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A arte de... ser chato (OU a arte de usar ideias já validadas e nunca inovar)

Recentemente, me deparei com uma história que me fez repensar muita coisa sobre negócios e riqueza. No canal do Raul Sena, ele compartilhou os conselhos de um cliente que, aos 40 anos, acumulou R$ 300 milhões sem ter vindo de berço de ouro, o que já é por si só impactante, considerando que ele nasceu na classe média. Ele é um cara que não precisou de exposição pública para escalar.

O que mais me chamou a atenção foi a tese dele: "negócio bom é negócio chato". Enquanto a gente busca a próxima ideia "sexy" ou a startup disruptiva, esse cara fez fortuna investindo no que ninguém queria fazer – como manutenção de máquinas, caldeiras e, pasmem, funerárias. Ele mesmo disse que só quer investir em "coisa que seja chata". Isso me faz pensar: será que estamos perdendo oportunidades por focar demais no brilho e pouco na rentabilidade e na demanda real, mesmo que "sem graça"?

A história dele de fazer o primeiro milhão rapidamente, ainda nos seus 20 e poucos anos, é outro ponto que me marcou. Ele conseguiu isso no comércio de frutas na Seasa, e a lição mais contraintuitiva para mim foi: "as melhores ideias que tive me renderam prejuízo". Todas as vezes que ele tentou inovar ou ter ideias "próprias", deu errado. Já quando ele simplesmente visualizou alguém fazendo algo e fez "exatamente a mesma coisa sem tirar nem pô", ele ganhou dinheiro. Isso me força a questionar a nossa cultura de supervalorizar a inovação a todo custo. O ego de querer "melhorar" algo que já funciona pode ser caríssimo, como ele mesmo experimentou ao tentar gerir sua própria frota de caminhões no negócio de frutas e perder tudo. Ele é enfático: "não inova em absolutamente mais nada".

Vamos direto ao ponto, porque essa história me fez questionar muito do que aprendi e valorizei na bolha da tecnologia. A lição de que "as melhores ideias que tive me renderam prejuízo" e que o sucesso veio ao simplesmente "fazer exatamente a mesma coisa sem tirar nem pôr" é um soco no estômago para quem vive de "inovação" e "disrupção" como nós, devs.
Aqui estão algumas reflexões e lições que tiro disso para o nosso mundo da tecnologia e desenvolvimento de software, com um tom bem opinativo:

  • O Charme do "Negócio Chato" em Tech: No nosso universo, somos constantemente bombardeados com a ideia de criar o próximo unicórnio, a startup disruptiva, o app que vai mudar o mundo. Mas a história desse empresário me faz perguntar: e se a verdadeira fortuna estiver nas soluções "chatas"? E se, para nós devs, isso significar focar em problemas "sem graça" que ninguém quer resolver? Pense em: otimização de sistemas legados de grandes empresas, automação de processos industriais repetitivos, desenvolvimento de software para nichos B2B super específicos (tipo manutenção de máquinas ou gestão de cemitérios digitais, usando o exemplo dele!). São áreas onde talvez não haja o "glamour" de uma rede social ou um aplicativo de consumo, mas onde a dor do cliente é real, a demanda é constante e a concorrência pode ser menor. O "sem emoção" pode ser o mais rentável.

  • A Inovação como Armadilha do Ego (e do Custo): A afirmação de que ele "não inova em absolutamente mais nada" porque suas "ideias próprias" resultaram em perdas é um antídoto potente para a nossa cultura de supervalorizar a originalidade a todo custo. Quantas vezes, como devs, não caímos na armadilha de tentar "melhorar" algo que já funciona, de refatorar por refatorar, ou de adicionar funcionalidades que o usuário não pediu, apenas para satisfazer nosso ego técnico ou a "visão" de algo "novo"? Ele perdeu dinheiro ao tentar gerir sua própria frota de caminhões, transformando um negócio simples e replicável em algo "muito emocionante" que "deu errado, perdeu tudo". Para nós, isso pode se traduzir em:

  • Evitar a superengenharia: Nem toda solução precisa ser a mais elegante ou complexa. Muitas vezes, a simplicidade de um script ou de um SaaS já existente pode ser mais eficaz e barata do que construir algo do zero com todas as "melhores práticas" que imaginamos.

  • Cuidado com a "inovação incremental destrutiva": Aquele "um pouquinho melhor" que, segundo ele, te "quebra" porque "aumenta o custo" e "cria uma coisa que não existia", é um alerta. Antes de "melhorar" um produto ou sistema, precisamos de validação empírica. Estamos realmente resolvendo uma dor ou apenas introduzindo complexidade e risco?

  • A Força da Replicação Validada: A lição de que ele ganhou dinheiro ao ver alguém fazendo algo e "fez o exato igual daquela pessoa que tá ganhando dinheiro" é contraintuitiva para nós, que somos treinados para "criar". Mas, no nosso contexto, isso pode significar:

  • Estudar o mercado de perto: Antes de codificar a próxima grande ideia, observe o que seus concorrentes (ou mesmo negócios de outros setores) estão fazendo que comprovadamente funciona. A replicação inteligente, talvez para um novo nicho ou uma nova geografia, pode ser um caminho muito mais seguro do que a invenção pura.

  • Priorizar a execução sobre a originalidade da ideia: A ideia pode não ser a mais original, mas a execução impecável de um modelo de negócio já validado pode ser o diferencial. Para nós, devs, isso significa focar em código limpo, entrega consistente e otimização da performance, garantindo que o "exato igual" seja, na verdade, uma versão mais robusta e bem entregue.

