Executando verificação de segurança...
5

A cloud é realmente uma "nuvem"?

Você já refletiu sobre onde realmente está a nuvem?

Costumamos imaginá-la como algo abstrato, imaterial, distante. Mas a verdade é que a
nuvem é absolutamente concreta. E está mais próxima, e mais vulnerável, do que
parece.

Visitei recentemente um dos maiores data centers da América Latina, localizado em São Paulo. À
primeira vista, trata-se apenas de mais um entre tantos galpões industriais na região de
Alphaville. Nenhuma sinalização externa denuncia o que realmente acontece ali dentro.
Poucos sequer conhecem a existência dessa empresa, e nenhum funcionário pode ser
exposto publicamente. No entanto, basta cruzar poucos centímetros de aço, múltiplas
barreiras e níveis de segurança para entender: trata-se de uma estrutura de interesse
estratégico nacional.

Em caso de qualquer ameaça ao território brasileiro, esse local é um dos primeiros pontos a
receber proteção imediata do Exército. E há uma razão clara para isso: ali estão os
sistemas e conexões que sustentam a economia digital do país.

A estrutura consome a mesma quantidade de energia que toda a cidade de Belo Horizonte.
Por ela trafega a maior quantidade de dados da internet em todo o planeta. São 152
operadoras conectadas fisicamente. Empresas como Google, Meta, X, Vivo, Claro, Tim,
além de instituições financeiras como Bradesco, Itaú e Nubank, mantêm presença direta
nesse ecossistema. Seu banco pode ser digital, mas mesmo sem agência física, ele possui
um espaço físico na chamada "nuvem".

Do ponto de vista técnico, o planejamento é milimétrico. O data center está posicionado
abaixo de uma linha de transmissão de energia dedicada, projetada estrategicamente para
garantir o fornecimento mesmo em situações de apagão generalizado. Ao redor, um
perímetro de dois quilômetros é monitorado ininterruptamente para identificar e neutralizar
qualquer movimentação suspeita antes que se aproxime da estrutura.

É também a partir desse local que partem cabos submarinos com destino à Europa. Se
você já contratou um serviço internacional, é provável que ele tenha sido viabilizado por
meio deste data center, que tornou possível a sua comunicação com o exterior, só que
tudo em milissegundos. E foi em Fortaleza que chegou o primeiro cabo transatlântico de
comunicação do país. Hoje, dois terços do PIB da América Latina circulam, digitalmente, por
essa mesma infraestrutura.

São 144 pares de fibra óptica que garantem a menor latência da América Latina. Estima-se
que 80% da população brasileira esteja conectada, direta ou indiretamente, por esse
ecossistema.

Há gabinetes com apenas um metro quadrado cujo valor ultrapassa nove milhões de reais.

Apenas um fio que conecta o data center ao Banco Central, em Brasília, uma linha de comunicação que autoriza e valida todas as transações financeiras do país.

É inevitável a reflexão: diante dessa realidade, seria exagero afirmar que nossa vida está,
literalmente, por um fio?

Hoje, essa frase fez total sentido para o Yuri. E, se você parar para pensar, vivemos
conectados por cabos. E se alguém, ainda que hipoteticamente, tropeçasse em um
deles, o mundo moderno pararia.

Se esse sistema falhar, a economia global entra em colapso, a nuvem não é etérea, ela é
feita de aço, concreto, energia, vigilância e estratégia, e ela está aqui, materializada,
silenciosa e absolutamente indispensável.

Carregando publicação patrocinada...
2

Meus 2 cents,

Esta regiao (alphaville/barueri/tambore/Santana de Parnaiba) eh "rica" em data centers - eh conhecido como "o hub".

Tem da Equinix, Scala, Ascenty, B3 - entre varios outros (dos mais variados portes e estruturas).

Quem tiver a oportunidade de visitar um - eh muito interessante, em especial a seguranca destes locais.

Um adendo: a nuvem, no final das contas - eh apenas o computador de outra pessoa.

1

Visitei um dos que você citou. Recomendo para qualquer pessoa que tiver essa oportunidade, saí de lá com uma visão completamente diferente sobre o que é tecnologia

1

Legal seu post.

Mostra de uma maneira mais clara do que é as coisas por trás dos panos. Muitas pessoas, claro q a maioria leiga no assunto de computação, não tem nem idéia de como é a internet. Elas não conseguem ainda enxergar q são estruturas com um monte de máquinas dentro dela onde processa e armazena os dados, e tbm nem imagina como é a estrutura de cabos e roteamento para as informações sair lá da "nuvem" e chegar até a casa dela.
Mas claro q não estou criticando essas pessoas por não conhecerem, pois elas não sabem pq nunca chegaram a pesquisar sobre o assunto e tbm pq nós meio q facilitamos e simplificamos todo esse sistemas utilizando palavras abstratas para melhor compreensão. Porém, para nós q lidamos com tecnologia, é meio q uma obrigação saber da existência e se possível conhecer mais como é essa infra.

