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Jogamos R$ 15.000 no lixo

O que aprendemos sobre delegar

Dois zeros a mais. Foi só isso que separou R$ 300 de R$ 30.000 numa configuração de campanha. Resultado? R$ 15.000 de prejuízo.

Erro de atenção? O que descobrimos depois foi muito pior, e explica por que tantos empreendedores trabalham cada vez mais e lucram cada vez menos. Na edição de hoje da Newsletter do Moa, eu revelo o erro silencioso que mantém a maioria dos empreendedores estagnados.

Problema na automação?

Nós temos uma automação que roda todo dia às 8h da manhã. Ela é bem simples: soma o valor total investido em mídia no dia anterior, e envia no canal da área de receita, no Discord. Ela serve para dar visibilidade sobre o quanto estamos gastando em Google Ads e Meta Ads.

Na terça-feira da semana passada, a automação apresentou uma anomalia: R$ 15.000 gastos a mais, acima do planejado. Na hora, o Júnior, nosso head comercial, respondeu “ixi, acho que a automação deu problema”. Não, ela não tinha dado problema.

Uma hora depois, o nosso gestor de tráfego me manda uma mensagem: “Moa, tem 5 minutinhos?”. Entramos numa call e ele disse “Eu fiz a segunda pior cagada da minha vida profissional”. No momento de alterar o orçamento de uma campanha, R$ 300 viraram R$ 30.000. Um erro de atenção.

Erro de atenção?

Muita coisa está acontecendo nas últimas semanas aqui no Tintim. Além da execução diária para buscar nossa meta, que, por si só, já é bem desafiadora, ainda temos a preparação para o patrocínio de três eventos presenciais (um internacional) e para uma campanha de Black Friday.

São muitos pratos para serem equilibrados. Infelizmente, o prato do “cuidado” acabou caindo. Num trabalho intelectual, a constante troca de contexto prejudica a capacidade de concentração. É assim que acontecem os deslizes. Mas, será que o erro foi mesmo falta de atenção?

Realmente, o volume de trabalho está bem maior. Em menos de um ano, nosso MRR cresceu quase 2,5x. Esse crescimento não veio do nada. Veio de uma meta muito bem estabelecida e uma forte execução, e o time de performance faz parte da linha de frente.

Nós já sabíamos que era insustentável segurar por muito tempo esse ritmo de execução com o nosso time reduzido. Para antecipar esse problema, inclusive, abrimos uma vaga para gestor de tráfego justamente para trazer mais pessoas para o time.

E é aí que aconteceu o verdadeiro erro…

O verdadeiro erro

Essa vaga foi decidida há quase dois meses. Nosso coordenador disse que queria uma pessoa para ajudar na parte operacional, para que ele focasse mais em análise. Concordei, e resolvemos abrir a vaga.

Na época, eu sugeri que usássemos um recrutador profissional para nos auxiliar na contratação. O nosso próprio coordenador foi contratado através de um serviço desses, e foi um baita acerto. Inclusive, esse talvez tenha sido o maior hack de gestão que eu descobri durante a nossa trajetória do Tintim: o investimento num recrutador é irrisório, frente à capacidade de alavancagem que uma boa contratação traz.

Voltando à história, o coordenador recusou a sugestão. Disse que era uma vaga simples, que ele mesmo conseguia tocar o processo. Dois meses se passaram e mal fizemos duas entrevistas. A urgência das tarefas do dia a dia sempre acaba jogando para o fim da fila essas tarefas menos urgentes, mas, com certeza, mais importantes no médio/longo prazo.

Selecionar, entrevistar, contratar e treinar são tarefas que possuem um custo: tempo. Pior, é um esforço que será gasto hoje, mas, que, caso tudo dê certo, só veremos o resultado daqui a 3 ou 6 meses.

Imagine… você acha que uma pessoa atolada em tarefas operacionais e do dia a dia, que PRECISAM ser feitas, vai parar pra fazer alguma coisa que não vai dar resultado imediato? Nosso ímpeto, como ser humano, é postergar esse tipo de tarefa (por isso que a disciplina e a constância são grandes diferenciais).

E, é bom dizer que agir dessa forma não é necessariamente um erro. Tempo é um recurso limitado, que precisa ser empregado de forma sábia. Se o presente demanda 100% da atenção, falta tempo para investir no futuro.

Mas… não tem problema não ter tempo. Dá pra resolver esse problema de outro jeito.

Empreendedor é um bicho controlador

O que nos trouxe até aqui é, sem dúvidas nenhuma, nossa capacidade de execução. O Tintim foi do zero à R$ 200k de MRR com 10 pessoas no time. Foi um ano e meio de mangas arregaçadas e muito suor.

