Do Auge ao Esgotamento Total: Minha Queda Abrupta e o Alerta Sobre o Burnout que Ninguém Deveria Ignorar
Nos últimos cinco anos, impulsionado pelo "boom" da pandemia na área de tecnologia, construí o que considerava uma pequena fortuna. Engatei um freelance atrás do outro, com valores de hora cada vez mais altos, e conquistei posições em empresas cada vez maiores. Mal completava seis ou doze meses em um lugar antes de receber uma nova proposta, frequentemente pelo dobro do salário ou mais. Era uma maratona de trabalho, ganhos expressivos e uma produtividade que, na minha perspectiva, atingia resultados estratosféricos.
O problema? Eu não desligava. Mesmo fora do expediente, minha mente permanecia imersa no trabalho, maquinando como subir mais, conquistar mais, ser ainda melhor. Foram cinco anos nesse ritmo frenético, alimentado pela ansiedade de acumular mais compromissos e atender a exigências crescentes. Essa velocidade vertiginosa me cobrou um preço altíssimo: a transição de "acima da média" para "abaixo da média" foi brutalmente rápida.
Minha performance começou a desabar. Perdi a capacidade de acompanhar o ritmo frenético que antes me era natural. Busquei terapia e o diagnóstico veio como um soco: burnout. Seis meses depois, o golpe final: fui demitido pela primeira vez na vida. Caí do auge diretamente para o fundo do poço. A sensação de ser "abaixo da média" era esmagadora. Tudo se tornou extremamente difícil. Até mesmo jogar videogame, uma paixão antiga, perdeu o brilho – não consigo mais. Já são quatro meses (e contando) apenas existindo.
Felizmente, o patrimônio que acumulei me permite atravessar este período sem grandes preocupações financeiras, até porque o ânimo para consumir ou gastar desapareceu junto com o resto. Estou completamente esgotado. O trabalho que tanto amei hoje exige um esforço colossal para ser exercido, algo que simplesmente não tenho mais.
Estou parado há meses, tentando me recuperar, tentando resgatar quem eu era, mas por enquanto, apenas existo. Sem vontade para jogar, passear, ou mesmo cuidar da saúde como deveria – e preciso. Se reunir forças para fazer o que antes dava prazer já é uma luta, imagine para cumprir as obrigações. É assustador, incapacitante.
E fica o aviso: não se trata apenas de "descansar". Estou fazendo isso há mais de quatro meses. Ingenuamente, achei que um mês seria suficiente para voltar ao normal, ou pelo menos para redescobrir o prazer nas coisas que amava. Engano meu. O processo exige uma completa "refatoração" do seu ser, uma reconstrução interna profunda. Talvez meu caso seja um extremo, mas o alerta é universal: não subestimem o burnout.
Valorizem sua saúde mental e física. Não se trata apenas da quantidade de horas trabalhadas; trabalhar sem propósito ou sob pressão constante pode levar ao mesmo abismo. Conheço amigos que, mesmo trabalhando meio período, já cogitam abandonar a área. Nossa profissão é um campo minado para a saúde mental, talvez uma das mais promissoras para nos levar ao limite. E digo isso como alguém que sempre se considerou mentalmente forte, que jamais cogitou que tais males pudessem me afetar.
Para quem já se encontra na mesma situação que eu, infelizmente, não tenho uma solução milagrosa. Apenas reafirmo que a jornada pela frente é dolorosa e árdua. Para quem ainda não chegou a este ponto, ou está apenas começando a sentir os sinais: tenham medo disso. Tenham pavor. Não subestimem essa "lesma" sorrateira que se arrasta para dentro de nós e consome tudo. Ela é real e devastadora.