No trabalho, timing vale mais que esforço
Testei três comportamentos diferentes. O último foi o que deu mais errado e testei justamente porque eu já estava para sair da empresa. Queria ver o que acontecia. Não foi legal levar a bronca, mas serviu como experimento.
O primeiro comportamento nem foi um teste consciente; era mais medo de ser demitido. Eu entregava tudo o mais rápido possível e ficava cobrando:
“Terminei, me passa mais tarefas.”
“Terminei, pode revisar?”
“Tem mais alguma coisa?”
Com o tempo, isso começou a ficar chato. Eu entregava, cobrava revisão, pedia mais tarefas, e era sempre enrolado. Aos poucos, comecei a demorar mais para entregar, não porque não conseguia, mas porque aprendi o timing certo. Curiosamente, nunca levei bronca. As coisas simplesmente “funcionaram”. Eu sabia quando entregar.
Depois disso, comecei a me irritar com a enrolação e resolvi testar outra abordagem: adiantar projetos. Como estava sem nada para fazer, peguei projetos que estavam parados e adiantei algumas coisas. Na minha cabeça, estava sendo útil, surpreendendo positivamente.
Hoje sei que não deveria ter feito isso por N motivos. Na época, achei que seria bem visto.
Quando entreguei, a reação foi exatamente o oposto:
“Por que você fez isso?”
“Quem mandou?”
“Você sabe que está gastando tempo da empresa com isso?”
Em resumo, me dei mal por querer adiantar, engoli o sapo, concordei e fiquei quieto. Ainda assim, esse teste foi importante.
No fim, quando eu já estava para sair da empresa, havia uma tarefa que estava enrolada havia semanas. Não porque fosse difícil, mas porque eu estava sem nada para fazer e esperando mais demandas. Finalizei tudo numa sexta-feira e mandei mensagem:
“Podemos conversar? É sobre trabalho.”
Resposta:
“Hoje não dá, estou cheio de coisa. Outra hora conversamos.”
Passa o fim de semana. Segunda, terça… Só na quinta de manhã ele responde:
“Sobre o que você queria conversar?”
Expliquei que tinha finalizado tudo e perguntei o que poderia adiantar. Ele olhou o que eu tinha feito e perguntou:
“Você entregou tudo na sexta. O que fez de segunda até agora?”
Respondi:
“Nada. Estava esperando você.”
A reação foi imediata:
“Como assim me esperando? Poderia ter me falado ou ter adiantado algo.”
Eu já esperava isso. Disse calmamente que estava tudo feito, que eu havia avisado na sexta, que não havia pendências e que, da última vez que adiantei algo, fui punido por isso. Então preferi não fazer nada.
Mesmo assim, a conversa foi péssima. O tempo todo a ideia implícita era:
“A empresa não pode ficar nesse prejuízo...”
Em resumo, seja esperto. Eu já esperava que isso fosse acontecer e paguei para ver. Não tinha nada a perder e comprovei algo que tinha na cabeça há anos: o mais importante é sempre parecer que está fazendo algo e entregar o que a empresa espera.
Quando a empresa quer que você entregue rápido, ela vai ficar na sua cola. Aí você tem que se virar nos trinta segundos e correr. O mais importante é entregar no momento certo.