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Bom dia @vyvy

Muito interessante sua reflexão e sua percepção!

De certa forma, passei por algo bem parecido com isso e volta e meia volto a pensar desta forma

Olhando pra trás vejo 2 momentos em minha vida que foram mais intensos e longo: 1º) ínicio de carreira, após graduação; 2º) ao trocar de tipo de atividade principal (quase um reinício), mas com diferença de 5 ou 6 anos entre eles

Eu seguir exatamente o que relatou: idiomas, livro, podcast, vídeos, eventos, cursos...
Até tentei ter alguns hobbies neste período, mas nunca duraram muito. Sempre voltava a priorizar a área técnica (hobbies? posso estudar uma linguagem de programação e fazer um projeto técnico como hobbie)

Passei pelo primeiro momento sem me dar conta do que estava fazendo, avançando o máximo que podia, da melhor forma que podia, encarando como você diss:

"uma consequência natural do início de uma vida adulta responsável"

No meu segundo momento, comecei a acumular muita coisa pra fazer (e eu queria sempre mais), tentando dar conta de tudo, abrindo mão de qualquer equilibrio necessário. Sabia que era muita coisa, mas sinceramente acreditava que podia fazer, só precisa organizar e seguir o planejado, mas logicamente não podia. Entrei no caminho do burnout, fui forçado a parar, meu corpo e mente estavam caminhando p limite e claro que o cansaço bateu forte.

Demorou pra cair a ficha que não somos máquina, não conseguimos suportar longas jornadas focados na mesma coisa. Não conseguimos abrir mão de sono de qualidade sem prejudicar a saúde. Pode demorar, mas a conta vai chegar

No final das contas, acho que eu via muita muita história de superação, motivação, etc e queria trazer 100% daquilo pra minha vida, sem entender que existia um preço a ser pago e/ou talvez nem tudo fosse verdade. Mas o que sentia, de verdade, é que eu podia ser melhor e me sentia atrasado.

Hoje sinto isso em menor intensidade, um impulso mais controlado. Por exemplo, só agora começei a testar e ler mais sobre todas essas IAs. Então meio que pulei esta onda que menciona aqui

"e com o avanço das i.as e demais tecnologias, eu deveria me apressar tanto quanto possível".

No final das contas, acho que hoje tento ser bom em poucas áreas, dentro do meu limite, dentro da minha capacidade de me manter atualizado. Tenho meu sentimento interno de que podia ser melhor, mas, ao mesmo tempo, tento ser menos utilitarista (não no sentido geral, mas no sentido de buscar continuamente algo profissional p minhas atividades - não valorizando tanto atividades fora deste mundo; não sei se este sentido está correto, mas foi o que veio agora rsrs)

Sendo sincera, jamais falaria isso para outra pessoa. Se alguém quer fazer algo e isso não prejudica ninguém, deveria ser incentivado. A mim, no entanto, sempre sinto que estou sabotando minha própria carreira.

Isso é bem interessante: me encaixava neste pensamento também e minha percepção é que você sabe que está correta e que precisa de atividades diferentes, mas sua visão utilitarista (e a minha também) fica te puxando pro lado profissional, desvalorizando o que não se encaixar ali

No final de tudo, acredito que queria ter controle do que ia acontecer na minha vida e queria forçar a balança p um lado. O que venho aprendendo é que sem o equilíbrio é muito difícil levar isso para o longo prazo.
Hoje mantenho meus hobbies da melhor forma que funciona pra mim:

