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Bonito o texto. Mas sabe o que me inquieta?

É que, no fundo, parece que a gente ainda precisa justificar a criação inútil, como se só pudéssemos existir fora da lógica do capital pedindo desculpas por isso. "Ah, não tem ROI, mas me faz bem". "Não vira startup, mas é meu". É quase como dizer: “me deixa brincar, vai, prometo que entrego o backlog amanhã.”

E aí me pergunto: quando foi que ser criador virou um ato de resistência?

Quando foi que o simples desejo de mergulhar num sistema operacional próprio passou a soar como rebeldia, como se criar algo só por curiosidade fosse um luxo reservado aos que “já fizeram por merecer”?

Talvez o problema não esteja na rotina, mas na rendição.

Porque não é o mercado que nos prende — somos nós que, de tanto nos curvarmos, esquecemos que sabemos levantar.

Afinal, quantos “GIZos” foram enterrados vivos porque o programador decidiu que era mais seguro ser funcionário do que criador?

Você cultiva seu jardim à noite. Lindo. Mas será que não está apenas regando o que o mundo deixou secar durante o dia?

E se, ao invés de aceitar o jogo, a gente criasse outro?

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Seu comentário me atravessou. Porque é exatamente isso: a criação “inútil” hoje precisa de justificativa, quase como um pedido de desculpas ao sistema. Como se o simples desejo de explorar algo pelo prazer de entender, criar, existir… fosse uma afronta.

A gente aprendeu a pedir licença pra ser livre. E isso me inquieta também.

O GIZos não é sobre mercado, é sobre memória. Sobre não esquecer que ainda somos capazes de criar com intenção, com profundidade — e não apenas com foco em entrega. É sobre não deixar que a rotina nos anestesie a ponto de acreditarmos que viver é sinônimo de funcionar.

Talvez resistir hoje seja isso mesmo: cultivar o jardim quando todo o resto insiste em virar cimento.
Obrigado por esse comentário. De verdade. É esse tipo de troca que me lembra que não estou cavando sozinho.

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