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Fala Matheus, eu vou te dar alguns feedbacks e algumas visões de alguém que já passou por todos os níveis até CTO. Vai ser longo haha

Verdades duras:

  1. A maioria do mercado brasileiro não se importa com o quanto você sabe de uma linguagem;
  2. O time de Recursos Humanos não fazem ideia do que você está falando quando entra no modo técnico;
  3. Self-employed não conta como experiência válida, e;
  4. O que você faz, qualquer um faz.

Não desanima, ok? Meu intuito não é te botar pra baixo, mas te falar o que provavelmente nunca te falaram ou quebrar um sonho que te venderam de forma irreal. Além de te mostrar como o mercado te enxerga. Isso não é absoluto, ok? É só uma experiência que quero compartilhar com você pra te elucidar.

A contratação ela é uma estratégia de venda como qualquer outra, mas a diferença nisso é que você está vendendo seu tempo e suas habilidades. Então perfis de desenvolvedores do tipo "não encosta senão eu mordo", não serão contratados tão cedo.

Talvez um alivio: Por outro lado, o mercado americano já é mais focado em profissionais especialistas, com foco absurdo em uma linguagem ou ponto técnico específico (além de brasileiros serem 6x mais baratos). Agora vem a pergunta, como está o seu inglês? (Por isso o "talvez").

Vamos voltar ao mercado Brasileiro e explicar agora o que realmente acontece, dividido por tópicos.

Empresa contratante:

Geralmente existe um budget máximo para uma vaga e, para empresas pequenas, toda redução de custo é necessária, já para grandes empresas, toda redução é bônus para quadro de gestores, diretores e sócios.

No fim, os perfis escolhidos são SOMENTE os que estão dentro da faixa aceitável para pagamento.

Se uma vaga para pleno for, supondo, R$ 7.500,00 - o candidato que cobrar menos, leva. Se dois candidatos pedirem o mesmo valor, então temos o segundo filtro: Skills.

Recursos Humanos

Não estão preocupados com o seu nível técnico e, na verdade, não fazem a menor ideia da sopa de letrinhas de dev que você (e o mundo) rasga na frente deles com o peito estufado.

Um ponto importante: O RH sempre que olhar o seu perfil, vai se questionar o motivo de você estar tanto tempo desempregado. Isso pra eles é uma red flag, infelizmente.

Eles funcionam da seguinte forma:

  1. Realizam o hunting baseado em critérios onde gestores ou áreas demandantes solicitam.
  2. Encontram os candidatos com esses critérios.
  3. Organizam entrevistas.

E qual é o flow na entrevista?

  1. Validar se realmente você é o que estava no seu currículo e, pasme...
  2. Filtrar você como pessoa profissional.

Nessa etapa, eles estão preocupados em te encaixar no budget, ao mesmo tempo tentando entender se você tem soft skills boas de comunicação, se está bem arrumado e combina com o ambiente, se tem estudo, se não fala "elado", etc.

O candidato que tiver a melhor comunicação, já está à frente da grande maioria.

Uma coisa que nunca mudou no mundo (e não vai mudar tão cedo): Primeira impressão conta e a aparência importa.

Você já viu algum posto de gasolina só com mulheres trabalhando? Geralmente de calça legging? Ou até mesmo empresas SaaS com o time comercial só de mulheres? Se você reparou e entendeu o motivo, você já entende como funciona o jogo. Não corroboro, então não estenderei esse assunto, mas é só pra te confirmar o que estava acima: Aparência importa.

"Ah eu sou feio, então ja era" Não, não é isso hahaha é vestimenta e postura. Você não vai de regata num jantar a luz de velas e também não vai de terno na feira.

E empresa pequena? Startup?

O cenário muda. Agora você pode ser techniquês SE quem te entrevistar for técnico. Nessas contratações, o budget é extremamente importante, já que são empresas que não tem margem pra brincadeira.

Então como é definido? Preço e "o santo bater". Sim, é pessoal. Já vi vários gestores falando exatamente isso: "Eu gostei dele. Parece gente boa" e isso significa que você já foi contratado na mente dele, só você não sabe. Claro, isso pode mudar, pode surgir alguém que se encaixe melhor nas necessidades, cobre menos, etc. Ou até mesmo encante tanto quanto no aspecto pessoal.


