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Quando o mercado não quer crescer, o profissional morre junto

Morei por 2 anos em uma cidade onde era comum qualquer pedido chegar em menos de 40 minutos. Alguns chegavam em menos de 20 minutos, e já tive uma entrega de 5 minutos.

Ao voltar para minha cidade e pedir um lanche pelo iFood, a primeira reação foi indignação: “Não tem como isso ser possível.” Demorou 2 horas para chegar. Pedi por volta das 20h e recebi às 22h. Era um lanche simples, para uma pessoa, e a distância era de apenas 5 km.

Essa situação ficou na minha cabeça. Por curiosidade, visitei meu primo, que tem uma lanchonete há uns 4 anos, na casa dele. Logo entendi a razão da demora.

Cheguei por volta das 19h e encontrei uma obra: um “investimento”, segundo ele. Estava tirando a lanchonete da varanda e levando para uma área 5 metros à frente. Uma obra que certamente não custaria menos de 20 mil reais. Conversa vai, conversa vem, ele comenta que também comprou um carro de uns 40 mil — “investimento”.

Peço um lanche. Ele começa a preparar. Havia apenas um chapeiro (ele mesmo), um montador e dois motoboys. Quase tudo era feito do zero: cortar pão, tomate, preparar a carne, o bacon… Muitos processos poderiam estar adiantados ou pré-preparados, mas eram feitos na hora. O que mais me chamou atenção foi um funcionário responsável pela carne: trabalhava lento, sem vontade, sem pressa, como se estivesse fazendo uma obra de arte.

Por que demora tanto? Falta de eficiência, de otimização, de produtividade — e o pior: isso é padrão de mercado aqui.

Vendo isso, comento: “Você sabe que dá para ser mais eficiente fazendo de tal forma, certo? Dá para padronizar, comprar tal equipamento, deixar tudo pré-pronto e ganhar velocidade.”
A resposta me surpreendeu:

“Não quero investir nisso agora. Quero construir um lugar melhor para trabalhar. E já estou acostumado a trabalhar assim.”

Fiquei sem palavras. Carro é investimento válido. Um novo cômodo é investimento válido. Mas performar e produzir mais não é?

Ele poderia dominar o mercado local. Poderia ser o melhor. Poderia fazer o que ninguém faz: entregar em 20 ou 30 minutos e dobrar o faturamento.

Na outra cidade onde morei, em 5 minutos o lanche já estava na mesa. O estabelecimento era sempre lotado, tinha cerca de 20 funcionários e funções definidas — montador, chapeiro, atendente, preparador, caixa, entregador… A empresa faturava 500 mil por mês porque conseguia entregar mais em menos tempo.

O que você prefere? Pagar por um lanche que chega em menos de 30 minutos ou fazer comida? Entre esperar 2 horas e cozinhar, cozinhar é melhor.

Onde moro hoje, a economia é basicamente turismo + prefeitura. Não há vagas para programador — exatamente o que me fez sair da cidade. E não é uma cidade interessante para empreender, porque não existe mercado para sustentar um negócio. Muitas vezes, a solução vem de fora, porque empresas de outros lugares conseguem entregar software melhor e mais barato, já que estão no mercado há anos e têm escala.


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Quando tempo demora para chegar um lanche onde você mora?

Consegue ver esses problemas em outras áreas ou serviços?

Ser programador é resolver problemas, otimizar processos, automatizar, melhorar… Mas quando o mercado não é competitivo e não quer crescer, o que fazer?

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Fiquei sem palavras. Carro é investimento válido. Um novo cômodo é investimento válido. Mas performar e produzir mais não é?

Se ele não vê problema há duas possibilidades:

1 - Os clientes aceitam a demora, ele continua tendo demanda, tudo continua igual
2 - Os clientes procuram outro lugar, ele fica sem demanda e acaba tendo que mudar

Se ele está contente é porque tem demanda

Ser programador é resolver problemas, otimizar processos, automatizar, melhorar…

Sim, mas nada disso importa se não tem demanda

Otimizar, automatizar ou melhorar algo que não é usado é desperdício

Mais vale voce diminuir 15ms de um hot-path que 12 horas numa query que é executada anualmente.

Mas quando o mercado não é competitivo e não quer crescer, o que fazer?

Aqui você tem que definir porque o mercado não é competitivo!

Se for por falta de demanda não tem o que fazer, você pode lançar o produto que for e vai falir porque ninguém quer ele

Se for por falta de alternativas melhores você tem uma oportunidade

Incrivelmente hoje lançou esse vídeo onde o Raul explica que a melhor forma de você dar certo abrindo um negócio é abrir um negócio que já esta consolidado. Pois ele tem demanda.

Nas palavras dele "Qual é o negócio que mais tem na sua cidade? Abra um igual!"

Inovação custa caro, e só vale a pena se você tiver dinheiro pra sustentar

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Se ele não vê problema há duas possibilidades:

Tem outra possibilidade que é a real, ele mora com os pais, tentou montar um negocio físico em um local e não conseguiu pagar as contas.

Aqui você tem que definir porque o mercado não é competitivo!

Tenho ideia doque pode ser, mas quero ter certeza, vou buscar ir mais afundo.

Inovação custa caro, e só vale a pena se você tiver dinheiro pra sustentar

Sim, atualmente estou pensando se invisto em algo, mas ainda estou vendo a possibilidade de investir em algo local, um software com uma solução local.

De qualquer forma obrigado, até o momento o post foi mal recebido, vou deixar alguns minutos e apagar.

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De qualquer forma obrigado, até o momento o post foi mal recebido, vou deixar alguns minutos e apagar.

-3 não é mal recebido, é uma pessoa que não gostou.

Mal recebido é -10

Não se fie muito à pontuação do tabnews, pode ser uma pessoa que interpretou mal e deu downvote.

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Mas performar e produzir mais não é?

Surpreendente não é

Ele poderia dominar o mercado local.

Nem todo mundo quer isso porque isso gera exatamente a sua sugestão:

Você sabe que dá para ser mais eficiente fazendo de tal forma, certo? Dá para padronizar, comprar tal equipamento, deixar tudo pré-pronto e ganhar velocidade

Pra quem quer além de trabalho, quase uma terapia (e isso é exatamente comum em negócios familiares) ganha velocidade, ganha dinheiro, mas também ganha estresse e ganha burnout, muita gente pensa que isso é exclusivo de serviço administrativo mas não é, e a resposta do seu amigo:

Não quero investir nisso agora. Quero construir um lugar melhor para trabalhar. E já estou acostumado a trabalhar assim

Parece ser exatamente o caso, ele troca crescimento exponencial por um negócio que pode ser gerido sem dor de cabeça e que como demonstra a estrutura:

Havia apenas um chapeiro (ele mesmo), um montador e dois motoboys. Quase tudo era feito do zero: cortar pão, tomate, preparar a carne, o bacon…

Parece que ele quer (eu diria até precisa) participar do negócio, esse processo artesanal também tem público, porque como quase todo produto artesanal trás um diferencial inerente único além de como é algo lento, um contato muito maior cliente-empresa, talvez seja essa a "dor" que ele quer resolver