Acontece que o que nos trouxe até aqui não é o que vai fazer a gente chegar ao próximo nível. Nós, como empreendedores, temos que largar o osso e nos tornarmos empresários. O papel do empresário não é colocar a mão na massa, mas, sim, garantir e alocar recursos.

Se não tem o recurso tempo pra parar e contratar uma nova pessoa, devemos usar o recurso dinheiro para comprar o tempo de outra pessoa, para que ela faça esse trabalho por nós. Esse foi o nosso erro: não executar a contratação porque não tínhamos tempo, sendo que tínhamos dinheiro.

No final, acabamos perdendo tempo e dinheiro. Se liga na matemática básica:

  • Nós perdemos aproximadamente R$ 15k com o erro de atenção nas campanhas.
  • Um recrutador profissional geralmente cobra o primeiro salário do contratado como remuneração.
  • Nosso erro custou, pelo menos, o dobro do que gastaríamos com o recrutador.
  • Agora, R$ 15k mais pobres, vamos contratar o recrutador e gastar também esse valor.

“Mas, Moacir, quem garante que o erro não aconteceria mesmo assim?”. Meu ponto não é esse. Pode ser que sim, pode ser que não. É possível ter bons resultados fazendo a coisa errada. Sorte é uma variável relevante da equação. Mas você quer ficar dependendo da sorte?

Meu ponto é consolidar um dos fundamentos mais importantes para quem deseja deixar de ser empreendedor e se tornar empresário: o recurso tempo é MUITO mais valioso que o recurso dinheiro. Sempre, sempre, sempre que tiver a chance, troque dinheiro por tempo.


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Concordo muitoooo com a diferença de importância entre Tempo e Dinheiro. Nossa, como concordo!

A base para eu começar a investir com 16 anos, guardando um tico todo mês de sei lá onde eu recebesse, foi que pra ter Tempo no futuro, preciso comprá-lo agora. E os juros compostos são lindos.
A lógica de menos é mais também se aplica aqui.

Obrigado por compartilhar tua experiência! Aprendi muito aqui!

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O erro não custou R$ 15k. Custou 2 meses.

Os 15 mil são uma distração; um imposto que vocês pagaram pela lentidão. O custo real foi o custo de oportunidade de não ter um novo gestor de tráfego produzindo por 60 dias. Quanto MRR vocês deixaram na mesa nesse período? Provavelmente muito mais que R$ 15k.

O erro não foi do coordenador. O erro foi seu.

Você sabia a solução (contratar um recrutador, que já tinha funcionado) e permitiu que um funcionário sobrecarregado vetasse a alavancagem. O "não" dele não foi uma decisão estratégica; foi um sintoma de que ele estava se afogando.

A lição não é 'troque dinheiro por tempo'. Isso é óbvio. A lição é: como fundador, seu trabalho é impor os sistemas que desbloqueiam o crescimento, não pedir permissão para implementá-los.

Vocês identificaram o gargalo 60 dias atrás. Por que ele não foi resolvido em 48 horas? Por que a vaga não foi para o recrutador no exato momento em que o coordenador disse 'eu faço' e não apresentou um plano de 1 semana para fechar isso?

Parem de otimizar centavos (a taxa do recrutador) e comecem a otimizar semanas (o tempo para colocar o novo funcionário em produção).

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Discordo.

Não dar oportunidade de um colaborador decidir impede a formação de lideranças.

Vc não pode centralizar decisões. Se fizer isso vai se afundar no operacional e no micro gerenciamento.

O papel como líder, após o incidente, é convidar o liderado a criar um processo (pop) que resolva essa questão. E participar da formulação desse pop.

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Entendo seu ponto sobre 'formar lideranças', é um princípio de gestão super válido.
No entanto, acredito que o debate aqui é outro: Alocação de Recursos (Alavancagem) vs. Microgerenciamento.

Meu comentário foi focado no primeiro. O coordenador estava 'atolado', como o próprio Moacir descreveu. Dar a ele uma tarefa crítica (recrutar) sem o recurso tempo não é uma 'oportunidade de liderança', na prática, foi uma armadilha que gerou sobrecarga.

O que ele precisava era de alavancagem (o recrutador) para que pudesse focar na parte estratégica do trabalho dele.
A falha de liderança, nesse contexto de escala, não foi 'centralizar'.

Foi não ter sido proativo e não ter alocado os recursos (dinheiro) para remover um gargalo óbvio 60 dias antes

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Véi, esse relato é massa.
Me fez pensar numa coisa: quando um marujo vê o barco pegando fogo, ele não tenta apagar sozinho, ele corre, puxa o capitão pela manga e mostra as chamas. Porque no meio do caos, quem está no comando precisa enxergar o problema antes que o navio inteiro vire cinzas.

Delegar é isso. É ter marujos atentos e capitães dispostos a ouvir.
O problema não é o fogo, é quando ninguém o vê a tempo.