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Como o Nubank pode prejudicar a sua entrada no mercado de tecnologia

Na semana passada, o Nubank anunciou que vai adotar, gradualmente a partir de 2026, o modelo de trabalho híbrido.

Isso gerou uma pequena enxurrada de opiniões da "bolha tech" sobre a decisão da empresa.

Após ler uma série de posts e artigos com essas opiniões, eu cheguei a seguinte conclusão: este tipo de "notícia" e as opiniões de decorrem dela, prejudicam as pessoas que estão tentando "entrar" no mercado de tecnologia.

Explico.

Generalização Apressada: uma falácia lógica

A imensa maioria das opiniões, são de pessoas que se entitulam "seniores" (desenvolvedores e gestores), que (aparentemente) têm 10, 15, 20 anos de carreira. E, no geral, dizem a mesma coisa que vão na linha:

  • Modelo híbrido vai prejudicar o profissionais
  • Não faz sentido ir para o escritório fazer reunião online
  • Retrocesso - banco digital, trabalho presencial
  • Horas de deslocamento que poderiam ser melhor aproveitadas
  • "Mais uma empresa pra tirar da lista de candidaturas"

Todos os pontos são válidos, certo?

Certo... Se você tem 10, 15, 20 anos de carreira... Se você já trabalhou, em algum momento da sua vida, presencialmente - afinal, o trabalho remoto nesse nível que vemos hoje, só ficou "popzão" mesmo depois da pandemia. Antes disso, o "normal" era o "presencialzão"... full!

Aqui há um risco enorme de generalizar, a partir das experiência e opiniões de um grupo específico, que os modelos de trabalho híbrido e presencial são ruins pra TODO MUNDO.

Pra Quem quer Entrar no Mercado Tech: LEIA ISSO, É SÉRIO!

Eu faço parte deste "grupo específico": tenho quase 20 anos de carreira no mercado tech e, sim, se der pra trabalhar 100% remoto eu vou preferir. Porém, eu não estou começando e nem migrando de carreira, alias eu trabalhei mais de 14 anos no modelo presencial!

Fato é que todo esse tempo trabalhando lado a lado com pessoas, me ensinaram a lidar com múltiplas situações. Conflitos, Cobranças "firmes" do chefe, Criar laços (com pessoas agradáveis e desagradáveis), Ser treinado, Treinar, Ser Mentorado, Mentorar... e essa lista é recheada de situações que eu aprendi a fazer com "gente de verdade", olho no olho, sem chance de "fechar" a câmera.

Quando eu precisei "lidar" com o remoto (gerenciando times que estavam em outros lugares) em 2017, tive que adquirir "novas" habilidades - trabalhar remotamente não é assim tão simples quanto parece. Mas eu posso afirmar com toda certeza, que mais de uma década trabalhando presencialmente, me "habilitaram" para o desafio do remoto.

Ou seja, se você está querendo entrar no mercado tech (ou migrando de carreira), prefira vagas híbridas ou presenciais. As nuances do relacionamento humano e as habilidades interpessoais aplicadas a nossa área, são melhores "aprendidas" no "Tête-à-tête" (como diriam os franceses).

Uma Mensagem aos "Seniores"

Cuidado com o que você fala/escreve. Você é referência para a "nova geração". Traga contexto para suas opiniões e não generalize a partir de uma experiência isolada: "ahhh eu sempre trabalhei remoto" - desculpa, você é exceção e não regra (ou você não é sênior :)


E aí? O que você acha dessa opinião? Qual a sua opinião?

Pra quem "nasceu" no remoto - como fez para superar situações complexas?

Abraço, Filipus!

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Entendo e concordo que muita coisa eu aprendi no dia-a-dia presencial, no contato direto com as pessoas. Mas será que isso é só um viés geracional, meu e de quem viveu a mesma experiência? Será que este é somente o choque de geração número 289782063874349 da história da humanidade? (não é o primeiro e nem será o último, é só mais um)

Nasci nos anos 80 e lembro que a geração dos meus pais vivia se gabando que "andava 10 km na terra pra ir à escola" e por isso não era preguiçosa como a minha. Assim como a minha geração se gabava de ter apanhado de chinelo dos pais, e que isso "forjou o caráter" (besteira, no máximo forjou alguns traumas que nos levaram pra terapia).

Falando de mundo corporativo, já trabalhei com gente bem velha que estava quase se aposentando, e que não queria aprender a mexer no computador. "Antes eu fazia tudo na máquina de escrever e sempre funcionou".

Não tem jeito, toda geração tem a tendência de achar que o jeito que elas sempre fizeram as coisas é melhor ou o mais correto, e mostra certa resistência quando os mais novos preferem fazer de outro jeito.

E agora eu vejo que talvez, quem sabe, uma parte de quem é contra home-office (ainda não sei dizer se é maioria ou minoria) veja de forma romantizada esse tête-à-tête no trabalho e não queira aceitar a nova realidade. Pra mim, muitas vezes cai no "eu sempre fiz assim", então esse é o melhor (ou o único) jeito. Mas talvez seja só um viés de quem viveu e trabalhou dessa forma e acha que isso vale pra todos.

Como esse fenômeno de expansão do home-office é ainda recente, estamos aprendendo a lidar com as suas implicações, e o choque geracional é inevitável. Pode ser que no futuro a gente encontre maneiras novas - e quem sabe até melhores - de prover as vantagens que o antigo presencial proporcionava.


Por fim, vale lembrar que existe um grande lobby contra o home-office (em especial do ramo imobiliário, um dos que mais perdem com a diminuição de prédios de escritórios), inclusive pagando matérias que falam mal deste, enquanto enaltecem o presencial. Então eu sempre vejo com muita desconfiança qualquer artigo/matéria que critique o home-office, e fico mais desconfiado ainda quando uma grande empresa faz algum movimento do tipo (apesar de concordar que tem casos e casos, e que home-office não é "a verdade universal").

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É isso, as regras do jogo estão postas, joga quem quiser

Cada empresa é livre da decidir o caminho que achar melhor, cada profissional também.

Se alguém não se dispõe a tentar emprego no Nubank por ser híbrido, tá tudo certo, acredito que existam outros que queiram e existem vagas 100% home office.

Sempre funcionou assim!
Só que agora entraram formalmente o modelo híbrido e home office. O que vejo é uma movimentação, adaptação das empresas e profissionais.

Sou defensor do home office, mas realmente acredito que nem todos se adaptam (empresas e profissionais).

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Eu gostaria muito q na minha cidade ou próximo tivesse uma empresa contratando dev presencial, o problema é q moro no interior e aqui reina o turismo.
Felizmente existe a modalidade remoto e so assim seria possível eu ingressar na área.
Mas concordo contigo, presencial tem essas vantagens da conexão do ser humano, olho no olho. O problema maior é o contexto de cada um.

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Bem legal. É isso aí mesmo.

Muita gente fica demonizando o presencial como se fosse algo terrível e que devesse ser abolido.

Tudo na vida experiência e condição. O que pode ser terrível pra um, pode ser uma maravilha pra outro, e o outro não é alguém na mesma condição que você, precisamos entender isso.

Excelente!

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Concordo bastante com seu texto. Trabalho como dev há 12 anos, e hoje tenho a chance de escolher e opto pelo Home Office, , mas sou apaixonado por eletrônica e sistemas embarcados, e só aceitaria trabalhar híbrido ou presencial se fosse nessas áreas que sou apaixonado.

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