O Mito do Grande Rewrite
"Vamos reescrever do zero. Dessa vez vai ficar certo."
Essa frase já matou mais projetos do que qualquer bug.
O mito do Grande Rewrite é sedutor: o código legado é uma bagunça, ninguém entende, está cheio de débito técnico. A solução óbvia? Jogar fora e começar de novo.
Spoiler: quase nunca funciona.
Por que o Rewrite falha:
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Você está competindo com anos de trabalho: O sistema "legado" levou 3 anos pra construir. Você acha que vai replicar em 6 meses? Boa sorte.
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Bugs são features disfarçadas: Aquele if maluco na linha 847? Ele existe porque em 2019 um cliente importante precisava de um comportamento específico. Você vai redescobrir isso — do jeito difícil.
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O negócio não para: Enquanto você reescreve, o time de produto continua pedindo features. Agora você mantém dois sistemas.
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A equipe que escreveu o legado era você: Ok, talvez não literalmente. Mas eram devs com as mesmas pressões, prazos e limitações. O que te faz pensar que dessa vez será diferente?
O que funciona melhor:
- Strangler Pattern: Substitui pedaços aos poucos, não tudo de uma vez
- Refactor contínuo: Melhora o código enquanto entrega valor
- Testes primeiro: Antes de mudar, garante que sabe o que o sistema faz
- Aceitar imperfeição: Código "feio" que funciona > código bonito que não existe
A verdade inconveniente:
Rewrite total é quase sempre uma decisão emocional disfarçada de decisão técnica.
É mais satisfatório começar do zero do que enfrentar a bagunça dos outros. Mas software profissional é isso: trabalhar com o que existe, não com o que você gostaria que existisse.
Antes de propor um rewrite, pergunte: estou resolvendo um problema real ou só fugindo da complexidade?
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