Agora vamos falar de você diretamente, só olhando de forma analítica o seu perfil do linkedin:
Ps: "Ah, meu perfil não ta atualizado" Então você já começou errado.

  1. Você só tem um ano de experiência comprovada. Você não é pleno. Pleno é plenitude de conhecimento, não só em linguagem, mas em negócios e solução de problemas. Linguagem é só um meio pro resultado. Esse termo linguagem existe justamente por isso, é a forma como você comunica com o computador, ou seja, traduz requisitos DE NEGÓCIO pra máquina.
  2. Você não tem faculdade, isso pesa bastante pra grandes empresas (ou só não cadastrou no LinkedIn). O motivo na visão deles? Você não é tão valioso quanto quem consolidou estudo + trabalho. Isso, pra alguns contratantes, mostra disciplina. Faculdade não é commodity, é conhecimento E networking. O foguetinho roxo não te coloca perto de quem fez faculdade. Nesse caso, não perca tempo. Faça nem que seja uma uniesquina e depois aprimore com pós graduações e continue o fluxo.

Se o texto todo já tava ruim, agora vai ficar mais difícil...

Sabe o motivo dos recrutadores te elogiarem e não contratarem? Vamos supor 1 deles e deixo a seu critério definir:

  • Você está cobrando caro demais pelo o que seu perfil mostra.
  • Você declara estar desempregado e não possui estudo.

Qual dos dois você acha que estou supondo?

Eu sei que nada disso do que eu escrevi até agora te traz conforto, mas minha ideia aqui é justamente essa. Você realmente precisa se sentir desconfortável e tomar alguma ação pra contornar isso. Seu código, plataformas, etc, não estão funcionando, mude a rota.

Seu preço ta muito alto se alinhar ao perfil do linkedin? Talvez, então desça o degrau. Profissionais empregados tem maior visibilidade e vou te dar um feedback que já ouvi de 3 RHs distintos: "Dev bom não fica desempregado" ou, pior: "Se está desempregado, tem algum problema ai". Não concordo com ambas as frases, mas faz parte do jogo.

As vezes nem tem problema, o mercado está menos aquecido que uns anos atrás, a bolha estourou, não tem espaço pra todo mundo, mas o processo de contratação não olha pra isso.

Bom... Talvez o problema não seja o mercado de trabalho... talvez.


O que eu encaro como possíveis soluções pra você:

  1. Se não tiver um inglês B2+, começa por ai e mira no mercado externo. Você tem que se destacar de alguma forma e esse é um caminho "mais fácil" de seguir.
  2. Você pode definir uma nova estratégia pro curto prazo: Baixar pretensão salarial drasticamente e conseguir entrar em uma empresa. Nesse patamar, você pode escolher crescer dentro da empresa ou usar de escada para ganhar experiência e pular para outro desafio.
  3. Estudar para entrar com bolsa em uma Universidade ou pagar uma uniesquina mais em conta, isso já vai te colocar num patamar acima dos outros candidatos. Você pode não ter experiência na área, mas tem estudo.
  4. Não crie amores por uma linguagem ou exacerbe o seu ego. Elas são só um meio. O conceito é o que realmente importa. Então estude outras linguagens: Java, Python, JavaScript, TypeScript, etc... As vezes um leque maior se encaixa numa especificidade que ninguém mais consegue cumprir.

Essas dicas não são fórmulas mágicas.

Agora sobre o mundo real, pode ser que isso não funcione. Pode ser que nunca consiga entrar em tech e isso faz parte do mercado e da vida. Eu evito romantizar essas questões. O mundo lá fora é bem mais difícil e você sabe disso. As pessoas não possuem as mesmas instruções de ensino, dinheiro, família, suporte... É difícil.

MAS, PORÉM, NO ENTANTO, TODAVIA (momento coach blergh)

Você precisa continuar tentando, mudando as estratégias, estudando, lapidando. O melhor do humano é a adaptabilidade.

Se você não começar os estudos numa universidade, se você não começar a mudar as estratégias, se você não começar a aprender inglês... Tudo vai parecer muito difícil. Depois que começa, fica fácil. Depois que você pega o SaaS e sai fazendo, vai ficando cada vez mais fácil.

O mais difícil é começar.


Sinta-se livre pra me criticar, xingar ou simplesmente conversar. Estou aqui pra ajudar e, as vezes, a ajuda precisa ser mais dura do que imaginamos.

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