  • Academia 4x na semana (realmente gosto de ir) e me ajuda na saúde física e mental -> uma das coisas que percebi é que gosto de fazer meu treino com calma, sem pressão pra finalizar logo
  • 2x treinos de Karate. Havia treinado quando criança e retornei no início do ano. Essa foi uma das melhores decisões
  • Tentando estudar e jogar xadrez. Tentava fazer sozinho p ser algo mais rápido, mas percebi que precisava realmente parar e me dedicar pra aprender mais. Hoje vou seguindo com livros, vídeos, Duolingo e tento participar de um grupo presencial (algo que quero melhorar daqui pra frente)
  • Edito um podcast voluntariamente para uma comunidade religiosa (tenho deixado este de lado, mas ainda tenho um contato mínimo)
  • Estudo inglês de forma geral. Não tenho foco em ter emprego fora do país, mas me sinto atrasado neste ponto e tenho um desejo de melhorar (não foco em inglês técnico e tenho uma certa vontade de aprender idiomas - inclusive Japonês está na minha lista também)
  • Não consumo nenhum tipo de material técnico fora do horário de trabalho e nem faço projetos paralelos (foi difícil pra mim, mas decidi fazer uma pausa e nunca retomei. se vc consegue se desligar do trabalho, se diverte fazendo projetos, estudando, te admiro. pra mim, não deu certo)

Só pra finalizar: pra mim o que fez a diferença foi (1) perceber que você pode desequilibrar a balança por um tempo, mas existem conseguências. Cabe a cada um decidir até qual ponto consegue suportar; (2) você é maior do que seu trabalho, é maior do que sua vida profissional, por isso você precisa dedicar tempo p outras coisas também

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Agradeço pela atenção dada ao texto, inclusive pela atenção nas citações. A vida que vivo hoje em dia se parece, por muito, aos relatos que você deu.

No meu segundo momento, comecei a acumular muita coisa pra fazer (e eu queria sempre mais), tentando dar conta de tudo, abrindo mão de qualquer equilibrio necessário. Sabia que era muita coisa, mas sinceramente acreditava que podia fazer, só precisa organizar e seguir o planejado, mas logicamente não podia. Entrei no caminho do burnout, fui forçado a parar, meu corpo e mente estavam caminhando p limite e claro que o cansaço bateu forte.

Nesse exato momento, venho mexendo com arduino, esp e microcontroladores, ainda que estejam completamente fora de minha área de interesse. Um professor veio até mim com uma ideia e senti, do fundo do meu coração, que estaria recusando uma ótima adição ao meu currículo. Infelizmente, confirmei o que eu já esperava: meu interesse por essa área provavelmente se equivale ao meu interesse por malacologia e tem sido um absoluto tédio lidar com isso, principalmente considerando os prazos de entrega e as oportunidades em minha área que acabei perdendo por assumir essa responsabilidade. Como preciso também estudar para meu interesse, o acúmulo de estresse tem sido bem desgastante -- principalmente porque não foi apenas essa tarefa com microcontroladores que acabei assumindo, achando ser algo bom de se ter no currículo.

Dado seu relato e a minha obrigatoriedade em entregar nos demais prazos, vou parar de acumular tanta coisa e focar em fazer direito o que está ao meu redor agora, a fim de evitar me sobrecarregar demais.

No final das contas, acho que eu via muita muita história de superação, motivação, etc e queria trazer 100% daquilo pra minha vida, sem entender que existia um preço a ser pago e/ou talvez nem tudo fosse verdade. Mas o que sentia, de verdade, é que eu podia ser melhor e me sentia atrasado.

Sim, há um preço. Novamente: agradeço por lembrar-me disso. Pensava que o preço de ficar atrasada em relação aos demais era algo que eu não gostaria de pagar, mas tenho notado que, em compensação, virei filha, namorada e até amiga pior, pelo menos nesse período. Preciso rever algumas coisas e dar atenção a outras áreas da minha vida que eu, de fato, também deveria dar atenção.

Por fim, deixo o que tiro de seu relato: preciso reconhecer meus limites antes de querer brincar com eles. Vou tirar um tempo pra pensar sobre, investir em algum hobby, conversar com as pessoas ao meu redor e decidir se eu deveria, mesmo, desequilibrar essa balança por ora.

Agradecida (já na terceira vez nesse texto) pelas palavras de sabedoria. Saibas que fez, de fato, a diferença no momento certo.

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Fico feliz por poder te ajudar um pouco por aqui!

No final das contas, acho que passamos por isso várias vezes ao longo da vida e temos que ter um pouco de paciência para tomar algumas decisões

Caso queira conversar mais, fica a vontade para me chamar no discord: @marco_machado