A síndrome da extrema produtividade
Antes de qualquer outra coisa: esse texto foi inteiramente feito por mãos humanas. Como é algo pessoal, acho justo ressaltar isso. Os travessões fazem parte dos meus maneirismos de escrita, talvez adquiridos depois de usar tanto o chat para responder minhas dúvidas -- que ferramenta incrível, aliás.
A síndrome da extrema produtividade
Explicando o termo do título: vocês sentem que precisam, a todo momento, serem produtivos? É exatamente como me sinto agora. Dando um exemplo claro: esses tempos, em uma das visitas a biblioteca de minha faculdade, achei um livro sobre filosofia. Ler ele, naquele momento, não me faria nenhum mal, havia adiantado as atividades daquele dia. Além disso, sempre fui interessada nesse tipo de assunto e fiquei feliz pelo livro se propor a explicar o tema de uma forma que me parecia acessível -- aos curiosos, o livro era *Filosofia para corajosos: Pense com a própria cabeça *, de Luiz Felipe Pondé
No entanto, na mesma hora que em que quis ir além do sumário daquele livro, imediatamente pensei: "Nesse mesmo momento, alguém deve estar ficando ainda mais competente na minha área e eu certamente não sou boa o suficiente para me dar esse luxo". Para a tal síndrome da extrema produtividade, atribuo esse tipo de atitude. Sempre acho que preciso estar fazendo algo em prol do meu trabalho, também porque não me sinto competente o suficiente. Mais exemplos:
- Ao invés de assistir um vídeo sobre algum de meus outros interesses, sinto a obrigaçào de ver coisas sobre programação, sempre.
- Mexer com c++? Parece legal, mas as vagas pedem next, prisma, nest e variados.
- Aprender japonês? Você sabe que, além do inglês, uma lingua europeia seria muito mais útil para sua area
Sendo sincera, jamais falaria isso para outra pessoa. Se alguém quer fazer algo e isso não prejudica ninguém, deveria ser incentivado. A mim, no entanto, sempre sinto que estou sabotando minha própria carreira.
Faço esse post porque, de alguma forma, imagino que outras pessoas podem passar pela mesma "síndrome" que eu.
Meu motivo
Importante ressaltar a parte do "meu" nesse título. Se você passa por isso, pode ser por algo completamente diferente. Para mim, programação é como qualquer outro emprego normal: faz sentido que se estude durante anos para conseguir a primeira vaga. Estou conformada com isso, não espero nenhum milagre, mas é exatamente por estar nesses anos iniciais que imagino não poder ter o "luxo" de deixar essa área em segundo plano por algum momento. Há certamente alguém buscando a primeira vaga mais competente e preparado do que eu -- e com o avanço das i.as e demais tecnologias, eu deveria me apressar tanto quanto possível.
De certa forma, fico confusa: não sei se é uma escolha sensata a se fazer, se é uma consequência natural do início de uma vida adulta responsável ou se estou com algum pensamento que me sabotará em algum momento.
E vocês?
- Têm algum hobby ativo?
- Enfrentaram isso em algum momento? Em que parte da carreira?
- Como lidaram com isso?