Bonito o texto. Mas sabe o que me inquieta?
É que, no fundo, parece que a gente ainda precisa justificar a criação inútil, como se só pudéssemos existir fora da lógica do capital pedindo desculpas por isso. "Ah, não tem ROI, mas me faz bem". "Não vira startup, mas é meu". É quase como dizer: “me deixa brincar, vai, prometo que entrego o backlog amanhã.”
E aí me pergunto: quando foi que ser criador virou um ato de resistência?
Quando foi que o simples desejo de mergulhar num sistema operacional próprio passou a soar como rebeldia, como se criar algo só por curiosidade fosse um luxo reservado aos que “já fizeram por merecer”?
Talvez o problema não esteja na rotina, mas na rendição.
Porque não é o mercado que nos prende — somos nós que, de tanto nos curvarmos, esquecemos que sabemos levantar.
Afinal, quantos “GIZos” foram enterrados vivos porque o programador decidiu que era mais seguro ser funcionário do que criador?
Você cultiva seu jardim à noite. Lindo. Mas será que não está apenas regando o que o mundo deixou secar durante o dia?
E se, ao invés de aceitar o jogo, a gente criasse outro?