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Seu GitHub é um cemitério? Seja honesto.

Eu vou fazer uma pergunta, mas vocês sejam honestos. Quantos projetos vocês começaram... e quantos você terminou? Deixa ai nos comentários pra gente saber.

Eu tenho 102 repósitorios e 2 ideias no ar.

Se a minha estatística pessoal te assustou, ou pior, se você se identificou com ela, bem-vindo ao clube. O clube dos desenvolvedores cujos GitHubs se parecem mais com cemitérios de ideias do que com portfólios.

Conhecemos o ritual de cor: a empolgação da meia-noite, o brilho da ideia que vai revolucionar tudo, o git init cheio de esperança. As primeiras semanas são um borrão de produtividade, um fluxo de código que parece música. Construímos a base, a autenticação, talvez até o CRUD principal. E então... acontece.

Um bug mais cabeludo. Uma decisão de arquitetura que nos paralisa. Ou, o que é mais comum, uma nova ideia, ainda mais brilhante e "perfeita" que a anterior, sussurra no nosso ouvido. E nós, viciados na dopamina do começo, abandonamos o projeto atual no meio da estrada e partimos para a próxima aventura.

Deixamos para trás uma pasta empoeirada, uma promessa quebrada a nós mesmos.

A Tirania da Perfeição

Mas por que fazemos isso? A resposta é dolorosamente simples: somos reféns da tirania da perfeição.

A gente olha para o nosso projeto e pensa: "Essa arquitetura não é escalável o suficiente", "Esse código não está limpo como o do Uncle Bob", "E se a ideia não for boa o bastante?". O medo de que o resultado final não seja uma obra-prima nos congela.

A indústria de tecnologia alimenta esse monstro. A cada semana surge um novo framework, uma nova arquitetura, uma nova "forma certa" de fazer as coisas. A sensação de que tudo que sabemos já está depreciado é constante. Comecei em 2018 com Python para entender como um site funcionava, só para descobrir que o caminho era HTML e CSS, que na verdade já era Handlebars, que na verdade já era React... É uma corrida sem linha de chegada.

E nessa corrida, a gente esquece o essencial: o conhecimento nunca é depreciado, o que se deprecia é a inércia. Cada um desses "caminhos errados" me deu uma base, uma fundação que ferramenta nenhuma substitui.

Finalizar é um Músculo

É aqui que a virada de chave acontece. Precisamos entender que finalizar é um músculo. E, como todo músculo, ele só se desenvolve com treino.

Você não fica mais forte lendo sobre levantamento de peso. Você fica mais forte indo para a academia e levantando o peso, mesmo que comece com a barra vazia. Finalizar um projeto "meia-boca" é o seu treino com a barra vazia. É infinitamente mais valioso do que ter 100 projetos "geniais" que morrem com 30% de progresso.

Depois que você aprende a finalizar um, já está a meio caminho andado para finalizar o próximo. O ato de levar uma ideia, com todos os seus defeitos e gambiarras, até o deploy, te ensina mais sobre resiliência, gerenciamento e sobre você mesmo do que qualquer tutorial.

Acreditem: errar mais faz com que erremos menos.

Pelo Amor de Deus, Arrisca.

Então, eu te imploro. Se você aí tem 22 anos como eu, ou menos, ou até mais, faça um cálculo rápido. Se você passar os próximos 10 anos errando, terminando projetos que dão errado, que ninguém usa... você ainda vai ser jovem pra caramba, mas com uma década de experiência em levar coisas até o fim.

O mercado não está desesperado pelas suas 30 ideias inacabadas. Ele está desesperado pela sua capacidade de pegar UMA ideia e transformá-la em realidade.

Então, pare de ler este artigo. Abra seu GitHub agora. Olhe para aquele cemitério de promessas. Escolha um projeto. O mais simples, o que te dá menos medo. Ressuscite ele. E o leve até a linha de chegada.

Termine. O resto vem depois.

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Seu post deveria ser obrigatório para todo iniciante na área. Você conseguiu descrever perfeitamente minha situação. Tenho um "projeto" que a ideia é (ou era), basicamente, fazer um CRUD, mas ele está lá parado, após eu finalizar o C (Create), há uns 6 meses. Não lembro exatamente o porquê eu larguei o projeto, mas estava tentando ser perfeccionista – sim, num simples CRUD. Aí acabei o largando, tendo apenas 25% dele concluído. Bom, irei terminar o CRUD do jeito que der e, se der vontade, vou melhorando com o tempo.

Muito obrigado pelo incentivo!

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Tem que trabalhar a mente e focar nos objetivos, sem bucar a perfeição, lançe seu prejeto independente de bugs ou beleza. As melhores ideias e as empresas que deram certo, provavelmente lançaram para o publico, ganharam acesso e foram melhorando conforme demanda. O mais importante é acreditar na ideia.

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Realmente acreditar na ideia é essencial até mesmo pra ter motivação em continuar, não adianta querer fazer algo so por que outro fez também

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Em 2001 eu resolvia problemas da firma onde eu trabalhava escrevendo macros em VBA para Excel 97.

Usava design patterns, clean code, TDD, testes, etc.? Eu nem sabia o que era isso — eram tempos diferentes e alguns destes temas nem existiam formalmente.