Agora sobre a parte de "guerra", hj os dados é um ativo bem valioso. Só pensar q é bem provável q é mais prioritário proteger um datacenter do q um estoque de alimentos, afinal dados é quase irrecuperável se não houver bons armazenamentos (como backups), diferente de alimentos q ainda é fácil replicar (msm q demore um pouco pra recuperar).

1
1
1

Meus 2 cents extendidos,

Quando a operacao eh "missao critica" (24/7 e SLA de muitos 9s), uma das condicoes de contratacao eh a redundancia em locais fisicos distintos para evitar problemas em caso de sinistro (incendio, alagamento, roubo, quebra de conectividade, falta de luz, etc).

Confesso que este tipo de contrato eh um pesadelo - o cliente exige "nao posso parar", mas ao mesmo tempo demanda "o menor custo possivel".

Explicando um pouco:

missao critica: sistemas que nao param, operando continuamente

24/7: vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, indicando clientes cuja operacao eh continua e nao para (p.ex. bancos)

SLA: "Service Level Agreement" ou "Acordo de Nivel de Servico": indica a expectativa de qualidade do servico contratado (p.ex. tempo para iniciar/finalizar um atendimento ou suporte). Quando usado um numero percentual junto (p.ex. 99%) indica a expectativa de tempo no ar de um sistema, sem paradas.

90% - A expectativa eh de no maximo 72 horas fora do ar por mes
99% - A expectativa eh de no maximo 7,2 horas fora do ar por mes
99.9% - A expectativa eh de no maximo 43,8 minutos fora do ar por mes
99.99% - A expectativa eh de no maximo 4,32 minutos fora do ar por mes
99.999% - A expectativa eh de no maximo 25,9 SEGUNDOS fora do ar por mes
99.9999% - A expectativa eh de no maximo 2,59 SEGUNDOS fora do ar por mes
99.99999% - A expectativa eh de no maximo 0,259 SEGUNDOS fora do ar por mes

A gente costumava brincar que para cada 9 que o cliente exige - dobra o milhao que ele precisa desembolsar (na verdade eh ate mais hoje em dia - piada velha)

Eu diria que 90% eh o bastante para a maior parte das operacoes - colocar mais um nove (99%) ja fica caro (e muitas vezes inviavel financeiramente) - porque nao eh apenas a infra fisica, tem todo o aparato de suporte, redundancia, inteligencia tecnica, escalabilidade, etc.

1
1

Mais alguns cents (de grao em grao...)

Pelo outro post do teu SaaS - da para entender que voce deve estar precisando de SLA para atender a demanda (SLA da gringa para projetos fintech no Brasil eh bastante arriscado - noves fora algumas questoes sobre LGPD).

Chutando um pouco ate diria que eh por isso que voce visitou o DC (provavelmente da Equinix - e nao precisa confirmar), visando em investir/migrar na infra (AWS funciona ate certo ponto, dependendo da demanda comeca a ficar caro).

1

Na verdade eu fui no DC visitar a infra de um banco que esta ligado direto no BC, no final validando +30 mil pixs por dia a gente entende que redudancia é algo "basico" e acima de tudo, sou um eterno aprendiz, então fui entender como tudo funcionava, vendas b2b para grandes empresas é relacionamento, é bom vender para o pequeno mas é caro ao mesmo tempo, melhor ter 5 clientes que rodem 10 mil pixs por dia do que 2k de cliente que rodem 5. E parece mentira, falei mal, mas agora com infra de pagamentos vamos começar por baixo apresentando a solução de infra de pagamentos, mas no back toda minha jornada vai ser vendas para os grandes.

1

Mais alguns cents

Esta questao de poucos clientes grandes (atacado) vs muitos clientes pequenos (varejo) eh um dilema para qualquer empresa.

Na pratica, focar em cliente de maior valor agregado (geralmente atacado) da o melhor resultado - mas voce fica na mao deles em caso de oscilacao de mercado.

Mas tem a vantagem de escalar melhor - p.ex., se hospedar direto no DC onde o teu maior cliente tenha um no de conexao, a latencia cai bastante.

Ja na clientela pulverizada te da mais opcoes e voce nao fica tao preso - em compensacao tem de escalar e a forca de vendas acaba custando um bocado, alem da questao de suporte pos-vendas.

1

Exatamente, por isso que a gente pulveriza aqui a nossa carteira, atendemos desde grupos com 39 lojas a pequenos fracionados, que se o grande der o churn o pequeno (no ICP ideal nosso) continua na nossa base e nao balança tanto a estrutura, é inevital, so tem churn quem tem cliente! Mas quem quer crescer "saudavel" é bom diversificar a carteira para nao depender só de um grande que a qualquer momento quebrar tua operação se ele sair.