  • O "Copiar e Adaptar" é Poderoso: Ele fez o primeiro milhão na Seasa porque viu um modelo semelhante em Santa Catarina e o replicou de São Paulo para Goiânia. Para nós, isso é um convite para olhar para soluções de sucesso em outras indústrias ou mercados e pensar em como adaptar essa lógica para o nosso setor ou para um novo público, ao invés de buscar a "grande sacada" do zero.

Em suma, essa história é um lembrete pragmático de que nem toda riqueza vem da inovação disruptiva e que, às vezes, o caminho mais "chato", repetível e focado na execução de modelos comprovados, pode ser o mais lucrativo e seguro. É um tapa na cara da nossa vaidade intelectual, nos forçando a questionar se estamos construindo o que é necessário ou o que é "legal".

Para aprofundar suas reflexões e insights sobre negócios e dinheiro, deixo aqui duas sugestões de leitura que podem ser muito úteis para desenvolvedores (e qualquer um!) e que você encontra na Amazon:

  • "Pai Rico, Pai Pobre" (Rich Dad Poor Dad) de Robert Kiyosaki: Este é um clássico para quem deseja redefinir a sua visão sobre dinheiro e finanças pessoais. Ele aborda conceitos fundamentais como a diferença entre ativos e passivos, a importância da educação financeira e a construção de múltiplas fontes de renda. Pode abrir a mente para a gestão de suas economias, investimentos e até mesmo para a ideia de empreender com seu conhecimento técnico.
    Link para quem quiser comprar, no precinho: https://amzn.to/4kpvPi7

  • "A Startup Enxuta" (The Lean Startup) de Eric Ries: Este livro é extremamente relevante para devs e profissionais de tecnologia. Ele introduz o conceito de "lean startup", que se concentra na criação e gestão de produtos e empresas com foco em validação contínua através de ciclos de "construir-medir-aprender". Compreender essa metodologia pode ser crucial para criar produtos mais eficientes, entender o valor do feedback do usuário e otimizar o processo de desenvolvimento, alinhando a técnica com as necessidades do negócio e minimizando o desperdício de recursos.
    Link para quem quiser comprar, no precinho: https://amzn.to/3IcSH6N

Por fim, estou tocando um projeto pessoal nessa mesma pegada, fazer aquilo que é chato, porém já está validado. Criei um blog de finanças bem simples que pretendo ir melhorando conforme o tempo passe, e estou delegando toda a criação de conteúdo a IA. Por não estar me custando nada, quero ver onde isso vai dar. Se tiver alguma sugestão ou critica, fico feliz em receber: https://mestredamoeda.netlify.app/

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Seu texto faz sentido, e o que vou dizer aqui é um complemento, não uma ideia contrária.

Em primeiro lugar, sugiro a leitura de BoringCashCow: Negócios "tediosos" e lucrativos, que tem tudo a ver com o texto, mas com foco em negócios online.

será que estamos perdendo oportunidades por focar demais no brilho e pouco na rentabilidade e na demanda real, mesmo que "sem graça"?

A resposta é: sim. Mas o contrário também é verdade, você estará perdendo oportunidades se focar apenas nas coisas sem graça. Isso acontece porque tem "oportunidades" em todos os lados, algumas melhores do que outras, e mesmo que uma oportunidade pareça boa, pode ser horrível para você, por não ter nada a ver com o seu estilo de trabalho, ou por você não ter conhecimento no assunto.

Eu recomendo não focar totalmente na questão "será que estou perdendo oportunidades?", porque senão estará sempre no risco de não terminar nada por aparecer outra coisa que parece melhor.

Ele fez o primeiro milhão na Seasa porque viu um modelo semelhante em Santa Catarina e o replicou de São Paulo para Goiânia.

Apesar de não parecer, isso é um tipo de inovação. Veja este artigo da UFSC sobre Joseph Schumpeter e a inovação:

Toda introdução de inovação no sistema econômico é chamado por Schumpeter de “ato empreendedor”: Uma nova matéria-prima, uma introdução de um novo produto no mercado, um novo modo de produção, um novo modo de comercialização de bens e serviços ou até uma quebra de monopólio.

O empresário da história fez exatamente isso: ele abriu um "novo mercado" (Goiânia) para um modelo de negócio que já existia em outro (Santa Catarina).

Um grande nome que me vêm a mente nesse aspecto é o de Dom Pedro II, que por si só acho que não inventou nada, mas trouxe o telefone e o daguerreótipo (equipamento que faz processo fotográfico) ao Brasil. Se pesquisar mais, certamente encontrará empreendedores que cresceram no Brasil simplesmente olhando o que era feito nos EUA, referência em tecnologia, e na China, referência em questões de e-commerce hoje.


Sobre seu blog e a geração de conteúdo por IA, eu não gosto disso, mas não li para opinar. Espero que, no mínimo, você revise e "converse" com a IA para ajustar o que está inadequado ou errado. Deixei minha opinião sobre como trabalho com IA, e como acho que isso deve ser feito de maneira responsável, no artigo Conteúdo gerado com auxílio de IA engaja mais e pode ser melhor.

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Interessante Ramos, talvez tente o desafio que criar um blog ou site e usar alguma IA para publicar conteúdos.
Por outra, como disseste ainda não terminaste, mas algumas coisas simples como importar o estilo (design) nas páginas sobre e contacto não custaria muito.
Como contributo sugiro que (1) coloques um sistema de busca e (2) recurso ou função de listar posts por categorias a meu ver são features muito úteis. Abraços

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