Eu só apertava o F1 para o help do VB, gravava macros e por ali ia aprendendo como as coisas funcionavam. Meu computador nem era conectado, o único acesso ao mundo externo era pelo drive de disquete.

Era a pura felicidade... eu imaginando e tornando aquilo realidade! Eu me transportava pra outro mundo!

No final das contas, resolver o problema é o que faz a diferença.

A inércia da solução perfeita que nunca é entregue é uma pegadinha que precisamos nos libertar.

Parabéns pelo post!

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Muito obrigado glauber!! O pior de tudo é que hoje em dia quanto mais as coisas são automatizadas mais perdemos esse brilho que você mencionou

"Era a pura felicidade... eu imaginando e tornando aquilo realidade! Eu me transportava pra outro mundo!"

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Às vezes a gente precisa abrir espaço para o novo.
Essa cena apresenta esse conceito de forma bem didática:
https://www.youtube.com/watch?v=Cn3xZa0htsQ

"esvaziar a xícara para permitir novos aprendizados. Xícaras cheias ou muito conhecimento, não dão espaço para o aprendizado. Para aprender coisas novas ou para inovar, precisamos nos livrar de pensamentos e conhecimentos antigos, esvaziar a xícara"

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Ótima analogia!

Como o vídeo demonstra, a ideia de esvaziar a xícara para abrir espaço para novos aprendizados é muito clara quando o personagem tenta colocar mais líquido em uma xícara já cheia.

Porém precisamos primeiro ter algo na xícara para que haja o que esvaziar, ou reconhecer que há espaço para preencher se ela estiver pela metade. Novas ideias são excelentes, especialmente quando concluídas. O fluxo de novas ideias e conceitos é constante, e sempre haverá algo novo para aprender ou inovar.

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Achei o post muito bom, principalmente a parte do "finalizar é um músculo", mas acho que vale lembrar que nem todo repositorio precisa ser exatamente um projeto "terminado", tem muito repo que é só pra estudo, experimentos, guardar algo util ou testar uma ideia rápida, nem tudo no github é pra virar produto ou portfólio, às vezes é só parte do processo de aprendizado, e isso também tem muito valor, eu mesmo duvido que esses seus 100 repositorios restantes são "projetos inacabados" aposto que boa parte é teste ou snippet, o github não é necessariamete portfolio, muitos nem usa github pra valor de mercado, e sim para projetos pessoais, hobbies ou ideias aleatorias, nem tudo precisa ter valor de mercado pra ter valor de verdade.

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Super válido seu post. É muito fácil abandonar projetos e partir pra algo novo, porque teve alguma ideia ou simplesmente esbarrou em alguma dificuldade, e no fim só terá experiência em abandonar algo na dificuldade.

Já meu GitHub parece mais um museu, muita coisa antiga, porém finalizadas ou em andamento (ainda que simples).

Maioria dos perfis que olho que tem muitos repositórios vejo que 99% dos repositórios são "aulas" de cursos de "imersão" que pessoal saí criando repositório e esquecem largados sem ter um futuro, ou forks abandonados.

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Bom post, eu só gostarria de adicionar uma coisa. Você tem que entender por que você está iniciando o projeto. Se o seu objetivo for criar algo, fazer algo útil, então concordo 100% com seu post, que você deve chegar até o final do projeto. O que percebi é que muitos projetos que eu começo são ideias/desafios que eu coloco em mim mesmo, que quando eu resolvo elas eu me sinto satisfeito, pois meu objetivo era aprender algo, ou ver se eu era capaz, e os ultimos 20-30% que falta não são mais desafiadores pra mim. Antes, isso me incomodava, eu sentia que eu nunca finalizava nada, mas hoje eu vejo que eu tive o aprendizado que eu queria com eles, então eu os considero completos, já que meu objetivo nunca foi terminá-los e sim aprender com eles

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A perfeição é a barreira invisível que impede vai empresas de crescerem, já trabalhei com dois tipos de clientes, o que se autosabota na busca da perfeição e o que quer as coisas perfeitas,mas põe em produção. O primeiro,enquanto estava livre de bugs não ia pra produção, portanto que se teve uma ou 2 tarefas que foram,foi por insistência minha, pq o sistema tinha bug muito antigo. Temos que resolver o problema e depois buscamos a perfeição

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Se você falar para um indiano que a "ajuda chegou aos 46 do segundo tempo" pode ser que ele não entenda a analogia com a duração da partida de futebol.
Porque é outra cultura, são outros costumes e outras tradições.
Lá eles não são monoteístas.
Da mesma maneira, em um primeiro contato, as pessoas daqui podem não entender o valor da divinidade Shiva que os indianos veneram.

O sentimento que a situação que você enquadrou gera é mais 'familiar' na cultura deles.

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Já passei por algo parecido, na maioria das vezes sempre entrava alguma prioridade que travava meus projetos e eles ficam lá pegando poeira kkkk, fiz uma limpa no meu github pois tinha muita coisa que não fazia mais sentido mas quando estava focado nos meus projetos eu mesmo ficava me cobrando para continuar e ainda tinha outros projetos em paralelo e nisso me acumulava uma certa ansiedade por ter que finalizar vários projetinhos ao mesmo tempo, isso gera estresse então é melhor ter um projeto em andamento do que vários pausados, é o que estou fazendo no momento.