar coisa nova" não existe pra alguém que é exclusivamente dev.
O papel de um desenvolvedor é executar o projeto que pedem pra ele, fazer manutenção, manter as coisas rodando, resolver bug, otimizar código. Ninguém te contrata pra ser o próximo Zuckerberg, mas sim pra fazer as coisas funcionarem. Se você tá fazendo isso bem, já tá cumprindo teu papel. Inventar produto não faz parte do trabalho.
Mas pela forma como você escrevey isso tudo, vou assumir que você tá falando de aplicar skills de desenvolvimento no empreendedorismo, tipo a galera que faz SaaS e tenta emplacar um produto próprio. Aí sim, aí a conversa muda.
E daí que suas ideias já foram criadas?
Olha a Apple da era Steve Jobs, já que todo mundo ama citar o cara.
O Mac surgiu quando já existia computador. A Xerox já tinha até a interface gráfica.
O iPod veio quando já existia uma porrada de player de música. Tinha Creative Zen, tinha Rio, e várias outras.
O iPhone veio quando já existia smartphone. Tinha Palm Treo, tinha Windows Mobile, tinha BlackBerry.
E detalhe: ninguém estava realmente insatisfeito com os smartphones na época pré-iPhone. Os consumidores tinham a Nokia como referência de celular fodão. O mercado corporativo tinha a BlackBerry como símbolo de profissionalismo. Não havia uma demanda gritante por mudança. Mas o Steve Jobs viu oportunidade onde os outros viam mercado saturado, e abraçou.
A questão não é "ser o primeiro" e sim ter um diferencial. Fazer melhor, mais simples, mais bonito, mais integrado, ter um bom marketing. É ter visão de como as coisas podem ser diferentes mesmo quando ninguém está pedindo.
Não é à toa que ele disse isso:
As pessoas não sabem o que querem até que você mostre a elas.
— Steve Jobs
Sobre tudo ser extremamente complexo e difícil de ser implementado por uma pessoa só:
Sim. Por isso se faz MVP. Você não precisa lançar o Netflix completo logo de cara. Lança a versão que mal funciona mas resolve o core problem. Testa. Itera. Cresce.
E hoje em dia existe IA pra ajudar. No meu ver, ferramentas como Claude Code não podem ser medidas somente em termos de ganho de velocidade na programação (tipo "nossa, fiz em 2 horas o que levaria 8"). O negócio é muito mais sobre redução da carga cognitiva: conseguir produzir mais sem cansar a cabeça, e conseguir produzir mesmo nos dias que você tá se sentindo merda.
É preciso considerar as coisas que você não faria se a IA não existisse.
Semana passada eu tava doente, com dor, cheio de Rivotril na cara, finalizando o jantar e me preparando pra dormir. Nessas condições de "mal consigo raciocinar", usei o Claude Code rapidinho pra prototipar uma ideia e ter resultados em 1 hora. Obviamente que depois eu tive que pegar, modificar bastante coisa, corrigir bug, refatorar, etc. Mas o impulso inicial estava dado, e ele não teria sido dado se não houvesse IA. Eu simplesmente não teria começado.
Por isso quem sabe programar é quem mais se beneficia de IA. Os sêniors, não os juniores que usam sem saber muito bem o que estão fazendo. Você tem o contexto, a experiência, o senso crítico pra dizer "isso aqui tá uma bosta, refaz" (ou "vou corrigir isso aqui na mão"), ou "perfeito, segue". A IA é tua assistente, não tua substituta.
Sobre partir pro hardware:
Beleza, vai fundo se é isso que te anima. Mas pensa se você tá fazendo porque realmente quer e gosta ou porque tá perdido e acha que a grama do vizinho é mais verde.